Os estivadores do Porto de Lisboa iniciam esta segunda-feira (21 de maio) 15 dias de greve ao trabalho suplementar. Em comunicado, o Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística (SEAL) explica que se trata de uma greve ao trabalho para lá do período normal, em dias úteis, e “sobre todo o trabalho em sábados, domingos e feriados”, entre as 08h00 de segunda-feira e as 08h00 de 02 de junho.
Na nota enviada às redações, o SEAL revela que o pré-aviso desta greve já tinha sido emitido no passado dia 6 de maio, mas optou por não o divulgar publicamente “porque conhecemos bem, do passado, a imagem negativa e deturpada que muitos ‘especialistas’, ao serviço de outros interesses, tentam transmitir da atividade do porto comercial, desde os lobbies da especulação imobiliária até aos adeptos do crescimento descontrolado e avassalador do turismo de massas, em prejuízo de atividades económicas e sociais tão importantes como são, incontestavelmente, os diversos terminais que constituem o milenar porto comercial, fundador da capital, desvalorizando esta atividade estratégica e a sua importância para a cidade de Lisboa, a região que a envolve e mesmo para todo o país.”
Para além disso, o Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística confessa que tinha “algum otimismo moderado” num “entendimento global” na reunião realizada na quinta-feira, “a última que seria possível realizar antes de a anunciada greve se tornar efetiva”, contudo, “para nosso espanto, chegou ao nosso conhecimento que, na véspera da reunião, o grupo Yilport tinha subido mais um degrau nas suas práticas anti-sindicais, determinando que seria averbada falta injustificada e, adicionalmente, seria impedido de retomar o trabalho nas 24 horas seguintes qualquer trabalhador, dos seus quadros ou da ‘pool’, que não comparecesse na empresa em virtude da realização de qualquer reunião de trabalhadores que as mesmas, unilateral e discricionariamente considerassem ‘ilegal’”.
O sindicato representante dos estivadores continua referindo que “os estivadores não são caixas de supermercado – profissionais que respeitamos e a quem queremos transmitir a nossa solidariedade por conseguirem trabalhar num ambiente laboral adverso onde até já o descanso no 1º de maio, dia dos trabalhadores, lhes é negado – mas não aceitam qualquer limitação aos seus direitos de reunirem com os trabalhadores seus associados, uma das nossas imagens de marca, mas aspeto essencial para discutir, deliberar e organizar a defesa coletiva de quem trabalha. Muitos outros aspetos gravosos nos dividem, mas pensamos que existe vontade coletiva das restantes empresas do porto, bem como das entidades oficiais – porque tal sentimento nos transmitiram – para ultrapassar este diferendo complexo, mas com posturas rígidas, prepotentes e simultaneamente infantis e desconhecedoras da realidade, como aquelas com que ontem todos nos deparámos, não será certamente possível alcançar qualquer entendimento.”