Na continuação do especial sobre Logística do Frio que a LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE está a publicar em exclusivo no seu website, publicamos a entrevista que fizemos ao Grupo Luís Simões, mais concretamente a Vítor Enes, Diretor Geral de Business Development da Luís Simões.
Como está a correr o ano 2016? Esta a ser um ano de crescimento de negócio, de estagnação?
A quantidade de cadeias de distribuição em Portugal e a respetiva dispersão geográfica constituem uma oportunidade para o setor de logística e transportes, que assume um papel estruturante na nossa economia. Iniciámos o ano de 2014 com a implementação de uma alternativa de transporte mais eficiente e ambientalmente mais sustentável – o gigaliner – que veio introduzir novas potencialidades para o nosso setor, na medida em que aumenta a eficiência de transporte sem aumentar o volume de tráfego, com impacto direto no aumento da eficiência e da sustentabilidade. A par desta nova solução, este ano, a Luís Simões celebrou um acordo com a Inversiones Montepino para ocupar um dos centros logísticos deste promotor no Corredor del Henares, em Cabanillas del Campo (Guadalajara). Este centro terá uma capacidade máxima de 80.000 paletes e uma área de 48.500 m², que integrará a plataforma logística Montepino SI20, com mais de 200.00 m². Na Região Norte de Portugal também ampliámos significativamente a nossa capacidade operativa por forma a dar resposta às necessidades crescentes das empresas exportadoras e do sector industrial. Em termos de evolução do volume de negócios, esperamos fechar o ano com um crescimento global na ordem dos 3%.
Prevendo já 2017, o que esperam que o novo anos vos traga em termos de negócio?
Consideramos que 2017 irá ser um ano muito promissor pois iremos começá-lo com a inauguração do novo centro logístico da Luís Simões, como referi anteriormente, uma vez que estará operacional em janeiro de 2017. Procuramos novos negócios e parceiros que reforcem o nosso posicionamento e que nos ajudem desenvolver novas soluções que acrescentem valor ao nosso cliente final. De qualquer forma, este ano 2016 está a correr muito bem também na captação de novos negócios, neste momento já garantimos um elevado número de novos contratos que nos vão permitir um crescimento significativo em 2017.
O aumento do consumo de alimentos frescos e perecíveis veio alavancar novos negócios?
O aumento do volume de vendas de produtos alimentares e de grande consumo tem vindo a ser uma tendência, tendo em conta os hábitos e os estilos de vida mais saudáveis. Esta situação traduz-se num aumento do volume de transporte destes produtos e, no Grupo Luís Simões, dispomos de 30.000 m2 de Câmaras de frio positivo para responder aos nossos clientes actuais e também aos novos que nos possam solicitar este tipo de serviços. Este dispositivo de frio e temperatura controlada permite-nos realizar operações entre os zero e os 18 graus centigrados.
E na indústria farmacêutica, tem aumentado o vosso negócio?
Também tem aumentado, ainda é um volume de negócio residual no contexto global da nossa actividade mas temos vindo a incorporar novas actividades e, mais do que apenas farmacêutico, também temos ganho alguns negócios na área dos Dispositivos Médicos. Concretamente, nos últimos dias ganhámos uma operação de Logística Integrada In house nesta área dos Dispositivos Médicos.
Quais os principais desafios que o setor da logística do frio enfrenta?
As massas criticas, tamanho médio das encomendas e a dispersão das entregas. Este tipo de Produtos não têm as massas criticas da alimentação seca e dado que são produtos pereciveis necessitam de entregas diárias em todos os pontos de entrega e em todo o país. Estas especificidades colocam uma pressão enorme sobre toda a cadeia, nomeadamente na rede de Distribuição. No Grupo Luís Simões consideramos que estamos bem preparados para dar resposta a este tipo de desafios, tal como o podem atestar as diversas certificações que já possuímos no âmbito da Segurança Alimentar, nomeadamente a ISO 22.000 – Sistema de Gestão de Segurança Alimentar e a IFS Logistics.
A nível internacional, como está o vosso negócio? Mais clientes, uma estratégia para a conquista de mercados internacionais?
A Luís Simões é uma empresa familiar cuja área de negócio está centrada em toda a Península Ibérica e não só em Portugal, sendo que o foco tem sido muito mais o mercado Espanhol, por acreditarmos que temos grande margem de crescimento. Apesar do período conturbado que afetou o nosso país nos últimos anos, a LS tem conseguido sempre adaptar-se e aproveitar as oportunidades. Vamos continuar a apostar na Península Ibérica e a crescer nos segmentos onde operamos. Paralelamente, estamos também a estudar novos segmentos numa perspetiva de diversificação, investindo cada vez mais em inovação e tecnologia e em novas soluções de transporte e armazenagem que proporcionem ao mercado soluções diferenciadoras e sustentáveis sob os pontos de vista, económico, social e ambiental. Somos uma empresa de referência a nível ibérico e vamos continuar a explorar Portugal e Espanha numa perspetiva conjunta e integrada.
Estão a especializar-se em algum tipo de serviço para os vossos clientes?
Todos os nossos clientes exigem um certo grau de especialização, mas posso dar-lhe o exemplo do e-commerce, que é um canal cada vez mais utilizado no processo de compra e é um dos motores de crescimento para o setor da distribuição, potenciando também crescimentos ao nível da logística inversa. O e-commerce está em plena expansão e tem um peso cada vez maior na logística e no aumento das vendas. E, neste momento em concreto, é fundamental que os Operadores Logísticos consigam implementar soluções que deiam resposta aos novos desafios colocados pelas exigências da Distribuição Omnicanal e no Luís Simões já estamos preparados para isso. Um dos segmentos com maior peso na nossa atividade é o setor de Fast Moving Consumer Goods (FMCG), que tem registado um aumento significativo nas plataformas online, especialmente no setor das bebidas, como o caso de gestão da plataforma online de compra da Heineken. A Luís Simões está também a alargar a sua presença na rede de distribuição oferecendo serviços a montante e a jusante. Exemplos disso são logística promocional, com serviços como o co-packing ou a gestão e implementação de eventos, a gestão de operações in-house, gerindo o processo desde a saída do produto da linha de produção até à entrega ao cliente, ou ainda o desenvolvimento de soluções colaborativas de intermodalidade com a marítima e a ferrovia.