Apesar da avaliação positiva no que toca à pontualidade, proteção das mercadorias e duração do transporte, a consulta levada a cabo pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) destaca a insatisfação generalizada com o serviço de transporte ferroviário de mercadorias, sobretudo quanto ao preço elevado e a rigidez dos horários das atividades de carga e descarga.
Esta consulta foi realizada no último trimestre de 2019, junto dos representantes dos utilizadores de serviços ferroviários de passageiros, dos utilizadores dos serviços de transporte ferroviário de mercadorias e dos utilizadores da infraestrutura ferroviária e das instalações de serviço ferroviário, pelo que os dados não refletem ainda os impactos da situação atípica relacionada com a covid-19, bem como dos novos investimentos para o setor ferroviário no âmbito do Plano Nacional de Investimentos 2030 (PNI2030), que passaram de cerca de 4 mil milhões de euros para 10,5 mil milhões de euros.
Contudo, foram apontadas medidas prioritárias a levar em conta como, por exemplo, a redução dos preços, maior flexibilidade para a realização de novas rotas, melhoria da pontualidade e fiabilidade, melhoria das infraestruturas de carga e descarga, criação de comboios multi-cliente/multi-produto, incremento da capacidade de transporte, e a melhoria na intermodalidade com o transporte rodoviário.
Já no que diz respeito à infraestrutura ferroviária e as instalações de serviço, a consulta destaca como pontos positivos as funções operacionais do gestor da infraestrutura, designadamente, a gestão da capacidade, o controlo da circulação, a gestão da segurança ferroviária, de fornecimento de energia elétrica de tração, a sinalização e telecomunicações e a interação e comunicação com o gestor da infraestrutura;
De qualquer modo, constatou-se uma insatisfação generalizada, quer com a infraestrutura ferroviária, quer com as instalações de serviço, que consideraram ter piorado nos últimos dois anos;
Foram ainda identificadas como medidas prioritárias, entre outras, a redução no número de limitações de velocidade, diminuição das restrições de horários, e a conclusão da eletrificação da rede.
Quanto a instalações de serviço, em terminais de mercadorias e nas ligações ferroviárias aos portos foram classificadas como satisfatórias.
Insatisfação também nos passageiros
Foi, também, realizada uma consulta relativa aos serviços ferroviários de transporte de passageiros. Neste particular, destaque para as matérias relacionadas “preços e aquisição de títulos” apresentaram um maior nível de satisfação, com uma evolução positiva nos últimos dois anos nos serviços urbanos e suburbanos. Pelo contrário, constatou-se um sentimento generalizado de insatisfação relativo a todos os serviços ferroviários de passageiros – sobretudo com os serviços regionais – com exceção do Alfa Pendular que registou uma avaliação satisfatória. Os atrasos e perturbações e as condições oferecidas a passageiros portadores de deficiência/mobilidade reduzida, geraram maior insatisfação, sendo que nos serviços urbanos e suburbanos, a qualidade da viagem foi considerada igualmente insatisfatória.
Relativamente a iniciativas prioritárias os utilizadores defendem maior pontualidade e frequências, modernização do material circulante, e o aumento dos lugares sentados nos comboios e nas estações;
Quanto a passageiros com mobilidade reduzida, os utilizadores defendem a melhoria de meios de acesso a estações, comboios e máquinas de venda de títulos, melhoria da informação e assistência.
Finalmente, no que toca ao transporte ferroviário de passageiros, as medidas prioritárias passam pela eletrificação e sinalização e aumento da segurança ao longo da via.