O 11° Congresso da APLOG atraiu de forma inquestionável os agentes das diferentes áreas de actividades logística, que se reuniram nas instalações do Centro de Congressos de Lisboa (antiga FIL), à Junqueira.
António Jorge Costa, presidente da APLOG declarou considerar «muito positivo o resultado do 11° Congresso, quer a nível dos conteúdos discutidos quer a nível da participação». Salientou que as expectativas da organização foram ultrapassadas, já que se previam mais de cinco centenas de profissionais e foram 530 os participantes inscritos, para além de ter sido «muito elevado o interesse manifestado pelos participantes sobre as matérias apresentadas».
Em relação às dificuldades que a crise financeira actual pode criar junto das empresas entende que «a logística terá que ser mais uma ferramenta para ajudar a actividade económica a ultrapassar as limitações impostas pela actual conjuntura financeira». E deixa uma nota para os profissionais e agentes do sector, afirmando que, para fazer face às dificuldades, «em cada unidade produtiva é necessário estudar como produzir melhor com custos mais contidos, bem como inovar nos processos e nos produtos».
Após a intervenção inicial de António Jorge Costa na cerimónia de abertura, registou-se a intervenção do Ministro das Obras Públicas Transportes e Comunicações, Mário Lino. O Ministro sublinhou a importância que o Governo atribui à existência de «um sistema logístico eficiente e articulado com o sistema de transportes», e destacou a existência do que chamou «quatro documentos fundamentais para o desenvolvimento sustentável dos transportes a médio-longo prazo». Referia-se às orientações estratégicas para os sectores logístico (Portugal Logístico), ferroviário, marítimo-portuário e aeroportuário, «apresentadas publicamente em 2006, e que assim se vieram juntar ao Plano Rodoviário Nacional aprovado em 1998».
Visão integrada do sector
O responsável ministerial considerou que «este quadro estratégico de referência é claro, global e coerente» constituindo «um instrumento dinâmico de concertação, planeamento e actuação para os vários agentes dos diferentes sectores e da Administração Pública». Em termos de instrumentos estará agora em curso a elaboração de um novo documento, integrador de todos os modos de transporte, que será denominado Plano Estratégico de Transportes, e que «culminará, assim, o esforço de planeamento estratégico que tem vindo a ser desenvolvido pelo Governo».
«Portugal, aproveitando a sua localização geográfica, deverá assumir-se como uma plataforma atlântica para os movimentos internacionais de passageiros e mercadorias, nos mercados ibérico, europeu e global», assim definiu Mário Lino o posicionamento que condiciona as orientações políticas. «Neste contexto», considerou, «a elevação do nosso potencial logístico revela-se essencial para o crescimento económico, para a sustentabilidade ambiental e para o aumento da coesão territorial de Portugal».
A solução proposta pelo ministério para atingir os objectivos é privilegiar os modos, marítimo e ferroviário e estabelecer «uma rede de plataformas logísticas localizadas em pontos estratégicos e devidamente dimensionadas». Para tanto, o ministério continua a trabalhar em quatro áreas: na implementação do Plano Portugal Logístico, que integra a Rede Nacional de Plataformas Logísticas; no aumento da capacidade do sistema marítimo-portuário, na simplificação dos procedimentos administrativos e no aumento da multimodalidade e das acessibilidades ao centro da Europa, através do projecto Portmos relativo às auto-estradas do mar.
Plano Portugal Logístico
O Plano Portugal Logístico será a peça mais importante de todo o puzzle, ao estabelecer os princípios fundamentais do sistema logístico nacional, e a forma de colaboração do Estado com todo o sector. Chamou-lhe o ministro «um instrumento estruturante para o desenvolvimento do Sistema Logístico Nacional» e para realizar a «atracção de investimentos reprodutíveis orientados para a internacionalização das nossas actividades económicas».
Trata-se de racionalizar a actividade logística, ordenando o território e contribuindo para a atracção de novos agentes de mercado; promovendo a intermodalidade, os ganhos ambientais, o desenvolvimento da economia nacional e o aumento da competitividade do País. Um conceito fundamental neste plano é o de transformar «em vantagem a nossa situação periférica, através de uma aposta forte na frente portuária atlântica, com relevo, pelas suas capacidades, para os cinco grandes portos nacionais».
Mário Lino destacou que o projecto engloba «três componentes nucleares» que são a Rede Nacional de Plataformas Logísticas, a criação de uma estrutura de planeamento e regulação, a partir do IMTT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) e de «diversas sociedades locais que envolvam os agentes presentes em cada plataforma, como as autarquias, a REFER, a CP, as administrações portuárias e os agentes privados».
Sistema marítimo-portuário
O segundo ponto analisado por Mário Lino foi o desejado aumento da capacidade do sistema marítimo-portuário, da sua produtividade e das acessibilidades rodoviárias e ferroviárias que o servem. Entende que «nos últimos anos, foram definidos elevados investimentos no sistema marítimo-portuário, quer ao nível das infra-estruturas quer ao nível das acessibilidades marítimas e terrestres». Entre os investimentos em curso, mereceram especial referência «os relativos a novas infra-estruturas ferroviárias que vão permitir a articulação entre os principais portos nacionais e as plataformas logísticas».
A este nível Mário Lino exemplificou com a ligação ferroviária para o transporte de mercadorias entre o Porto de Sines e a plataforma de Elvas/Caia, e com a ligação ferroviária do Porto de Aveiro a Cacia. «O primeiro investimento vai permitir ligar, por ferrovia, as plataformas logísticas de Sines, Poceirão e Elvas/Caia a Espanha, tornando competitivo o transporte internacional de mercadorias pelo modo ferroviário e contribuindo para a afirmação dos nossos portos no contexto ibérico através do alargamento do seu hinterland», explicou.
Quanto à ligação ferroviário do Porto de Aveiro, integra «a construção de uma plataforma multimodal em Cacia, em fase de conclusão, e um ramal de ligação da Linha do Norte ao Porto de Aveiro». Estas infra-estruturas serão «fundamentais à expansão da actividade portuária e ao transporte de mercadorias numa perspectiva multimodal, permitindo reforçar o hinterland portuário na região espanhola de Castela e Leão».
Desburocratização
Em termos de simplificação de procedimentos administrativos, Mário Lino referiu a criação da denominada Janela Única Portuária, «que conhecerá, com a concretização do Portugal Logístico, uma evolução para a Janela Única Logística». Pretende-se, através do despacho electrónico de mercadorias, reduzir «o tempo de trânsito portuário e de despacho aduaneiro de
À semelhança do que está previsto para os portos nacionais, as plataformas logísticas estarão interligadas por um sistema informático que irá integrar os procedimentos alfandegários e administrativos necessários à saída e entrada de mercadorias.
A atenção dada ao sector marítimo completa-se com o projecto Portmos. No contexto deste projecto duas vias marítimas estão já operacionais, sublinhou o ministro, ligando Leixões a Tillbury (Inglaterra) e Roterdão (Holanda), e ainda o porto de Sines ao porto italiano de