Descarbonização

China: Crescimento das energias renováveis pode diminuir as emissões de CO₂

China: Crescimento das energias renováveis pode diminuir as emissões de CO₂ iStock

O avanço das energias renováveis tem vindo a abrandar a utilização de energias não renováveis, como o carvão, nas principais economias mundiais, nomeadamente na China, assim como a emissão de CO₂ e gases com efeito de estufa (GEE).

Em maio, e de acordo com o El País, 12% da eletricidade da China provinha de energia solar, há um ano fixava-se nos 7%, 11% da eletricidade do país foi gerada por energia eólica e 15% por hidroelétrica. Os restantes 10% foram partilhados entre energia nuclear, gás e biomassa.

Desde que a China se tornou no país que mais emite GEE para a atmosfera, a meados da década de 2000, que a distância com os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) tem aumentado gradualmente, à medida que a China foi crescendo economicamente. Segundo o jornal espanhol, o país é atualmente responsável por cerca de 30% de todas as emissões do mundo.

Um artigo do centro de investigação britânico – Carbon Brief- refere que “se o atual rápido desenvolvimento da energia eólica e solar continuar, as emissões de CO₂ da China provavelmente continuarão a diminuir, tornando 2023 o ano em que as emissões do país atingiram o seu pico”.

Em declarações ao jornal espanhol, Dave Jones, membro do grupo de analistas especializados em energia e clima, intitulado Ember, afirmou que “existe a possibilidade de a China ter já ultrapassado o seu pico, mas ninguém pode ter certeza ainda. Há sinais, mas temos de esperar quatro ou cinco meses para verificar se continuam a cair como nos últimos três meses e confirmar se o pico foi realmente atingido”.

40% de todas as emissões da China vêm do setor elétrico, “e isso é muito”, afirmou Rafael Salas, professor de análise económica da Universidade Complutense de Madrid. E explica: “isto porque a produção de eletricidade tem sido dominada pelo carvão, só no ano passado, 60% da eletricidade da China foi proveniente da queima de carvão, no entanto, em maio, esta percentagem caiu para 53%, o nível mais baixo de sempre, segundo dados da Carbon Brief”.

De acordo com o professor universitário, “as energias solar e eólica estão agora a satisfazer a maioria do crescimento da procura de eletricidade na China”.

O artigo do El País também refere a necessidade de uma visão mais completa do que está a acontecer na China. Para além do “enorme avanço” das energias renováveis, o país está a instalar energia fotovoltaica “a uma velocidade vertiginosa”.

Segundo Pep Canadell, diretor-executivo do Global Carbon Project, referência internacional na monitorização de emissões a nível global, a diminuição do crescimento destas emissões está dependente de três fatores: a redução da utilização do carvão, que está ligada a uma rápida promoção da energia eólica e, sobretudo, da energia solar; a paralisação do uso de petróleo, que está ligada ao avanço da eletrificação dos transportes e uma diminuição na produção de cimento e aço, associada ao abrandamento da construção.

Para Canadell, “não é a primeira vez que analistas falam sobre o pico das emissões na China e depois acabam por crescer novamente. Falou-se sobre o pico das emissões de carvão pela primeira vez em 2013, mas durou poucos anos e vimos um crescimento novamente”. Além disso, o especialista relembra que existe um risco latente: as centrais a carvão que a China já construiu, que estão agora subutilizadas devido ao aumento das energias renováveis, mas que podem significar que as emissões voltem a aumentar rapidamente.

No entanto, tal como na Europa, Pep Canadell acredita estarem já a existir alterações estruturais que vão tornar o pico da utilização de energias não renováveis na China uma realidade, “se não for agora, será em breve”.

O especialista defende que o mais provável será existirem, nos próximos anos, registo de “pequenas quedas e pequenos crescimentos”, que podem “facilmente durar até o final desta década, antes de vermos uma diminuição consistente nas suas emissões”.

Deste modo, Dave Jones defende que a mesma análise se deve aplicar também ao resto do mundo, pois “se os governos conseguirem cumprir os seus compromissos de triplicar a capacidade de utilização de energia renovável e duplicar a eficiência energética até 2030, entraremos numa nova era de redução das emissões de CO₂”.

Mas esse momento ainda não foi alcançado, sublinha o responsável, defendendo que “isto acontece porque ocorreram tão recentemente quedas significativas de preços, especialmente em veículos elétricos, painéis solares e baterias, que os governos ainda não perceberam o quão rápido e barato podem apostar nestas tecnologias”.

 

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