À medida que a Inteligência Artificial (IA), o crescimento, a inflação e a incerteza geopolítica chegam ao topo das agendas dos executivos das empresas (CEOs), existe um “declínio acentuado” na priorização da sustentabilidade. É a conclusão do estudo “The Visionary CEO’s Guide to Sustainability 2024”, da Bain & Company.
De acordo com o estudo, a redução da dinâmica sustentável pode vir a acarretar um custo tangível. Além das consequências ambientais e sociais “devastadoras”, um aumento de 2.º celsius poderá aumentar em 1% o custo do capital, reduzindo assim em 6 biliões de dólares o valor do S&P 500.
O relatório destaca, nomeadamente, que a crise energética provocada pela guerra na Ucrânia acelerou a transição para as energias renováveis, em especial na Europa, impulsionada pela necessidade de reduzir a dependência do gás russo.
Além disso, a capacidade instalada de energia solar global em 2023 foi três vezes superior às estimativas feitas em 2015 para esse ano, graças aos avanços tecnológicos e às subvenções públicas. No caso específico dos veículos elétricos, o apoio estatal impulsionou a adoção em massa destes veículos na Noruega, enquanto que a redução dos subsídios na Alemanha, em 2023, provocou uma quebra nas suas vendas.
“A transição para um mundo sustentável está a seguir um ciclo familiar. O que começou há alguns anos como uma exaltação sem limites deu lugar ao realismo pragmático. À medida que o desafio de cumprir compromissos ousados se torna claro, muitas empresas começam a repensar o que é alcançável e em que prazo. Procrastinar o progresso é um erro. A nossa investigação mostra que muitas tecnologias sustentáveis deverão atingir o seu ponto de viragem mais rapidamente do que o esperado”, afirmou Clara Albuquerque, partner da Bain & Company.
Apesar de os CEOs estarem a lidar com prioridades concorrentes, a mensagem dos consumidores de todo o mundo é clara: as suas preocupações com as alterações climáticas são cada vez maiores.
Num inquérito da Bain & Company a cerca de 19 mil consumidores em 10 países, 61% dos inquiridos afirmaram que as suas preocupações com as alterações climáticas aumentaram nos últimos dois anos, muitas vezes instigadas pela vivência pessoal de condições meteorológicas extremas.
Já quando se trata de compras sustentáveis, os consumidores afirmaram que as marcas e os retalhistas desempenham um papel importante no seu processo de tomada de decisão. Ainda que a experiência pessoal com condições meteorológicas extremas seja a principal razão para os consumidores dizerem que decidiram comprar produtos sustentáveis, 35% dizem que o fizeram devido a artigos nos media e a documentários, 33% atribuem esta escolha à disponibilidade e 28% a campanhas de sensibilização de crédito por parte das marcas e dos retalhistas.
No entanto, não são apenas os consumidores que procuram a sustentabilidade. O inquérito da Bain & Company a 500 compradores e vendedores empresariais revelou que a sustentabilidade é atualmente um dos três principais critérios de compra deste segmento, com 36% a afirmar que abandonaria os fornecedores que não correspondessem às suas expetativas de sustentabilidade.
Embora 85% dos fornecedores afiancem que incorporam algum grau de sustentabilidade nos seus produtos e serviços, apenas 27% consideram-se muito bem informados sobre as necessidades de sustentabilidade dos seus clientes. Clientes, valor, força de vendas e preços: são estes os 4 passos a seguir pelos fornecedores para conseguirem vender de forma sustentável e inteligente, explica a análise.