A Diretiva de Relato Empresarial de Sustentabilidade determinou, em novembro de 2022, a obrigação das empresas passarem a incluir nos seus relatórios de gestão informações detalhadas sobre o impacto ambiental, social e de governança (ESG, na sigla inglesa) das suas operações. Esta medida vai abranger cerca de 50 mil empresas na União Europeia (UE), dez mil das quais, em Portugal.
Este foi o tema principal de discussão do 1.º Congresso Internacional de Sustentabilidade da GS1 Portugal, que se realizou no passado dia 23 de janeiro, no Centro Cultural de Belém.
Para Patrick de Cambourg, Presidente do Sustainability Reporting Board da EFRAG – European Financial Reporting Advisory Group, que assessorou a UE na construção desta Diretiva e que foi um dos oradores da iniciativa defendeu a medida, afirmando que “vai possibilitar a harmonização de dados e a simplificação de informação credível necessária para esclarecer os stakeholders de cada organização sobre os seus resultados em sustentabilidade”.
A elaboração de um plano de ação em prol da sustentabilidade, com aproximadamente 1.100 data points, segundo Tiago Henriques da DSPA (Data Science Portuguese Association), acarreta custos, que podem ser incomportáveis para as empresas.
Já Luís Laginha de Sousa, Presidente do Conselho de Administração da CMVM – Comissão de Mercado e Valores Mobiliários mencionou o estudo da Novata alertando que “as grandes empresas estimam gastar 50 mil euros na recolha de dados que materializem este relatório”.
Apesar dos custos, Luís Laginha de Sousa reconheceu vantagens financeiras associadas a este investimento, referindo que “um bom relato de sustentabilidade pode ser benéfico para as empresas, melhorando o seu acesso ao capital financeiro e aos custos de financiamento associados, permitindo, do mesmo modo, internamente, identificar os aspetos de melhoria, que a longo prazo serão refletidos em lucros líquidos”.
Francesca Paggiali, Vice-Presidente Global de Políticas Públicas da GS1, relembrou que a Diretiva carece de várias respostas e que a 25 de fevereiro “será discutido um instrumento denominado omnibus para reduzir a burocracia relacionada com a sustentabilidade, tendo como objetivo a simplificação de processos e a avaliação da quantidade de dados recolhidos, podendo ainda impactar a conceção atual do modelo de reporte dos ganhos de sustentabilidade das empresas”.
A crescente evidência dos impactos reais, económicos, ambientais e sociais é significativo, defendeu Ana Cláudia Coelho, Sustainability and Climate Change Partner da PwC – Pricewaterhouse Coopers. Na sua ótica, o processo de definição de uma estratégia de sustentabilidade compreende cinco etapas: visão global de ESG; avaliação de potenciais temas de sustentabilidade, análise de impactos, riscos e oportunidades; definição dos temas e requisitos dos relatórios; e, por último, desenhar estratégias políticas, métricas, metas e ações.
O relatório deve apresentar, não apenas as considerações internas, como todas as parcerias estabelecidas. Foi neste sentido que João de Castro Guimarães, Diretor Executivo da GS1 Portugal adiantou que “não fazemos nada sozinhos, muito menos em matéria de sustentabilidade. Numa cadeia de valor deve existir sinergia entre parcerias, fornecedores e recursos”.
No 1.º Congresso Internacional de Sustentabilidade da GS1 Portugal foram também atribuídos três prémios Lean & Green, que visam apoiar as empresas na redução das suas emissões de dióxido de carbono, através da adoção de estratégias que otimizem a eficiência operacional e reduzam os custos, além da sua pegada ambiental.