Os retalhistas da indústria da moda online entregaram, em 2024, 2,9 mil milhões de sacos de plástico desnecessários nos seis principais mercados europeus — o equivalente a 7,8 milhões de sacos por dia.
Os dados são de um estudo da DS Smith que revelou que a ascensão do e-commerce, especialmente no setor da moda, está a impulsionar um novo problema ambiental: a proliferação dos sacos de plástico “secundários”, utilizados para embalar produtos durante o transporte até ao consumidor.
Segundo a análise, este número poderá crescer 47% até 2030, atingindo os 4,2 mil milhões de sacos por ano. No total, estima-se que 21,8 mil milhões de sacos de plástico desnecessários cheguem às casas europeias nos próximos cinco anos.
93% dos sacos usados no e-commerce de moda não são reciclados ou reutilizados pelos consumidores. No ano passado, cerca de 2,6 mil milhões acabaram em aterros ou foram incinerados, com o estudo a antecipar que, ao manter-se a trajetória, o número poderá ultrapassar os 3,8 mil milhões de sacos descartados anualmente até ao final da década.
“Embora as compras online tenham crescido, os retalhistas de e-commerce estão atrasados em relação às grandes superfícies no que diz respeito à substituição dos sacos de plástico”, referiu Luis Serrano, Sales, Marketing & Innovation Diretor da DS Smith Ibéria.
E continua: “as empresas podem sentir-se tentadas a focar-se apenas no preço, mas manter o plástico tem um custo: os consumidores não o querem e as marcas arriscam a sua reputação se o ignorarem. Acreditamos que a legislação pode e deve ser mais exigente para todos nós, eliminando gradualmente determinados plásticos para ajudar a criar um contexto de mercado que incentive a inovação e o investimento e gere uma concorrência saudável para os substituir”.
De acordo com o inquérito da DS Smith, 74% dos consumidores nos principais mercados europeus apoiam a eliminação progressiva do plástico sempre que existirem alternativas viáveis. Além disso, dois terços (68%) preferem embalagens de papel ou cartão.
Mais de metade dos consumidores afirmam que sentem culpa pela quantidade de plástico que recebem com as suas encomendas, e 55% estão mais dispostos a comprar de marcas que usem embalagens recicláveis. Quando se trata de atribuir responsabilidades, 41% apontam para as empresas de packaging, 36% responsabilizam os retalhistas e 23% os governos ou a União Europeia (UE).
Para desenvolver projeções, o estudo considerou dados sobre: volume e valor do e-commerce de moda; uso de plástico no packaging; proporção de embalagens secundárias; taxas de reciclagem, reutilização, deposição em aterro e incineração.
As projeções basearam-se em fontes públicas e privadas, incluindo dados do Eurostat, e foram extrapoladas para prever diferentes cenários, incluindo hipóteses com políticas mais ativas de reciclagem.
Os resultados partiram de um inquérito realizado a 12.000 consumidores de seis países europeus (Espanha, França, Itália, Alemanha, Polónia e Reino Unido), em fevereiro de 2025.