Embalagem

Circularidade e redução de custos

iStock

As empresas dedicadas à área de negócio das embalagens, etiquetagem e codificação estão a apostar estrategicamente na inevitável sustentabilidade, com soluções cada vez mais inovadoras ao nível de equipamentos e tecnologias de informação. As virtudes da economia circular e o potencial do e-commerce são outras apostas, numa área de negócio que as euro-paletes continuam a dominar, mas onde o aluguer tende a crescer.

Ir ao encontro da reutilização e da recuperação, “na defesa de fórmulas de economia circular”. Esta é claramente uma tendência em evolução, numa área de negócio que inova a passos largos tendo como fatores determinantes para o sucesso a sustentabilidade e a redução de custos.

A Rotom, que se dedica à venda, aluguer, serviços de recuperação e pooling de embalagens, e é “a primeira e única empresa em Portugal a obter a licença EPAL para reparação de europaletes em madeira (PT-300RE)”, apela a serviços de recuperação de embalagens”. E afirma a sua determinação em ser pioneira nesta vertente, proporcionando uma reparação com a máxima qualidade certificada pela EPAL. Como explica Miguel Correia, diretor geral da Rotom, à LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE, “com o aluguer de ativos a empresa incentiva a reutilização de embalagens”. Por outro lado, e através da 2Return, parte do grupo Rotom, “estamos no topo dos serviços de logística inversa, pooling, gestão de RTI, recuperação de ativos, oferecendo estes serviços em toda a Europa”, afirma.

Também para Joana Gonçalves, marketing manager da DS Smith Packaging Portugal, “a redução da pegada ambiental através da reciclagem e a diminuição do uso de plásticos são tendências crescentes nas empresas”. A sustentabilidade está na base da estratégia da empresa, que tem uma diversificada oferta de soluções de embalagem sustentáveis. Nas palavras da responsável “trabalhamos para alcançar uma economia mais circular e eficiente ao nível do uso dos recursos. A inovação é, por isso, um fator determinante no desenvolvimento das nossas embalagens, com o objetivo de fazer face a estas tendências”.

“Com o aluguer de ativos incentivamos a reutilização de embalagens” Rotom

A DS Smith concebe soluções nas quais se utilizam menos fibras na embalagem, reduzindo assim o custo do transporte do produto e, por sua vez, os resíduos gerados pela embalagem. Por outro lado, a circularidade do packaging constitui um aspeto básico da filosofia de trabalho da empresa, garante Joana Gonçalves: “prova disso é o recente acordo estabelecido com a Fundação Ellen MacArthur”, através do qual a empresa impulsiona a sua iniciativa sobre a economia circular, contando com o apoio desta entidade para inovar em todas as áreas de negócio, incluindo a reciclagem e a eficiência no uso de carbono no comércio eletrónico.

Na perspetiva da LPR, que comercializa soluções de aluguer de paletes de caráter totalmente externo, as inovações nesta área “passam não tanto pelos produtos – que apesar da em constante evolução, ainda mantêm a mesma génese dos últimos anos – mas sim pelos equipamentos e tecnologias de informação, que irão permitir alavancar os níveis de qualidade e serviço, assentes num serviço de proximidade e interação continua”.

Segundo Flávio Guerreiro, diretor geral da LPR, as paletes de aluguer “são e continuarão a ser claramente a modalidade mais utilizada no mercado nacional, não só pelos seus níveis de penetração atuais, como pelo valor acrescentado que geram em toda a supply chain. A empresa tem crescido acima de 10% nos últimos anos, “evidenciando o forte crescimento deste sector, onde diariamente se assiste a uma inversão da palete de compra/branca para a palete de aluguer, não só em virtude da tendência seguida pela distribuição moderna, como pela perceção clara e direta das mais valias proporcionadas pelo sistema de aluguer de paletes, nomeadamente a qualidade, garantia de fornecimento, simplicidade dos processos e preços competitivos”.

Na opinião do responsável, dentro do sistema de aluguer de paletes “existe uma tendência para um crescimento dos pequenos formatos, nomeadamente dos quartos e meias paletes, essencialmente para a distribuição moderna, nomeadamente ao nível dos hard-discounts e lojas de proximidade, devido à sua dimensão e crescentes níveis de penetração”. No entanto, as euro-paletes ainda representam a esmagadora maioria das paletes utilizadas, com cerca de 80-85% do volume total, e “apesar da potencial redução de relevância no futuro, continuará a manter-se como o principal formato utilizado em Portugal”.

“Trabalhamos para alcançar uma economia mais circular e eficiente ao nível do uso dos recursos” DS Smith

Já na área de negócio dedicada à etiquetagem e codificação, a tendência “é cada vez mais o RFID, o picking por voz, bem como qualquer outra funcionalidade que acrescente valor à solução e ao negócio do cliente”. Isso mesmo testemunha João Rodrigues, Business Development Manager da IdentPrint, empresa que comercializa soluções de Print&Apply e codificação direta para produto/caixa/palete, bem como impressoras de etiquetas fixas/móveis e respetivos consumíveis (seja de código de barras ou RFID), e produtos de identificação/leitura dos códigos impressos nas respetivas etiquetas/tags ou diretamente no produto. Para este responsável, “os equipamentos Android vieram trazer novas possibilidades ao cliente”: caso este tenha um parceiro que não comercialize apenas equipamentos, mas tenha especialização na sua área e entenda as suas necessidades, “sem investimentos adicionais [estes equipamentos] poderão trazer grandes benefícios às operações”.

Investir na economia circular
Qualidade e inovação numa gama de embalagens sustentáveis prontas a usar e vender no ponto de venda, embalagens para e-commerce, embalagens de transporte e embalagens industriais. E ainda “produtos diferenciadores com importantes vantagens para a cadeia de fornecimento”, como são o caso do versátil fanfold e do honeycomb, ou os displays e materiais para ponto de venda em cartão ondulado. Tudo isto faz parte do portfólio de produtos da DS Smith, e permite à empresa “fazer face a qualquer necessidade do mercado, trabalhando em estreita colaboração com os clientes para oferecer soluções à medida das suas necessidades”, de acordo com Joana Gonçalves.

Aumentar as vendas, reduzir os custos e minimizar os riscos são os três objetivos que a DS Smith quer que os seus clientes alcancem, e para tanto defende que nas empresas do setor dos transportes e logística “estes objetivos são alcançados, por um lado, com embalagens de grande resistência em cartão ondulado, que se caracterizam por serem leves, tornando consequentemente o transporte dos produtos mais económico ao permitirem economizar combustível; e, por outro lado, possibilitando a otimização do espaço de armazém e do próprio transporte”.

“Assiste-se a uma inversão da palete de compra/branca para a palete de aluguer, tendência seguida pela distribuição moderna”LPR

Segundo Joana Gonçalves, a empresa desenvolve embalagens totalmente ajustadas ao produto que está no seu interior, de modo a garantir a sua proteção. “Ajudamos as empresas a eliminar os espaços vazios, conseguindo assim transportar mais mercadoria investindo os mesmos recursos; a reduzirem os resíduos dela resultantes ao existir menos material de embalagem; e a reduzirem o número de veículos em circulação e consequentemente as emissões de CO2”, conclui.

Para a marketing manager “a redução dos custos na cadeia logística é uma prioridade para as empresas, em paralelo com uma crescente procura por produtos sustentáveis”. Neste sentido, a DS Smith está “focada em oferecer soluções que as ajudem a reduzir o impacto ambiental”.

O aluguer das paletes da LPR, “de qualidade” e “inteiramente compatíveis com sistemas automatizados de produção, armazenagem e distribuição”, inclui vários formatos, que vão desde a Euro palete (800X1200), o formato mais utilizado em Portugal, à palete Inglesa (1.000X1.200), utilizada a nível industrial e para exportação para o Reino Unido, à meia palete (600X800), com forte penetração na distribuição moderna ao nível dos hard-discounts e lojas de proximidade, devido à sua dimensão, e por fim ao quarto de palete de plástico (600X400), indicada para exposição em loja.

Segundo Flávio Guerreiro, “apesar do crescimento, nos últimos anos, dos pequenos formatos (800X600) e (400X600) especialmente vocacionados para produtos promocionais/campanhas e/ou lojas de pequena dimensão e de proximidade, a euro palete (800X1200) representa ainda cerca de 80% do volume total de paletes transacionadas no mercado nacional”. Garantidas todas as normas de higiene e qualidade em vigor, bem como os requisitos legais, como o tratamento térmico (ISPM15), “a decisão da tipologia de palete a utilizar está acima de tudo relacionada com o tipo de produto a transportar (dimensão, peso e resistência), volume transacionado e pontos de destino/venda”, explica o diretor geral da LPR.

As paletes da LPR destinam-se sobretudo ao setor dos produtos de grande consumo (FMCG), com posterior envio para a Distribuição Moderna e retalho tradicional, a nível nacional e internacional. A empresa foi a primeira empresa do setor de pooling de paletes a obter a certificação PEFC, garantindo que as paletes são provenientes de florestas sustentáveis.

Atuando na venda, aluguer, serviços de recuperação e pooling de embalagens, como paletes em madeira e plástico, aros de madeira, caixas e palotes em plástico, contentores metálicos, gitterboxes, carrinhos para a distribuição, dollies e racks amovíveis para armazenamento, a Rotom dispõe de várias medidas standard, bem como produtos desenvolvidos à medida do cliente.

Defendendo que “nas paletes o fator decisor ainda é o preço”, Miguel Correia avança que a madeira continua a ser o produto mais procurado, nomeadamente para exportações devido ao tratamento fitossanitário (HT). Paralelamente, “nas empresas de logística e 3PL (third party logistics) começa a ser muito solicitado o plástico nas paletes, em caixas dobráveis para obterem aforros logísticos de retorno, mas também por serem robustas, carrinhos metálicos para a distribuição, os racks flexíveis para um armazenamento de fácil montagem e desmontagem, e contentores metálicos”, área “onde a nossa gitterbox tem sido um sucesso”.

Circularidade e redução de custos

Já no que respeita a soluções de etiquetagem e codificação, as soluções mais procuradas são as de Print&Apply e codificação direta para produto/caixa/palete, picking por voz, RFID e verificação/leitura múltipla de códigos, afirma João Rodrigues. Para o business development manager “as empresas procuram otimizar cada vez mais as suas operações, minimizando os custos de operação e aumentando o nível de controlo e fiabilidade das mesmas”. Neste contexto, “procuram as soluções de etiquetagem e codificação da IDentPrint, pelo seu carácter consultivo e experiência na área produção e dos transportes e logística”, conclui.

Setor cresce com inovação
No que respeita linhas estratégicas futuras a nível de soluções, equipamentos e serviços, mas também modalidades (venda/aluguer), as empresas dedicadas à área de negócio das embalagens, etiquetagem e codificação apostam principalmente em inovação, tendo a sustentabilidade na mira, nas virtudes da economia circular e no potencial do e-commerce nesta área de negócio.

Para a DS Smith o objetivo reside em manter uma posição de liderança em packaging sustentável, “graças a um ótimo serviço, à qualidade e inovação dos nossos produtos”, justifica Joana Gonçalves. “O setor do e-commerce e a contínua aposta na inovação são alguns dos eixos para manter o crescimento em Portugal”, sublinha.

A LPR irá manter o seu sistema de negócio, isto é, aluguer de paletes,” assegurando o foco na prestação de um serviço personalizado e de qualidade, reforçando os investimentos na automatização e digitalização das suas operações logísticas”, refere Flávio Guerreiro. Simultaneamente serão reforçados os investimentos e recursos relacionados com sustentabilidade ambiental e economia circular, “através, entre outros, de uma maior eficiência na área da logística/logística inversa, assegurando reduções continuas de emissões de CO2 e aumento do ciclo de vida das paletes”. O responsável detalha ainda que os clientes de FMCG “continuarão a ser a principal aposta da LPR, não só devido aos seus níveis de exigência como pela sua relevância no mercado doméstico”.

Especialista em produtos para a logística e armazenamento, a Rotom tem por “ambição atingir dez milhões de faturação nos próximos cinco anos em território nacional”. Presente em dez países europeus, a empresa tem em Portugal uma moderna unidade em Valado dos Frades-Nazaré e uma base na Maia, estando “neste momento a procurar mais um spot na região da grande Lisboa”, adianta Miguel Correia.

“Temos milhares de produtos selecionados cuidadosamente para entregar nos nossos clientes, venda, aluguer e serviços com a 2Return”, diz também o diretor-geral da Rotom, que serve setores como a grande distribuição, setor automóvel, farmacêutico, alimentar, plásticos, construção, 3PL e bricolage.

Sendo “uma das principais empresas nacionais na área da identificação automática, que por sua vez engloba a codificação e impressão”, a IdentPrint – com “especial enfoque nas áreas da Logística e Produção” -, atua transversalmente em qualquer sector: “a população em geral, sem saber, poderá estar a utilizar direta ou indiretamente soluções comercializadas pela IDentPrint, por exemplo na área dos serviços, saúde, logística, retalho ou indústria”, explica João Rodrigues”.

As linhas estratégicas da empresa passam por continuar a dar um bom suporte e diferenciador no mercado, tanto a nível de tempo de resposta, como de qualidade, embora a preços competitivos; ser um parceiro global e de confiança para os clientes, introduzindo sempre que possível soluções vanguardistas e aliando soluções de Identificação às de Print&Apply; e continuar a trabalhar com diversas modalidades em função da necessidade de cada cliente e/ou operação, nomeadamente venda, aluguer de curta e longa duração, renting ou “pay per use”. A empresa elegeu estrategicamente a Zebra Technologies como principal parceiro (sendo o seu único parceiro “Support Specialist” na Península Ibérica), “pelo grau de inovação e de qualidade dos produtos”, mas comercializa produtos e soluções de outras marcas, como Honeywell, Datalogic, Cisco e Getac.

“A tendência é cada vez mais o RFID, o picking por voz, e qualquer outra funcionalidade que acrescente valor à solução e ao negócio” IdentPrint

As soluções de embalagem, etiquetagem e codificação são uma área em crescimento, a avaliar pelos resultados expressos pelas empresas. A LPR Portugal encerrou o exercício de 2018 com um crescimento de 9,2% no volume de paletes transacionadas no mercado português. Segundo Flávio Guerreiro, esta evolução “surge na continuidade da consolidação da operação da LPR no mercado nacional, na qual se destaca o contínuo ajuste de portfólio pela qualidade”.

Em 2019, a empresa “irá continuar a apostar na captação de novos clientes, no reforço e promoção da excelência operacional (fruto da implementação de novos centros logísticos), e no reforço da automatização de processos na reparação de paletes”. Na opinião do seu diretor geral, trata-se de “fatores críticos de sucesso que, aliados a um clima económico favorável a nível nacional, permitiram atingir resultados históricos no país em 2018, e que irão continuar a ser eixos estratégicos de atuação para o presente exercício”, conclui.

Por seu turno, a Rotom atingiu 4,3 milhões de euros em Portugal e o grupo atingiu perto de 150 milhões de euros, em 2018. No território nacional, no primeiro semestre de 2019 a empresa registou um aumento de 15% em vendas e de 100% nos alugueres face a 2018. Miguel Correia adianta que a Rotom espera atingir 5 milhões de euros no final do ano.

Para a DS Smith, em Portugal a aquisição da Europac no início do ano teve um impacto bastante positivo no ano fiscal 2018/2019, que “foi um grande ano, com crescimento em todas as regiões”, afirma Joana Gonçalves. Esta aquisição permitiu à DS Smith “alcançar uma posição de líder de mercado e aumentar a sua capacidade de resposta aos clientes, com um maior número de unidades produtivas distribuídas pelo país”. Este ano a empresa continuará a trabalhar para o contínuo crescimento”, tendo como foco a visão do grupo sobre embalagens sustentáveis.

Por último, o negócio “decorre a bom ritmo e com perspetivas de evolução” na IdentPrint, que em 2018 faturou cerca de 1,9 milhões de euros. De acordo com João Rodrigues, o objetivo da empresa é “alcançar a meta dos 2 milhões de euros” no ano de 2019.

O cenário futuro é, pois, animador, numa área de negócio onde a economia circular e a inovação sustentável para além de reduzirem custos ambientais, com benefício para todos, reduzem custos operativos, com margem para que as empresas apostem cada vez mais em inovação.

Este artigo foi, originalmente, publicado na edição 142 da revista TRANSPORTES&LOGÍSTICA HOJE.

Não perca informação: Subscreva as nossas Newsletters

Subscrever