Os recursos energéticos são a alavanca de um crescimento económico que promete durar e torna o país muito apetecível ao investimento estrangeiro. Algumas empresas portuguesas partilharam a sua experiência, falaram das dificuldades mas da sua mensagem sobressaiu sobretudo o potencial do país.
As oportunidades para quem quer investir em Moçambique estão na indústria de construção – setor onde as exportações portuguesas são mais relevantes – e na área da energia, com as grandes reservas de gás natural e de hidrocarbonetos recentemente descobertos na costa norte do país. Esta é a verdadeira “alavanca da economia do país”, segundo Filomena Malalane, da embaixada moçambicana, e a garantia da continuação de “crescimento acelerado nos próximos cinco a dez anos”, de acordo com Fernando Carvalho, da AICEP, que participou online diretamente de Maputo.
Os transportes e a logística são as condições de base para escoar toda a riqueza prometida. Os investimentos sucedem-se mas mantêm-se quatro desafios principais, de acordo com Jorge Pedro Matos Fernandes, da empresa moçambicana Portos do Norte: “Consolidar a rodovia e dar sustentabilidade aos investimentos; criar capacidade na ferrovia para que esta sirva os grandes carregadores; potenciar as ligações aeroportuárias regionais; e crescer e ser mais eficiente na área portuária”.
Não são poucas as empresas portuguesas que já estão a beneficiar da oportunidade moçambicana e algumas vieram ao Congresso partilhar a sua experiência. O Grupo Visabeira, presente em Moçambique desde 1990 com diversas áreas de negócio, tem a seu cargo a reabilitação e expansão da linha ferroviária do Sena, para que triplique a sua capacidade de transporte de carvão para 20 milhões de toneladas por ano.
O Grupo Rangel, que desde 2011 aposta no país apoiando as trocas comerciais de importação e exportação e a atividade aduaneira, prevê expandir a sua atuação com uma rede de distribuição em 2014 e avançar com centros de operações logísticas em 2015. Já a Portucel conseguiu do governo moçambicano uma concessão de longo prazo que lhe permitirá plantar 350 mil hectares de eucalipto nas províncias de Zambézia e de Manica, que vão alimentar duas fábricas. O objetivo é alcançar uma produção anual de 1,5 milhões de toneladas que terá como principal destino a China.
Para além das muitas dificuldades, relacionadas com a falta de recursos humanos capacitados e com os constrangimentos logísticos, o potencial é grande. Pois, como arriscou João Pedro Matos Fernandes, “Moçambique é um país de logística, pela sua localização privilegiada em termos dos consumidores de recursos naturais, por dar acesso marítimo a um conjunto de países africanos que não o têm, e porque tem carregadores disponíveis para investir”.