O setor dos transportes produz anualmente 8 mil milhões de toneladas de CO2. No caminho para a descarbonização, uma das possibilidades é a mobilidade sustentável.
A Sustainable Mobility for All (SuM4All), coligação global de 56 organizações internacionais e empresas, fez um retrato de como a mobilidade sustentável pode ajudar na descarbonização no seu “Global Roadmap of Action – Toward Sustainable Mobility”.
Entre as medidas consideradas prioritárias pela plataforma estão:
- Promoção de modos de mobilidade ativa (andar a pé e de bicicleta) através de infraestrutura adaptada, planeamento, acalmia do tráfego, planos de ação nacionais e locais
- Adotar uma estratégia push & pull para induzir a mudança modal em cidades através do fornecimento de sistemas de transporte públicos integrados e conectividade first/last mile, em conjunto com medidas de gestão da procura por transportes;
- Promover veículos de duas rodas elétricos pela eliminação progressiva de motociclos convencionais, adotando zonas de emissões de baixo carbono, incentivos e regulações de veículos;
- Aplicar normas e incentivos para autocarros neutros ou de baixo carbono;
- Pacotes de políticas para carros mais ‘limpos’ e eficientes, incluindo normas relativas ao gasóleo de baixo teor de enxofre, normas progressivas de emissão de veículos, normas sobre a economia de combustível ou de CO2 associadas a incentivos e rotulagem;
- Terminar progressivamente com os subsídios para os combustíveis fósseis e refletir os custos externos nos preços dos combustíveis e da mobilidade;
Desenhar políticas que apoiam a transição para veículos elétricos
- Desenhar políticas que apoiam a transição para veículos elétricos, como eliminação progressiva dos automóveis movidos a combustíveis fósseis, incentivos às normas de contratação pública e apoio à rede de infraestruturas de carregamento;
- Aproveitar as ferramentas digitais e os novos modelos de mobilidade (partilhada, conectada e autónoma) para aumentar a atratividade dos modos e veículos elétricos sustentáveis, mantendo ao mesmo tempo o total de quilómetros dos veículos e a expansão urbana em controlo;
- Abordar as questões do ruído através da implementação de normas para superfície rodoviária, veículos e pneus, limites de velocidade bem como soluções como isolamento e barreiras sonoras.
O progresso mundial na mobilidade
A Europa é a líder neste caminho para a mobilidade sustentável. De acordo com o Urban Mobility Readiness Index, promovido pelo OliverWyam Forum e a Universidade da California Berkeley, a região ocupa oito dos dez primeiros lugares a esse nível. Os melhores resultados, todos eles superiores a 60%, foram registados por:
- Oslo (Noruega)
- Amesterdão (Países Baixos)
- Helsínquia (Finlândia)
- Estocolmo (Suécia)
- Hong Kong (China)
- Singapura
- Munique (Alemanha)
- Londres (Reino Unido)
- Zurique (Suíça)
- Berlim (Alemanha)
Do lado inverso, os piores resultados foram nas cidades de Nairobi (Quénia), Jidá (Arábia Saudita) e Lagos (Nigéria).
Analisando o resultado de Oslo, o relatório aponta que a cidade possui uma rede densa de estações de carregamento e possui um compreensivo pacote de incentivos para detentores de veículos elétricos. O sucesso chegou ao ponto de a cidade ter terminado com alguns incentivos, como o parqueamento gratuito, uma vez que já não eram necessários.Outros aspetos positivos foram a criação de zonas livres de carros e um sistema de transportes públicos acessível e forte.
Oslo possui uma rede densa de estações de carregamento
O Urban Mobility Readiness Index nota que as cidades que abordam os desafios futuros da mobilidade vão necessitar de estar mais bem preparadas para disrupções futuras com economias resilientes e sustentáveis. A inflação, as alterações climáticas e agitação social são apontados como riscos que podem levar que a mobilidade urbana saia do topo da lista de prioridades para os governos.
O papel do setor privado é visto como crucial para suplementar o custo de novas soluções
Desse modo, o papel do setor privado é visto como crucial para suplementar o custo de novas soluções e aumentar equitativamente a qualidade de vida em todas as comunidades. Como exemplo, é o dado de algumas empresas em Nova Iorque que estão a subsidiar o custo de bicicletas elétricas para comunidades com baixos rendimentos.