Entrevista: Porto de Setúbal quer ser Hub ro-ro intercontinental

Entrevista: Porto de Setúbal quer ser Hub ro-ro intercontinental

O mais ambicioso projeto para o Porto de Setúbal, a executar até 2014, é a expansão do Terminal Roll-on Roll-off para jusante. Com o intuito de “potenciar o Porto de Setúbal como Hub ro-ro de crosstrade intercontinental na ligação entre as rotas do Atlântico, África, Ásia e Mediterrâneo”, como explica o Presidente do Conselho de Administração da APSS, Vítor Caldeirinha.

Nos primeiros seis meses do ano, a movimentação de mercadorias no porto de Setúbal tem vindo a recuperar para movimentos semelhantes aos melhores anos, 2010 e 2011, após uma quebra de 14,2% em 2012. Quais são as expetativas de evolução até ao final deste ano? A conjuntura económica desfavorável não vai fazer refletir-se nos volumes movimentados?

De facto, a movimentação de carga no Porto de Setúbal está em franca recuperação e apresenta valores mensais ao nível dos melhores anos, 2010 e 2011, à exceção do mês de janeiro, em que os efeitos da greve ainda estiveram presentes, o que implicou uma quebra de cerca de 135 mil toneladas, entretanto recuperadas. O movimento acumulado até agosto, comparado com igual período de 2012, note-se ainda antes do início da greve dos estivadores, já irá registar um valor positivo de cerca de 3%. Esperamos fechar o ano de 2013 com um movimento significativamente superior a seis milhões de toneladas. A conjuntura económica desfavorável que o país atravessa já estava presente no início do ano, o que demonstra empenho e dinâmica por parte das empresas parceiras do porto, estivadores e da Comunidade Portuária de Setúbal em superar as dificuldades.

Setúbal é um porto de exportação, com as mercadorias carregadas a representarem 66% do total em 2012. Quais os produtos exportados mais relevantes, para que destinos e qual é a tendência de evolução?

Os cinco principais destinos das exportações pelo Porto de Setúbal, dados de julho de 2013, são a Argélia, com 404 mil toneladas, Brasil, com 300 mil toneladas, Marrocos, com 157 mil toneladas, África do Sul, com 141 mil toneladas e Espanha, com 96 mil toneladas, sendo que os principais produtos exportados são o cimento, os produtos metalúrgicos, minérios e clínquer. Estes dados têm-se mantido com pouca variação desde há algum tempo, o que permite ressalvar, por um lado, que apenas um dos primeiros cinco países pertence à União Europeia, e por outro, que as principais exportações pelo Porto de Setúbal abrangem três continentes, África, América do Sul e Europa, facto demonstrativo da vitalidade e competitividade do porto.

Quando deverão estar concluídos os chamados “projetos de futuro”, que incluem a melhoria dos acessos marítimos, a ligação ferroviária aos Terminais da Mitrena e a expansão do Terminal Ro-Ro?

O projeto de melhoria dos acessos marítimos ao Porto de Setúbal visa dotar o porto para receber navios de média dimensão Panamax com 13 metros de calado em qualquer maré, uma necessidade que resulta do aumento dos navios, permitindo manter a posição do porto no mercado shortsea de contentores e deepsea ro-ro e carga fracionada, a nível nacional e ibérico. O projeto, previsto para executar até 2016, depende do resultado do estudo de viabilidade técnico-económico-financeira, em curso, e de parceiros investidores.

O projeto de ligação ferroviária à Mitrena vai iniciar a sua fase de estudos económicos até 2015, tendo para esse efeito sido assinado um protocolo entre a APSS, a REFER e a SAPEC. Tem como objetivo dotar os terminais portuários da Península de Mitrena de acessibilidade ferroviária, com potencial para aumentar o movimento nacional de cargas por ferrovia até 2 milhões de toneladas, isto é, até 20%, o movimento anual total, contribuindo para o descongestionamento gradual do transporte rodoviário em prol de um modo mais amigo do ambiente. O projeto de expansão do Terminal Roll-on Roll-off será implantado entre o atual Terminal Roll-on Roll-off e o Terminal Multiusos Zona 2, com a construção de 5,8 hectares de terrapleno, com pavimentação e criação de áreas de circulação e parqueamento aptas a veículos ligeiros e pesados. Será uma área a concessionar para serviços de valor acrescentado aos veículos novos. A estratégia de concessão passa por capitalizar o interesse das empresas operadoras portuárias, dos operadores logísticos globais com parques de segunda linha perto de Setúbal, da VW Logistics e das restantes marcas exportadoras e importadoras de automóveis. O projeto, a executar até 2014, aguarda autorização do acionista.

Leia esta entrevista na íntegra na edição de Setembro/Outubro da LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE

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