Conferências L&TH

Pandemia e comércio eletrónico exigem maior eficiência logística

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O confinamento dos últimos meses trouxe novos desafios e oportunidades. Os comportamentos dos consumidores mudaram e, como consequência, toda a distribuição e logística sentiu uma pressão acrescida. Com especial enfoque na chamada “última milha”. Isso mesmo esteve em debate no primeiro dia das Conferências L&TH da revista LOGÍSTICA&TRANSPORTES que, esta manhã, realiza a 2.ª parte do evento.

“Em oito semanas alcançámos taxas de penetração (do comércio eletrónico) previstas a três/quatro anos”. A afirmação é de Pedro Chainho, Head of Supply Chain, Worten, que participou da mesa redonda “Uma ‘last mile’ de entrega ou de ‘collect’?”, inserida no programa do primeiro dia das conferências da Logística e Transportes Hoje, que decorreram ontem e hoje.

A opinião foi substanciada por outros participantes, que asseguraram que houve um pico da procura, principalmente no que concerne a bens de primeira necessidade, nomeadamente alimentares, produtos de informática e eletrónica, mas também de entretenimento. Perceção confirmada pelo estudo “Pré, durante e após COVID-19: os efeitos socioeconómicos no comportamento do consumidor”, apresentado por Ana Pinto Borges, professora coordenadora e presidente do Conselho Pedagógico no ISAG.

Os resultados apontam para uma crescente utilização do comércio eletrónico por parte dos portugueses, comportamento que, em parte, se irá manter em pós-pandemia. De realçar que os fatores mais peso têm, aquando da compra, residem, por um lado, na higiene e segurança da operação, mas, também na disponibilidade dos produtos e na rapidez das entregas. Ou seja, aspetos que implicam diretamente o processo operacional do retalho assim como a integração com a logística da entrega.

Mas estes novos comportamentos trouxeram novos desafios às empresas. Por um lado, o reforço da necessidade por estratégias de omnicanal, mas também uma maior diversidade ao nível da entrega e pagamento dos produtos. Uma tendência crescente aponta para uma maior aposta na disponibilização de pontos de entrega, em que o consumidor recolhe os produtos num local predefinido, mas no horário que lhe seja mais conveniente. Porque, como referiu Joaquim Oliveira, Consulting Partner na Deloitte, cerca de 10% das entregas não são feitas porque as pessoas não estão em casa. por outro lado, o recurso a pontos de entrega permite agilizar toda a operação, dado que é possível otimizar as rotas. O que não acontece quando se privilegia a entrega em casa.

Porque o que a pandemia veio demonstrar, com um crescimento brutal do comércio eletrónico, é que há fragilidades em todo o processo. Por um lado, surgiu a necessidade de entrega em novos locais, nomeadamente no interior do país, algo que até agora não era (muito) considerado. Por outro verificou-se a importância da chamada última milha, dado que a maioria das compras foi feita (e entregue) nas grandes cidades. Isso coloca três grandes desafios: por um lado a sustentabilidade ambiental (ao nível da utilização de veículos mais amigos do ambiente – com toda a necessidade de criação de infraestrutura de apoio); a gestão do tráfego urbano, mas, também, a exigência de uma maior eficiência logística. O consumidor mudou, tornou-se mais exigente e isso traz novas obrigações para o setor. Porque, como referiu João Jales, Country Manager da NACEX, “a distribuição não é elástica”. A solução passa, por isso, afirma Pedro Chainho, Head of Supply Chain na Worten, por informar o cliente de todo o processo, ser transparente e haver uma articulação entre todos os players.

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