Os portos do Continente registaram, em janeiro de 2020, um volume total de carga de 7,5 milhões de toneladas, uma quebra de 9,7% face a janeiro de 2019, que reflete, em volume, -804 mil toneladas, informa a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).
Estas quebras são explicadas maioritariamente pela Carga Contentorizada e o Carvão em Sines e os Produtos Agrícolas em Lisboa e em Aveiro, que, no conjunto, refletem um decréscimo de cerca de 1,23 milhões de toneladas, correspondente a 79,8% do total das quebras observadas nos vários mercados. Já o Petróleo Bruto e os Produtos Petrolíferos, em Sines e Leixões, e ainda nos Outros Granéis Sólidos, em Aveiro, foram responsáveis por acréscimos na ordem das 590,7 mil toneladas no seu conjunto (80,3% do volume total de variações positivas).
Se considerarmos o comportamento dos portos em termos globais, independentemente da tipologia de carga movimentada, são de assinalar variações negativas em Setúbal (-18%), Lisboa e Sines (ambos com -17%), com quebras respetivas de 94,8 mt, 164,7 mt e 762,4 mt, a que, com menor expressão, ainda se junta Aveiro. Leixões, Figueira da Foz, Faro e Viana do Castelo são os portos que registam variações positivas.
O volume global de carga movimentada nos diversos portos em janeiro de 2020 confere liderança ao porto de Sines com uma quota de 50,5% do total de carga movimentada, inferior em -4,3 pontos percentuais ao que detinha no mês homólogo de 2019. Leixões ocupa a segunda posição (com 24%), seguindo-se Lisboa (10,6%), Aveiro (6,4%), Setúbal (5,9%) e Figueira da Foz (com 2,2%). Assinala-se, porém, que, pela primeira vez, o porto de Aveiro se posiciona no 4.º lugar do volume de movimentação de mercadorias, ultrapassando o porto de Setúbal.
No segmento dos Contentores, constata-se que o sistema portuário do Continente iniciou o ano de 2020 com um volume de 219 847 TEU, um recuo de 16,2%, resultante de um comportamento negativo verificado na generalidade dos portos, com exceção de Lisboa, cujo volume aumenta 1,8%. Para esta variação negativa contribuem maioritariamente Sines, que regista uma quebra de 23,2%, e Setúbal, com uma redução de 25,1%, sendo ainda de sublinhar o recuo de 4,3% verificado em Leixões e de 20% na Figueira da Foz.
Em termos globais, constata-se que a intensidade do comportamento negativo do sistema portuário do Continente no segmento dos Contentores é fortemente condicionado pelo transhipment (com Sines a registar uma quebra de -31,9% no volume de TEU), sendo, no entanto, de referir que o tráfego com o hinterland apresenta um recuo global de cerca de -3,8%.
Ainda neste segmento, refere-se que o porto de Sines mantém a liderança com uma quota de 56,1%, seguindo-se Leixões, com 24,9%, Lisboa, com 14,1%, Setúbal, com 4,3%, e Figueira da Foz, com 0,6%.
Nos portos comerciais registou-se, em janeiro de 2020, um total de 867 escalas de navios de diversas tipologias, um acréscimo de 35 escalas face a janeiro de 2019, a que correspondeu um volume global de arqueação bruta (GT) de 16,1 milhões, que traduz uma redução homóloga de -4%.
A generalidade dos portos, à exceção de Sines, assistiu a um aumento do número de escalas, com destaque para Douro e Leixões que observaram um acréscimo homólogo de 30 escalas (+15,6%).
Considerando os registos do primeiro mês de 2020, a quota mais elevada é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 25,6% do total, seguidos de Lisboa (22,5%), Sines (19,7%), Setúbal (15,1%), Aveiro (10,5%), Figueira da Foz (4,6%), Viana do Castelo (1,7%) e Faro (0,2%).
A variação global negativa do volume de carga movimentada em janeiro de 2020 face ao mesmo mês de 2019, resulta da conjugação de comportamentos negativos registados nas operações de embarque e nas operações de desembarque, incluindo transhipment, que observam quebras respetivas de 3,5% e de 13,5%.
O comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, traduz uma quebra global protagonizada, essencialmente, pela Carga Contentorizada, registando quebras no volume embarcado em todos os portos, distinguindo-se Sines, com -23,8% (-263,2 mt). Os Produtos Petrolíferos, por outro lado, registam acréscimos significativos, sendo de +49,9% (+223,4 mt) em Sines e de +17,2% (+29,8 mt) em Leixões. De referir que a Carga Contentorizada e os Produtos Petrolíferos representam, em conjunto, 74,9% do volume total de carga embarcada.
No segmento das operações de desembarque, merecem particular referência o Petróleo Bruto, a Carga Contentorizada e os Produtos Petrolíferos, que no conjunto representam 74,7% (com parciais respetivos de 32%, 23,7% e 19%), seguidos pelos Produtos Agrícolas (7,7%) e Outros Granéis Sólidos (6,9%). O Carvão, que normalmente representa uma carga de significativa importância, em janeiro de 2020 não regista qualquer movimento (nem em Sines, nem em Setúbal). Assim, sobre o comportamento da carga desembarcada, há a registar a perda total do Carvão e as variações negativas da Carga Contentorizada em Sines, bem como as quebras dos Produtos Agrícolas de Lisboa e Aveiro. Com variações positivas, destaca-se o Petróleo Bruto de Sines e de Leixões, os Produtos Petrolíferos de Leixões e de Lisboa, e os Outros Granéis Sólidos e a Carga Fracionada em Aveiro.
Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro são os portos que apresentam um perfil de porto “exportador”, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, com um quociente entre carga embarcada e o total movimentado, no período em análise, de 76,4%, 66,4%, 57,6% e 100%, respetivamente.
Acresce, no entanto, sublinhar que, no seu conjunto, estes portos detêm uma quota de carga embarcada que se situa na casa dos 13%, sendo que a Setúbal cabe 8,4% desta quota.