A Fiat Chrysler Automobiles N.V. (“FCA”) e a Peugeot S.A. (“Groupe PSA”) assinaram hoje um Memorando de Entendimento vinculativo que visa a fusão 50/50 das suas atividades, dando origem ao 4.º maior construtor mundial em termos de volume e ao 3.º maior em termos de volume de negócios.
À frente deste gigante automóvel ficarão John Elkann, como Presidente, e o português Carlos Tavares como Chief Executive Officer. De resto, a nova companhia contará com uma estrutura de governação “altamente eficiente”, concebida para “promover um desempenho eficaz”, com um Conselho de Administração composto por 11 membros, a maioria dos quais independentes. Cinco desses membros serão nomeados pela FCA e o seu acionista de referência (incluindo John Elkann) e cinco outros serão nomeados pelo Groupe PSA e os seus acionistas de referência (incluindo o vice-presidente e o diretor Principal Não-Executivo). Aquando da fusão, o Conselho de Administração incluirá dois membros representantes da FCA e dos empregados do Groupe PSA Carlos Tavares será CEO da empresa por um mandato inicial de 5 anos e será, também, membro do Conselho de Administração.
A combinação resultará num volume de vendas anual de 8,7 milhões de veículos, com um volume de negócios de aproximadamente 170.000 milhões de euros, um resultado operacional corrente superior a 11.000 milhões de euros e uma margem de lucro operacional de 6,6%, considerando os resultados agregados de 2018. “O balanço robusto combinado garante uma significativa flexibilidade financeira e uma vasta margem, quer para a execução de planos estratégicos, quer para o investimento em novas tecnologias em todo o ciclo”, garantem os dois grupos no comunicado que anuncia esta fusão.
A entidade conjunta terá uma presença global equilibrada e rentável, assente num portfólio de marcas e complementar, cobrindo todos os principais segmentos de mercado, desde veículos de luxo, premium e automóveis de passageiros mainstream, passando por SUV, pesados e veículos comerciais ligeiros.
O novo grupo terá um equilíbrio geográfico muito maior, com 46% das receitas oriundas da Europa e 43% da América do Norte, tendo em conta os números agregados de 2018 de cada empresa, admitindo o novo gigante automóvel que “esta combinação permitirá remodelar a estratégia noutras regiões”.
“As eficiências que serão obtidas da otimização de investimentos nas plataformas de veículos, nas famílias de motores e novas tecnologias, assim como o aproveitamento do aumento de escala irão permitir que a nova companhia melhore a sua performance ao nível das compras e da criação de valor para os seus acionistas”, revela o comunicado conjunto.
Mais de 2/3 dos volumes serão concentrados em 2 plataformas, com aproximadamente 3 milhões de viaturas por ano em cada uma das plataformas, a ‘Pequena’ e a ‘Compacta/Média’.
Espera-se que estas poupanças tecnológicas e relacionadas com produtos e plataformas representem cerca de 40% do total de 3.700 milhões de euros em sinergias com taxas anuais estáveis, e que as compras representem 40% adicionais. Outras áreas, incluindo marketing, IT e digital, despesas gerais e administrativas e logística, serão responsáveis por cerca de 20%.
Estas estimativas de sinergias não pressupõem qualquer encerramento de fábricas resultante da transação. Prevê-se que as sinergias estimadas tenham um net cash flow positivo a partir do Ano 1 e que aproximadamente 80% das sinergias sejam alcançadas até ao Ano 4. O custo total único para se alcançarem as sinergias é estimado em 2.800 milhões de euros.
Essas sinergias irão permitir à empresa conjunta investir de um modo muito significativo, em tecnologias e serviços que transformarão a mobilidade do futuro, ajudando-as a ir ao encontro das desafiantes exigências regulamentares em matéria de CO2. Contando já com uma robusta presença em matéria de Pesquisa e Desenvolvimento a nível global, a entidade conjunta contará com uma plataforma robusta que lhe permitirá promover a inovação e impulsionar ainda mais o desenvolvimento de capacidades transformadoras nos domínios da eletrificação, mobilidade sustentável, condução autónoma e conectividade.
A nova empresa-mãe terá sede na Holanda e será cotada no Euronext (Paris), na Borsa Italiana (Milão) e no New York Stock Exchange, e irá beneficiar da sua forte presença em França, Itália e nos EUA.
Após a assinatura do Memorando, Carlos Tavares, Chairman do Conselho de Administração do Groupe PSA, afirmou: “A nossa fusão representa uma enorme oportunidade para assumirmos uma posição mais forte na indústria automóvel enquanto procuramos dominar as mudanças para um mundo de mobilidade limpa, segura e sustentável, fornecendo aos nossos clientes produtos, tecnologias e serviços de classe mundial. Estou plenamente convencido de que, fruto do seu imenso talento e mentalidade colaborativa, as nossas equipas irão conseguir alcançar, com entusiasmo, uma performance maximizada.”
Já para Mike Manley, Chief Executive Officer da FCA, “esta é a união de duas empresas com marcas incríveis e equipas de gestão muito qualificadas. Ambas atravessaram tempos difíceis e emergiram como empresas ágeis, inteligentes e formidáveis. As nossas pessoas partilham um traço comum: veem os desafios como oportunidades a abraçar e o caminho a percorrer para nos tornarmos ainda melhores no que fazemos.”