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Crise climática triplicou a duração das ondas de calor no oceano, revelou estudo

Crise climática triplicou a duração das ondas de calor no oceano, revelou estudo iStock

A crise climática triplicou a duração das ondas de calor nos oceanos, de acordo com um estudo que revelou a existência de mudanças significativas nos ecossistemas marinhos e no clima a nível mundial.

Segundo os cientistas, metade das ondas de calor marinhas desde 2000 não teriam ocorrido sem o aquecimento global, maioritariamente causado pelo uso de combustíveis fósseis. Além de mais frequentes, estas ondas de calor também se tornaram mais intensas. Em média, 1 °C mais quentes, no entanto, a temperatura pode ser mais quente em algumas regiões do planeta.

A investigação, publicada na Proceedings of the National Academy of Sciences, é a primeira análise abrangente do impacto da crise climática nas ondas de calor nos oceanos do mundo, com os investigadores a sublinhar também que ao termos oceanos mais quentes, leva a que estes absorvam em menor quantidade as emissões de dióxido de carbono (CO2), o leva a que as temperaturas do planeta aumentem.

“Aqui no Mediterrâneo, estamos a enfrentar ondas de calor marinhas que chegam a ser 5°C mais quentes do que o normal”, afirmou a Marta Marcos, do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados, em Maiorca, Espanha, e autora principal do estudo. “Quando se entra na água, parece mais uma sopa quente do que o mar. É uma sensação assustadora”, sublinhou a responsável.

Além de devastar ecossistemas marinhos, como as pradarias de ervas marinhas, Marcos explicou também que “as elevadas temperaturas nos oceanos fornecem também mais energia para a ocorrência de tempestades mais intensas, que acabam por afetar não só as comunidades costeiras, mas também as zonas interiores”.

A principal autora do estudo frisa ainda que “oceanos mais quentes contribuem para uma maior quantidade de vapor de água, o que resulta em chuvas mais fortes e tempestades mais severas”, salientando que o aquecimento global está a alterar significativamente o clima mundial e a amplificar eventos extremos.

Os cientistas afirmam que a única solução para reverter esta tendência passa por reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa (GEE). “Mais de 90% do calor extra que estamos a gerar é armazenado nos oceanos, por isso, se conseguirmos parar de aquecer a atmosfera, também vamos parar de aquecer os oceanos”, afirmou Marta Marcos.

O estudo, que analisou as temperaturas da superfície do mar desde 1940, revelou que, desde a década de 1940, as ondas de calor marinhas aumentaram significativamente, passando de cerca de 15 dias de calor extremo por ano para quase 50 dias por ano a nível mundial, com algumas regiões do mundo, como o Oceano Índico e o Pacífico Ocidental, a experienciarem até 80 dias de ondas de calor por ano.

Já para Xiangbo Feng, da Universidade de Reading, que também fez parte do estudo, “à medida que as temperaturas globais continuam a subir, as ondas de calor nos oceanos tornar-se-ão ainda mais comuns e intensas. É necessária uma ação climática urgente para protegermos os ecossistemas marinhos e, em última instância, a vida na Terra”.

 

 

 

 

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