Supply Chain

Crise na cadeia de abastecimento: O intrincado caso germânico

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A crise económica poderá estar a chegar à Alemanha, antecipam vários economistas. Os problemas na cadeia de abastecimento são a fonte desta situação, com inquéritos e dados recentes a apontarem para um abrandamento brusco da produção alemã.

A Alemanha é um país vulnerável às faltas de matérias-primas e de peças-chave face à sua economia estar fortemente dependente nas exportações (um em cada quatro empregos), relata o New York Times.

A indústria automóvel é uma das mais atingidas, mas a crise afeta também setores como a tecnologia e matérias desde o plástico ao cobalto. Recentemente, a Opel, uma unidade da Stellantis, anunciou que vai fechar a sua fábrica em Eisenach até ao próximo ano devido a uma falta de semicondutores.

Um inquérito da Association of German Chambers of Industry and Commerce revelou que mais de 40% das empresas alemãs perderam vendas devido a crises no fornecimento. Já o Banco Central Europeu antecipa que as exportações a nível europeu seriam 7% mais altas no primeiro semestre, se não fosse os problemas no supply chain.

Várias empresas já estão a aumentar o seu inventário de partes, encomendando matérias-primas com maior antecedência e arranjado soluções criativas. Por exemplo, a Traton, unidade de camiões da Volkswagen, anunciou estar a canibalizar componentes difíceis de encontrar de camiões que foram construídos, mas que não tiveram vendas, reinstalando-os em camiões em que existem compras já consolidadas.

Situação a longo prazo

A longo prazo, a compra de peças e matérias-primas de localizações mais perto das fábricas é uma das alternativas pensadas pelas empresas. Alguns políticos consideram que tal poderá levar a um aumento do fabrico interno na Europa e uma menor dependência chinesa. No entanto, há quem note que existiram mais problemas a importar da Europa, durante a pandemia, do que da Ásia. “Não é o caso de que se não estivéssemos dependentes da China teríamos ultrapassado a crise sem problemas”, disse o economista que estuda cadeias de abastecimento no Instituto Kiel para a Economia Mundial, Alexander Sandkamp.

Há quem compare a situação atual nas empresas com a procura dos consumidores por produtos essenciais no início da pandemia, no qual se compra mais do que é necessário para guardar.

As tensões entre a China e os Estados Unidos, o aumento do protecionismo e a nova lei alemã, que entra em vigor em 2023, que não permite a compra de fornecedores que utilizam trabalho escravo e/ou infantil são outros fatores a influenciar a crise na Alemanha.

“Sabíamos que as cadeias de abastecimento globais eram arriscadas antes de termos a Covid”, disse o chefe de compras da Voith (empresa que constrói e equipa fábricas de papel e centrais hidroelétricas), Robert Ohmayer. “A crise da Covid é um acelerador, mas não é uma nova tendência”, concluiu.

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