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Análise: a logística no centro de redução de custos no retalho

Análise: a logística no centro de redução de custos no retalho

A logística é uma área prioritária para obter poupanças e são vários os projetos em curso para otimizá-la. Os retalhistas El Corte Inglés, FNAC, Sonae MC e Staples contam dos projetos em curso, dos resultados obtidos e confirmam: o envolvimento dos parceiros – transportadores e operadores logísticos – é possível e dá resultados.

A gestão da cadeia de abastecimento e os processos logísticos são áreas com um elevado potencial e que podem influenciar os resultados financeiros de uma empresa. João Neves, Diretor de Logística & Supply Chain da FNAC Portugal, aconselha as empresas presentes em Portugal, pertençam elas ao universo do retalho ou da indústria, a darem cada vez mais atenção a estas áreas.

“As empresas devem mudar a forma tradicional como olham para estes departamentos e pensar, cada vez mais, em incorporá-las no seu negócio, à imagem do que fazem atualmente com os seus departamentos comerciais e de marketing”. Este responsável vê também nos profissionais destas áreas a responsabilidade de “promoverem, cada vez mais, dentro das suas empresas e externamente este potencial e os resultados obtidos”.

Poupar na logística serve para reduzir custos e poder competir através da melhor oferta de preços aos clientes. “A oferta de uma proposta de valor competitiva aos nossos clientes é reforçada pelos níveis de eficiência que possamos atingir. Como tal, procuramos permanente e incessantemente níveis de referência”, explica Pedro Santos, Diretor de Transportes e Desenvolvimento e-Commerce da Sonae MC.

Esta insígnia tem vindo a desenvolver “um intenso trabalho” na otimização da área logística, em especial no que toca à preparação de encomendas e aos transportes. Em ambos os casos, o foco tem incidido sobre os modelos logísticos, planeamento de recursos e rotas, processos e equipamentos e tem sido trabalhado com equipas pluridisciplinares que incluem os colaboradores da Sonae MC, parceiros especializados ou investigadores académicos.

Redimensionar a operação

A equipa de supply chain da Staples Portugal trabalha “todos os dias” para aumentar a eficiência do processo logístico e encontrar economias de escala e ganhos de sinergias internas. O objetivo é “reduzir o custo logístico do artigo quando chega ao expositor da loja ou ao destino final no caso dos canais de venda à distância”, afirma José Miranda, Diretor de Supply Chain & Costumer Service da Staples, acrescentando: “A otimização tem que ser uma realidade sempre presente no nosso dia-a-dia, quem acha que atingiu o limite dificilmente sobrevive no contexto atual”.

O esforço de redução de custos verifica-se em todas as áreas, já que “a dinâmica do negócio obriga a um repensar permanente da atividade com a consequente análise de todas as áreas. Revemos e medimos, num processo contínuo minuciosamente cada linha do P&L – Profit and Loss por forma a encontrarmos oportunidades. Envolvemos as equipas na análise dos subprocessos e premiamos as melhores propostas e ideias”, explica José Miranda.

Em cima da mesa está o desafio do redimensionamento de toda a operação logística, como resultado da aposta recente da Staples Portugal no online e no conceito Omni Channel, que obriga a trabalhar mais referências, com outros fornecedores e com lead time de receção e expedição diferentes. Outro desafio é a flexibilização da operação logística, transformando mais custos fixos em variáveis, com o objetivo de “adequar os recursos aos fluxos de forma mais rápida”. Outra oportunidade identificada é o repacking de muitos dos produtos para reduzir a manipulação de unidades. “Com a situação económica que vivemos atualmente estamos perante um paradigma no que diz respeito às unidades de manipulação”, avança o responsável de supply chain.

Otimizar custo logístico/vendas

Também na FNAC Portugal a rentabilização no processo logístico é “um foco permanente”, garante o Diretor de Logística & Supply Chain, João Neves. Com o objetivo de “otimizar o rácio custo logístico / vendas face a 2012”, a insígnia francesa concluiu recentemente projetos na área dos transportes e armazém e tem em curso projetos noutras áreas. “Existem fronteiras muito ténues entre alguns dos principais projetos, o que torna difícil quantificar o seu impacto com exatidão de uma forma isolada.

No entanto, estimamos com estes projetos alcançar um custo logístico total equivalente a 1,3% das nossas compras”, explica. Na vertente dos transportes foram ajustadas as frequências de entrega nas lojas e respetivas rotas à variação permanente que é hoje em dia o volume transportado. “Para isto contámos muito com a flexibilidade e sentimos a parceria do nosso atual parceiro nos transportes”, confirma João Neves. Este projeto permitiu alcançar uma redução de 7% nos custos anuais de distribuição no continente e ilhas. Para tornar o armazém mais eficiente em termos de áreas alocadas a cada operação, foram redefinidos os percursos de movimentação de mercadorias com impacto positivo na eficiência de movimentação de pessoas e máquinas.

Estão ainda em curso outros projetos na área de informática e eficiência “in store”, com os quais a FNAC Portugal espera “reduzir os custos operacionais de toda a cadeia em 1,7%, por via de incremento da produtividade”. Na área de informática estão a ser desenvolvidas melhorias nas atuais aplicações informáticas utilizadas pela logística, para permitir alterar os processos operacionais e administrativos por processos mais eficientes. “Apostamos claramente numa filosofia em que o objetivo dos desenvolvimentos informáticos deve ser proporcionar uma operação logística eficiente e não obrigar a operação logística a adaptar-se às aplicações informáticas”, explica João Neves.

Ao nível da eficiência “in store”, a aposta é alterar processos logísticos em toda a cadeia que estejam a ter impacto na atividade logística e comercial das lojas e que não produzam valor acrescentado. “Queremos os recursos de loja focados naquilo que é core e capaz de trazer valor acrescentado: o serviço ao cliente e as vendas”. No âmbito dos stocks está em curso um projeto para ajustar as coberturas e a qualidade do stock às necessidades atuais, promovendo políticas de compra eficientes e gerindo os parâmetros de reaprovisionamento de uma forma dinâmica e eficiente, que permita “libertar capital”.

FNAC Portugal

250 mil referências geridas internamente

Cabe à operação logística da FNAC Portugal gerir cerca de 250 mil referências ativas de um vasto sortido de produtos que vai dos livros aos produtos tecnológicos, passando por categorias como os instrumentos musicais, a papelaria ou o merchandising. A gestão é interna e apenas a distribuição está externalizada. A operação logística da FNAC Portugal está centralizada num único armazém de 8.000m2, em Alverca, que serve todas as 17 lojas do continente e Madeira.

Sonae MC

Entregas sete dias por semana

No e-commerce, a Sonae MC opta por adequar os modelos logísticos que usa às especificidades dos produtos, processos e expectativas dos clientes. As encomendas são preparadas por equipas operacionais devidamente preparadas e formadas, garantindo a eficiência e qualidade do processo, nomeadamente em todos os requisitos de segurança alimentar, sempre que aplicável.

As entregas de base alimentar são realizadas por equipas e viaturas dedicadas e exclusivas, assegurando todos os requisitos de qualidade, como por exemplo as temperaturas, com “a máxima eficiência económica e ambiental”. São realizadas entregas sete dias por semana, das 9h00 às 22h30, podendo o cliente selecionar períodos de entrega de duas horas. “Assegurando toda a conveniência aos clientes, o lead time poderá ser de apenas algumas horas”, assegura Pedro Santos.No caso de outras gamas de produto são utilizados modelos alternativos, sendo tipicamente entregues até 48 horas após a colocação da encomenda.

Staples Portugal

15 000 SKU em três canais de distribuição

A Staples tem um Centro de Distribuição Nacional, na Azambuja, com 14 500 m2 de armazém, onde estão concentradas todas as suas atividades da supply chain, nomeadamente compras,

logística, transporte, pós-venda, logística inversa, etiquetagem, co-packing e montagens. A equipa, constituída por cerca de 70 pessoas em média, varia em função de “alguma sazonalidade”, confirma José Miranda. Neste centro de distribuição são trabalhados cerca de 15 000 SKU, repartidos por três canais de distribuição: retalho, online e advantage. Os fluxos trabalhados no armazém são o picking tradicional, picking by line, cross docking e detail picking. O lead time de entrega nas lojas é definido em função da dinâmica de vendas de cada loja, existindo lojas que recebem diariamente, outras com quatro entregas semanais e assim sucessivamente até um mínimo de duas. Os canais de venda à distância são entregues em 24 horas, com todas as encomendas rececionadas até às 15h00 de D entregues em D+1 (Portugal Continental), salvo algum problema ao nível da disponibilidade do stock.

Todo o transporte é subcontratado com exceção de algumas situações pontuais na grande Lisboa e Porto. A subcontratação do transporte é feita em função da especificidade do canal e do serviço, com transportadores que se dedicam exclusivamente a entregas e montagens de mobiliário e outros a entregas nas lojas. Um transportador dedica-se apenas ao B2B ou B2C em Portugal Continental e nas Ilhas o transportador é escolhido em função dos volumes.

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