O Ranking Viajar Responsavelmente, promovido pela Federação Europeia de Transportes e Ambiente, da qual a ONG Zero faz parte, revelou que nenhuma das 13 empresas portuguesas incluídas, pelo segundo ano consecutivo, definiu objetivos para reduzir as emissões decorrentes das viagens aéreas em trabalho dos seus funcionários.
Segundo explicado em comunicado, a nível global, apenas 50 empresas das 322 analisadas definiram objetivos nesse sentido. Destas, apenas nove se comprometeram a reduzir especificamente a pegada das viagens aéreas, reduzindo o seu número.
Por sua vez, apenas quatro empresas desta seriação fazem o reporte das emissões das suas viagens aéreas e comprometem-se a reduzi-las em 50% ou mais até 2025 (em relação a 2019):
- Novo Nordisk (farmacêutica dinamarquesa)
- Swiss Re (financeira suíça);
- ABN Amro (financeira neerlandesa);
- Fidelity International (financeira britânica).
Mesmo assim, o relatório nota que não é suficiente para estas empresas cumprirem a sua quota parte na manutenção do aquecimento do planeta abaixo dos 1,5°C.
Nesta edição do ranking, foi considerado pela primeira vez o reporte dos efeitos não-CO2 da aviação – que incluem, por exemplo, a emissão de outros gases com efeito de estufa, tais como óxidos de azoto e vapor de água. A Galp Energia e a NOS reportaram esses efeitos e são as empresas portuguesas mais bem classificadas. Ambas fazem parte do restrito grupo de 40 empresas que em termos globais que fizeram o reporte.
No entanto, a ZERO considera que este reporte só tem impacto se estas empresas assumirem o compromisso de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa por motivo de viagens aéreas.
As empresas portuguesas no ranking
As empresas portuguesas presentes no ranking – este ano há quatro novas (EFACEC, Jerónimo Martins, Mota Engil e Altri) – obtiveram classificações C e D (num total de quatro classificações, de A a D), tal como no ano passado.
Apesar disso, houve uma ligeira melhoria na nota, mas não foi suficiente para retirá-las das piores classificações, sendo que a Altri e a Mota Engil estão no grupo das mais mal classificadas, e esta última está mesmo na pior posição do ranking global no seu setor (construção e engenharia).
A nível nacional, a posição das empresas no ranking também se alterou. A Galp Energia e o Banco Comercial Português viram a sua posição subir, sendo agora as mais bem classificadas, destronando a Jerónimo Martins que passou para a segunda posição. À exceção da NOS, que manteve a sua posição nacional, todas as restantes empresas viram a sua posição descer.
As empresas que entraram pela primeira vez nesta edição do ranking ocupam as posições mais baixas.
A classificação negativa acontece quando as empresas não reportam informação suficiente relativamente às emissões decorrentes de viagens aéreas ou têm emissões acima das 150 mil toneladadades de CO2 e não têm pontos positivos nos restantes indicadores, como é o caso da Mota Engil e da Altri.
“Mesmo considerando que em Portugal a alternativa ao transporte aéreo, em especial quando falamos de viagens internacionais dado o carácter periférico do país na Europa, nem sempre é viável, nomeadamente em transporte ferroviário, o posicionamento das empresas portuguesas mostra que muitas outras medidas possíveis não estão a ser tomadas, nomeadamente um compromisso de diminuição de emissões e o reporte de todas as emissões (CO2 e não CO2)”, nota a Zero.
Panorama Global
A nível global, a Volkswagen, a KPMG e a Johnson & Johnson são as três empresas com mais emissões no Ranking Viajar Responsavelmente, sem objetivos de redução das emissões decorrentes de viagens em trabalho.
O estudo que acompanha esta edição do ranking mostra que se apenas 10% do total das empresas com maiores emissões no ranking definirem objetivos de redução das emissões em 50%, será meio caminho andado para alcançar uma redução de 50% das emissões por motivo de viagens aéreas em 2025.