Que serviços a Maersk Portugal disponibiliza atualmente, envolvendo portos portugueses?
Temos três serviços em Portugal envolvendo os portos de Lisboa e Leixões, aqueles em que temos maior interesse em Portugal. Daqui fazemos a ligação a Algeciras, onde temos o nosso maior hub internacional na Europa, a partir do qual temos ligações a todo o mundo. Um dos nossos serviços, a que chamamos Z01 ou BG Freight, liga semanalmente Algeciras – Lisboa – Leixões. Não é um serviço próprio da Maersk, mas um feeder disponibilizado pelo operador norte europeu BG Freight, de que nós ocupamos mais de 98% do espaço total. Com o aumento das exportações portuguesas optámos por aumentar a capacidade do navio e eliminar ligações ao Norte de Espanha, em Vigo e Bilbau, o que nos permitiu aumentar a frequência e a rotação do serviço. Hoje garantimos a Portugal um serviço com boa capacidade e muito fiável. Outro serviço da Maersk em Portugal é dedicado a Angola. É um serviço semanal, com uma capacidade similar ao anterior, e cobre Algeciras – Leixões – Lisboa. O navio para em Algeciras, para a carga de transhipment, e depois segue para Luanda. Temos um terceiro serviço, bissemanal e com a mesma capacidade, que cobre Lisboa-Leixões-Algeciras e Cabo Verde (Praia e Mindelo) e Guiné-Bissau.
Que evolução observa nestes serviços e quais as cargas onde se regista maior procura?
Na exportação, temos as cargas típicas europeias, como o scrap para ser reciclado (papel, plástico e metal) com destino ao Extremo Oriente, a par de cargas mais específicas, como a cortiça ou o papel. Para Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau temos o tráfego típico da África Ocidental: produtos alimentares, cerveja e material de construção. Na importação temos sobretudo produtos acabados oriundos do Extremo Oriente e da Índia. Desde há três meses notamos que a carga para a África Ocidental, e sobretudo para Angola, que é o nosso principal mercado neste tráfego, está a diminuir. Pelo que sabemos, esta redução está relacionada com uma inspeção adicional para toda a carga refrigerada imposta pelo governo angolano, que complica o processo. Por outro lado, o despacho da carga normal está a sofrer maior demora que no ano passado, o que está a prejudicar os exportadores portugueses, que tendem a focar-se noutros mercados. Por sua vez, Cabo Verde não está a crescer e prevemos que diminua um pouco, devido às limitações de capital do principal parceiro, Portugal. Já a Guiné Bissau não é um mercado maduro e é muito difícil de trabalhar, pois existem muitos desafios operacionais. Temos aqui um tráfego que está a manter-se, ainda que sem a dimensão de Cabo Verde e muito menos de Angola.
Quando uma empresa como a Maersk olha para Portugal, o maior interesse é a ligação às antigas colónias portuguesas, certo?
No caso da Maersk claramente sim, sobretudo Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau e Moçambique. Já temos um serviço para Moçambique mas ainda não é direto, o percurso é Portugal – Algeciras – Omã – Moçambique. Ainda não temos massa crítica em termos de carga para justificar um serviço direto, mas tê-lo-emos no prazo máximo de cinco anos.
Para além das ex-colónias, também estamos a crescer no tráfego de Portugal para o Médio Oriente (Golfo e Índia) e Extremo Oriente e estamos também a focar-nos na América do Norte. África é la crème de la crème mas, por via de África, gostamos de fazer outros tráfegos que são interessantes.
Quais vão ser as apostas da Maersk Portugal para o curto e médio prazo?
Neste momento temos a capacidade que precisamos para crescer no mercado português. Vamos potenciar a nossa oferta para a América do Norte, que é uma região muito interessante para Espanha e para Portugal. Já temos um serviço que parte da Índia, passa por Algeciras e tem como destinos Nova Iorque, Houston e Savannah. Desde meados de junho temos outro serviço, ligando o Golfo Pérsico a Algeciras e à América do Norte. Com a nossa ligação muito fiável entre Lisboa e Porto a Algeciras, garantimos duas partidas por semana no sentido da América do Norte. Para o mercado português, estes serviços são interessantes em termos das exportações para a América do Norte e também das importações da Índia e do Golfo Pérsico.
No ano passado criámos um serviço, chamado Eco Med, a pensar nas importações de banana e ananás da América Central e do Sul para a Europa. Este serviço começou por focar-se na importação de fruta, mas depois verificámos um interesse tão forte do mercado na exportação de carga geral que já não temos muito espaço para crescer. Estamos ainda a desenvolver uma ligação de Algeciras para o México, via Causedo, na República Dominicana, que pode abrir um mercado novo para nós. E, desde o início de junho, estamos a vender um serviço direto da África do Sul para Lisboa, relacionado com a campanha de citrinos. Até ao final do Verão é uma possibilidade de exportação de carga para a África do Sul.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Julho/Agosto da sua LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE