A meta da Comissão Europeia de ter 100 smart cities e neutras em carbono até 2030 está em risco. A conclusão é do estudo “Fit for the Future Cities: How technology can accelerate sustainable change”, encomendado pela Vodafone e conduzido pela Opinion Matter.
Segundo explicado em comunicado, o relatório conclui que serão necessárias medidas políticas urgentes – incluindo financiamento adequado, a criação de task-forces para as smart cities e a disponibilidade de conectividade de alta qualidade – para superar barreiras e garantir a meta.
O estudo identifica cinco estágios de adoção de smart cities, com a maior proporção de cidades (45%) a recair na categoria Pathfinder. Este grupo começou a adotar soluções, mas precisa de mais financiamento e de uma estratégia clara para perseguir as suas ambições futuras, bem como um investimento em infraestrutura digital adequada. Em Portugal, a maior proporção também recai nesta categoria (46% – 23 cidades em 50).
O grupo de países mais avançados na sua transformação digital está identificado como Front-Runner. Este grupo beneficia da existência de cidades tecnologicamente maduras e está motivado para investir ainda mais em soluções inovadoras – representa apenas 6% (três em 50) das cidades em Portugal.
A maioria dos inquiridos portugueses (60%) considera que o País já iniciou a sua jornada de transformação digital para as smart cities. Em maior número, 80% consideram que as autoridades locais valorizam as soluções de smart cities.
O relatório aponta ainda que sete em cada dez cidades europeias inquiridas preveem investir em soluções inteligentes no futuro, com mais de metade (52%) a planear gastar entre dois e dez milhões de euros durante os próximos três anos.
Os problemas identificados
Embora os planos para smart cities nos 10 países analisados (Espanha, Reino Unido, Itália, Alemanha, Roménia, Portugal, República Checa, Turquia, Grécia e Finlândia) estejam em diferentes fases de implementação, os especialistas destacaram a existência de uma “fragmentação de responsabilidades” subjacente.
Os especialistas identificaram como principais barreiras à implementação de smart cities:
- a falta de fundos
- a legislação
- a necessidade de existir infraestrutura adequada
- preocupações com privacidade e segurança
- complexidade dos procedimentos de aquisição
- falta de estratégia e
- competências digitais
Para acelerar a adoção o relatório recomenda quatro ações específicas:
- Assegurar a disponibilização de financiamento adequado, através de investimento público e privado, e garantir que as cidades estão cientes do apoio disponível, com orientações claras sobre o acesso a esses meios.
- Desenvolver projetos de smart cities, incentivando a criação de task forces para esta temática. Essas equipas devem dar a conhecer as melhores práticas – por exemplo, sobre a forma de partilhar informação – e desenvolver mecanismos para medir a eficácia e o impacto das soluções de smart cities. Essas task-forces também podem fazer recomendações sobre como desenvolver e respeitar o enquadramento legal existente que afeta a implantação das smart cities, por exemplo na área da cibersegurança.
- Melhorar a literacia e as competências digitais tanto de quem está a selecionar e a implementar soluções de smart cities, como dos cidadãos que usarão os serviços disponibilizados por essas soluções.
- Tornar disponível e acessível a todos a conectividade de alta qualidade, catalisador para o desenvolvimento bem-sucedido das smart cities.
Metodologia
O inquérito online foi realizado pela Opinion Matters, consultora independente de estudos de mercado, que recolheu respostas com a seguinte distribuição geográfica: Espanha, Reino Unido, Itália, Alemanha, Roménia, Portugal, República Checa, Turquia, Grécia e Finlândia. Os especialistas inquiridos foram selecionados por ocuparem cargos numa autoridade local ou num município, região metropolitana, distrito ou estado, e terem um elevado grau de responsabilidade na tomada de decisões sobre tecnologia e inovação.