Transportes

Plataformas online oferecem mais serviços e integram indústria e comércio

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As mais recentes plataformas online vão muito além das tradicionais Bolsas de Carga, que funcionavam só para os transportadores, oferecendo cada vez mais serviços e permitindo também a ‘entrada’ à indústria e comércio para as ajudar a encontrar os melhores serviços de transporte. No mercado, coexistem empresas de grandes grupos internacionais com plataformas nacionais mais pequenas, mas com ofertas diversificadas.

A palavra de ordem parece ser a diversificação de serviços e a possibilidade de neste mundo de transportadores passarem a entrar também os seus clientes, nomeadamente a indústria e o comércio.

Seguindo a máxima de que “quanto mais dispõe uma bolsa de cargas, mais valor ela oferece”, a TimoCom acredita que a sua grande mais-valia “é, obviamente, o grande número de empresas que fazem parte da nossa rede, bem como a segurança”, diz-nos Africa Narbona Gil, country manager de Espanha e Portugal.

“A TimoCom tem uma oferta diária de até 750.000 cargas e camiões e é atualmente a maior bolsa de mercadorias do mercado”, adianta.

Verónica Rodríguez, brand and communications manager Marketplace, no grupo Alpega, que detém outra das grandes empresas do mercado, salienta que “a Wtransnet é uma plataforma online onde promovemos a colaboração entre empresas de transporte num ambiente seguro. O nosso trabalho é colocar transportadores e operadores logísticos em contacto, com o objetivo de otimizar rotas, reduzir quilómetros vazios e melhorar a rentabilidade dos seus contratos”. E sublinha: “Já éramos a principal bolsa de cargas da Península Ibérica e, desde que nos juntámos à Teleroute e à 123Cargo no grupo Alpega, tornámo-nos uma das maiores redes de colaboração para transporte na Europa”.

Empresas nacionais diversificam oferta

Por seu lado, plataformas nacionais como BizCargo.com, CargoNet Online e 40 Pés estão centradas essencialmente no mercado nacional, embora já a começar a expandir, principalmente para Espanha, e apostam em serviços mais diversificados ou incluindo a indústria e o comércio.

Rui Barros, CEO do BizCargo.com, salienta que “os desafios da transformação digital são cada vez maiores e chegam rapidamente aos setores mais tradicionais. As empresas passaram a necessitar de novas ferramentas que suportem a gestão do transporte das mercadorias e que consigam conciliar informação de diferentes fontes agregadas num único local”.

Assim “o BizCargo.com é uma plataforma eletrónica que é capaz de ajudar as empresas da indústria e do comércio a encontrar os melhores serviços de transporte, facilitar as negociações com múltiplos transportadores, simplificar os processos burocráticos associados e providenciar informação em tempo útil sobre o estado do transporte e a localização da carga”.

Também a CargoNet Online oferece “soluções que permitem às empresas industriais/comerciais contratarem transportes de uma forma direta, ajudando-as a escoar a mercadoria rapidamente e a diversificar a sua rede de prestadores. Assim como dá a possibilidade a empresas de transporte, independentemente da sua dimensão, de aceder a cargas em primeiro grau, negociando e trabalhando diretamente para o cliente final sem intervenção de intermediários”, afirma Hugo Redondo, cofundador da plataforma.

Já o 40 Pés “é uma plataforma de software de gestão específica para o setor dos transportes de mercadoria, com um conceito inovador não só porque é um software de gestão colaborativo (…) Funciona como um software de gestão ‘all in’ com oferta em todas as frentes da empresa, tornando-se o ‘melhor amigo’ dos gestores e operacionais dos vários departamentos (tráfego, comercial, frota, operações e financeiro) e como uma grande rede que junta no mesmo local todos os stakeholders relevantes no transporte de mercadorias, nomeadamente transportadores, transitários, agências marítimas e depots”, avança o CEO, Bruno Cavaco. “Nesta grande rede conseguem partilhar negócios, serviços e trabalhar de forma integrada, poupando tempo e dinheiro, otimizando igualmente os espaços livres e os retornos”, acrescenta.

O que as diferencia?

A country manager de Espanha e Portugal da TimoCom refere que “somos uma ferramenta muito completa que oferece soluções não apenas para empresas de transporte e operadores de transporte, mas também para empresas da indústria e comércio, sendo atualmente um elemento diferenciador, já que outras plataformas de transporte funcionam apenas com empresas de transporte”.

Por seu lado, Verónica Rodriguéz considera que “o valor diferencial da Wtransnet é, sem dúvida, o seu compromisso com a qualidade, promovendo um ambiente de máxima segurança e confiança apenas nas empresas que foram validadas. Além de oferecer tecnologia própria, com constante inovação para se adaptar às necessidades do setor e de seus clientes, é a primeira e única bolsa de carga com garantia de pagamento”. A Wtransnet também oferece às transportadoras uma garantia de cobrança, graças a um acordo com a Coface.

Muito para além de uma plataforma de negociação de fretes e disponibilidades, Rui Barros diz à LOGÍSTICA&TRANSPORTES HOJE que “o BizCargo facilita a emissão de documentos em formato eletrónico com validade legal, a troca da informação e dos documentos entre empresas e autoridades e facilita a gestão de documentos de transporte concentrando-os num único local organizados por shipment”.

Enquanto Bruno Cavaco refere que “são vários os detalhes que fazem do 40 Pés uma solução única”, enumerando diversas vantagens de que destacamos: “Somos os únicos a garantir integração em todas as frentes de gestão, seja na frota, tráfego, financeira, operações, localização”.

Já o cofundador da CargoNet Online destaca: “Queremos que as empresas estabeleçam relações de negócio diretas, duradouras e consigam diversificar a sua carteira de prestadores de transporte e de empresas clientes. Que o mercado dinamize e se volte para o futuro”.

Hugo Redondo adianta ainda que a plataforma celebrou acordos de parceria com duas empresas “reconhecidas internacionalmente, com o intuito de garantir a segurança de todos os negócios passados dentro e fora da plataforma”. São elas a Coface, que oferece seguro de faturas, e a Gestifatura, do grupo Credito y Caución, que disponibiliza um serviço de recuperação de faturas em dívida.

A CargoNet Online lançou também em 2019 uma ‘Bolsa de Motoristas’, colocando ao dispor das empresas de transporte “o acesso a uma carteira de perfis de motoristas que se poderão inscrever gratuitamente na plataforma indicando as suas disponibilidades, experiencias profissionais, zonas de residência, etc. para que empresas de transporte vejam as suas necessidades de Recursos Humanos suprimidas mais eficazmente”.

‘Aversão’ à tecnologia é entrave

No campo dos desafios ou problemas, a maioria das empresas salienta que embora Portugal seja um país que adota facilmente novas tecnologias e “apesar do setor ter empresas pujantes e fortemente investidoras em inovação e tecnologia, estamos a falar de uma área onde mais de 80% das empresas são de micro, pequena e média dimensão”, diz o CEO do 40 Pés, lembrando que “em muitos casos empresas familiares, onde os decisores são ‘self made men’, que fazem de tudo um pouco, muitas das vezes ainda conduzem camiões. Neste sentido nem sempre é fácil conseguirem ter o tempo necessário, para percecionarem como uma plataforma como a nossa pode útil”.

Também Africa Narbona Gil, country manager de Espanha e Portugal na TimoCom considera que “em Portugal, ainda existe uma grande lacuna entre o grau de digitalização das grandes empresas de transporte e logística e o das empresas menores. Embora os gigantes da logística trabalhem com processos digitalizados há anos, pequenas e médias empresas de transporte enfrentam dificuldades em suportar soluções de software complexas”.

Para Verónica Rodriguéz, “os quilómetros vazios são o calcanhar de Aquiles do transporte e é aí que as bolsas de carga intervêm para reforçar o elo mais fraco da cadeia: a subcontratação de fornecedores”.

Por último, como desafio para o futuro o CEO do BizCargo.com defende que “o setor dos transportes e da logística e os agentes económicos, de um modo geral, podem aumentar consideravelmente a sua competitividade se alguns dos processos burocráticos e obrigações a cumprir forem modernizados e sujeitos a uma melhoria na interação, com as respetivas autoridades, por via eletrónica e suportada por processos automatizados” e avança que “temas como este são tratados no projeto nacional de construção da JUL – Janela Única Logística, no qual a nossa empresa colabora diretamente”.

Rui Barros destaca ainda que “a harmonização de procedimentos e a adoção de normas para a comunicação de dados vem certamente reduzir os designados custos de contexto que pesam sobre as operações no setor”, referindo que “esta é uma área na qual trabalhamos ativamente e pela qual fomos nomeados embaixadores da Comissão Europeia para a divulgação destas tecnologias que aceleram a adesão ao Mercado Único Digital”.

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