O futuro da rede de logística da Amazon envolverá, sem dúvida, Inteligência Artificial (IA) e robótica, mas ninguém sabe ao certo quando é que máquinas alimentadas com IA farão a maior parte do trabalho. De acordo com Scott Anderson, diretor de robótica da empresa, “o ponto em que um armazém da Amazon é totalmente automatizado de ponta a ponta está a pelo menos a 10 anos de distância”. Os comentários de Anderson, divulgados recentemente pela Reuters, destacam o atual ritmo de automação, mesmo em ambientes que estão maduros para o trabalho robótico, como um armazém da Amazon.
“Atualmente, os robôs estão habilitados, principalmente, para tarefas específicas e repetíveis para as quais são programados com precisão. Fazer com que o robô faça outra coisa exige uma reprogramação cara e demorada”, salientou Anderson.
O responsável do colosso norte-americano de e-commerce referiu ainda que “os robôs que podem executar várias tarefas diferentes e operar em ambientes dinâmicos que exigem que o robô veja e entenda o que acontece em seu redor ainda estão no campo da pesquisa e dos testes experimentais”. E adianta mesmo que “até mesmo o processo simples de identificar um objeto e pegá-lo sem ter sido treinado nesse objeto requer uma série de softwares e hardwares complexos e sofisticados que ainda não existem comercialmente”.
Nas instalações da Amazon e nos centros de atendimento de outras empresas, grande parte do trabalho ainda é em grande parte feita por mãos humanas, porque é difícil treinar robôs para ver o mundo e usar garras robóticas com a destreza de trabalhadores humanos.
Mas como parte da contínua revolução na aprendizagem profunda que acelerou o progresso da pesquisa da IA na última década, os robôs estão a começar a ganhar níveis de visão e controlo motor que se aproximam dos níveis de sofisticação humanos. A Amazon é uma das empresas pioneiras desses robôs, e realiza um chamado desafio anual de picking, desde pegar um objeto para movê-lo para outra parte da cadeia logística, de modo promover avanços neste campo.
Várias outras empresas e laboratórios de pesquisa têm feito progressos nessa área também. A UC Berkeley, por exemplo, tem um laboratório de robótica que fez progressos substanciais neste campo, e o seu novo robô low-cost, que consiste num par de braços humanóides controlados por um sistema central chamado Blue, pode executar tarefas manuais complexas como a dobra de uma toalha, graças a um sistema AI de visão.
O laboratório de investigação OpenAI também tem usado uma técnica de treino de IA para ensinar movimentos robóticos a movimentos mais precisos e elegantes, os tipos de movimento que seriam necessários para um robô replicar um humano num armazém. Já a Kindred, uma startup sediada em San Francisco, fabrica um braço robótico chamado Kindred Sort, implementado nos armazéns da Gap, que usa uma mistura de automações para realizar a coleta dinâmica de produtos.
Segundo a Reuters, a Amazon tem 110 armazéns nos EUA, 45 centros de triagem e cerca de 50 postos de entrega, todos com mais de 125.000 trabalhadores de armazém em tempo integral. Mas apenas uma fração do trabalho total é realizada por robôs. “Neste momento, os robôs são simplesmente muito imprecisos e desajeitados e exigem muito treino para serem implementados no armazém”, explicou Anderson.