Tecnologia

A sustentabilidade do blockchain – O pau de dois bicos

O blockchain é sustentável? – O pau de dois bicos

O blockchain é visto como um mecanismo promissor para promover a descarbonização. Mas, ao mesmo tempo, possui uma pegada carbónica ‘escondida’.

O relatório “Financing Climate Futures: Blockchain Technologies as a Digital Enabler for Sustainable Infrastructure”, promovido pela OCDE, avalia o papel que o blockchain pode assumir como auxiliar da sustentabilidade. Esta tecnologia “pode desbloquear novas formas de financiamento e mobilizar compromissos industriais para a redução carbónica através do estabelecimento de novas plataformas de financiamento”, pode ler-se.

O relatório explora um caso de estudo com uma infraestrutura de financiamento descentralizada. Esse tipo de infraestrutura “poderia permitir que o pleno espetro dos investidores investisse diretamente em infraestruturas sustentáveis através de uma plataforma baseada em blockchain, transformando ativos ilíquidos em ativos digitais negociáveis e aumentando os fluxos de financiamento para um desenvolvimento sustentável”.

No entanto, a OCDE aponta que para “uma implementação bem-sucedida, um enquadramento jurídico internacional precisa de ser estabelecido, permitindo para transações simples de investimento para o espetro total dos investidores”.

Há quem considere que 2023 será o ano em que o blockchain vai tornar-se a solução sustentável. O líder de sustentabilidade da Polygon (plataforma de desenvolvimento de blockchain), Stefan Renton, denota, num artigo de opinião, o papel importante que a tecnologia pode assumir para rastrear balanços de carbono e outras medidas ambientais, responsabilizando as empresas que proclamam ser sustentáveis.

Mas, na sua visão, o blockchain pode assumir outros papéis. “Esperamos ver um número crescente de sistemas com foco na sustentabilidade a serem lançados em 2023, onde itens como a utilização de água ou a produção de plástico podem ser rastreados e relatados de forma semelhante. Os governos e reguladores podem criar padrões claros para quais os níveis de impacto ambiental são aceitáveis ​​em vários setores e utilizar esses sistemas blockchain para monitorizá-los”, aponta.

Apesar deste papel, o blockchain pode requerer muita energia, dependendo do tipo de processo utilizado. De acordo com a Stephenson Law, existem três tipos de algoritmos utilizados pelo blockchain:

  • Proof of Work – o utilizado pela maioria, em que cada computador, através do seu poder de processamento, é responsável por resolver puzzles matemáticos complexos e compete para ser o mais rápido a fazê-lo. É o processo que requer mais energia.
  • Proof of Stake – permite que os proprietários da criptomoeda apostem as suas moedas, dando-lhes o direito de verificar novos blocos de transações e adicionarem-nas ao blockchain. O sistema não usa muita energia e está dependente da quantidade de tokens que cada um possui;
  • Proof of Authority – o sistema é baseado em reputação e está a ser implementado como uma alternativa mais eficiente. Em vez de alguém apostar moeda, aposta a sua reputação. Os blocos e as transações são verificadas através de participantes pré-aprovados e confiáveis, que servem como moderadores.

No caminho para tornar este processo sustentável surgiu o  Crypto Climate Accord, suportado por 40 projetos, com o objetivo de fazer com que todos os blockchain funcione a 100% com fontes de energia renováveis até 2025 e que toda a indústria das criptomoedas se torne neutra em carbono até 2040.

O líder de sustentabilidade da Polygon, no seu artigo de opinião, nota os esforços do setor nesse sentido. “As possibilidades oferecidas por blockchains sustentáveis ​​são enormes e as vantagens para o meio ambiente são importantes demais para serem ignoradas. Claro, ainda há desafios a serem enfrentados, como acontece em qualquer setor, mas eles são reconhecidos e estão sendo trabalhados ativamente. Que outra indústria teve a sua segunda maior empresa reduzir o seu consumo de energia e emissões em mais de 99% em menos de dez anos desde a sua criação?”, aponta.

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