A Universidade Columbia, nos Estados Unidos da América, analisou pela primeira vez o custo da transição ‘verde’ em emissões com gases com efeito de estufa (GEE). A investigação concluiu que se a instalação de infraestrutura renovável se mantiver no mesmo ritmo atual, esta instalação produzirá 185 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2100 (equivalente a cinco ou seis anos das emissões globais atuais).
Em comunicado, a universidade explica que se, mundialmente, for construída a mesma infraestrutura com rapidez suficiente para limitar o aquecimento global a dois graus, as emissões na instalação seriam reduzidas para apenas 95 mil milhões de toneladas.
Numa perspetiva ainda mais ambiciosa, com a limitação do aquecimento para 1,5 graus, o custo seria apenas de 20 mil milhões de toneladas até 2100 – equivalente a apenas a cerca de seis meses das emissões globais atuais.
“A mensagem que queremos passar é que vai ser preciso energia para reconstruir o sistema energético global, e precisamos de ter em conta isso”, disse o autor principal Corey Lesk. “Seja como for, não é insignificante. Mas quanto mais se poder inicialmente instalar capacidade de energia renovável, mais se pode alimentar a transição com as renováveis”.
Os investigadores calcularam as possíveis emissões produzidas pelo uso de energia na mineração, fabrico, transporte, construção e outras atividades necessárias para criar grandes explorações de painéis solares e turbinas eólicas, juntamente com infraestruturas mais limitadas para fontes geotérmicas e outras fontes de energia.
A equipa salienta que todas as suas estimativas são provavelmente bastante baixas. Por um lado, não explicam os materiais e a construção necessários para novas linhas de transmissão elétrica, nem baterias para armazenamento – produtos altamente energéticos e de recursos intensivos. Também não incluem o custo da substituição de veículos movidos a gás e a gasóleo por veículos elétricos, ou de tornar os edifícios existentes mais eficientes em termos energéticos.
O estudo também analisa apenas as emissões de dióxido de carbono, que atualmente causam cerca de 60% do aquecimento em curso – e não outros gases com efeito de estufa, incluindo metano e óxido nitroso.
“Estamos a estabelecer o limite inferior”, disse o principal autor do estudo. Corey Lesk aponta que, dadas as recentes descidas de preços das tecnologias renováveis, 80 a 90% do que o mundo precisa poderia ser instalado nas próximas décadas, especialmente se os atuais subsídios à produção de combustíveis fósseis forem desviados para as renováveis.
“Se entrarmos num caminho mais ambicioso, todo este problema desaparece. Só é uma má notícia se não começarmos a investir nos próximos cinco a dez anos”, concluiu.
Adaptação à subida do nível da água do mar
Como parte do estudo, os investigadores também analisaram as emissões de carbono da adaptação à subida do nível do mar. A construção de muros marinhos e movimentar cidades para o interior, sempre que necessário, geraria mil milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2100, no cenário de dois graus.
A equipa salienta que seria apenas uma parte do custo de adaptação, uma vez que não alisaram infraestruturas para controlar a irrigação em áreas que poderiam tornar-se mais secas, a adaptação de edifícios a temperaturas mais elevadas ou outros projetos necessários.
“Apesar destas limitações, concluímos que a magnitude das emissões de CO2 incorporadas na transição climática mais ampla são de relevância geofísica e política”, escrevem os autores. “As emissões de transição podem ser muito reduzidas sob uma descarbonização mais rápida, dando uma nova urgência ao progresso político na rápida implantação de energias renováveis.”