“Uma estratégia nacional para as leguminosas é essencial para a transição ecológica justa do sistema alimentar”, declarou Pedro Horta do grupo de trabalho de agricultura, floresta e biodiversidade da associação ambiental ZERO. A declaração surge na sequência da divulgação do relatório “Plantar a Alimentação do Futuro”, veiculado pela iniciativa Proteína Verde, que demonstra a necessidade de aumentar a produção e consumo de proteína vegetal.
O relatório conclui, entre outros e com base na informação científica recolhida, que “apesar do total dos setores associados à produção animal para consumo humano ocuparem cerca de 83% de toda a superfície agrícola do planeta, apenas contribuem para suprir 18% das necessidades calóricas da população e cerca de 37% das necessidades proteicas”.
“Todas as cadeias de produção alimentar implicam custos externos, tanto ao nível das alterações climáticas, como do agravamento da seca, contaminação da água, perda de habitats e extinção de espécies, mas a forma como produzimos atualmente alimento acarreta ainda mais custos do que aqueles que poderíamos ter, ou seja, é altamente ineficiente”, defende Joana Oliveira, da Associação Vegetariana Portuguesa e parte da equipa responsável pelo projeto.
A título de exemplo, o projeto nota que um quilo de bife de vaca, produzida em Portugal, em modo intensivo, contribui com uma emissão de cerca de 80 kg de CO2eq (equivalentes de CO2), o que pode ser equiparável a uma viagem de 230 km de carro.
“Uma maior proporção de proteína vegetal na nossa alimentação não significa apenas uma dieta mais saudável e uma melhor qualidade de vida, é também um contributo muito significativo para a neutralidade climática, para a diminuição da desflorestação inerente às importações de mercadorias contidas na alimentação animal e para a diminuição de pressões sobre os recursos hídricos, solo e biodiversidade”, nota Pedro Horta.
O relatório inclui ainda 15 recomendações de políticas públicas ao governo português.
O projeto Proteína Verde junta a Associação Vegetariana Portuguesa (AVP), em parceria com a associação ambiental ZERO, o projeto LeguCon e o laboratório colaborativo Food4Sustainability. A iniciativa visa promover a transição gradual para uma agricultura e sistema alimentar baseado predominantemente na proteína vegetal, contribuindo assim para a redução da pegada ecológica dos portugueses e para a mitigação dos impactos das alterações climáticas.