Plásticos biodegradáveis à base de amido podem ser tão tóxicos quanto os plásticos derivados do petróleo e causar problemas de saúde semelhantes, de acordo com um novo estudo de cientistas chineses.
Os bioplásticos têm sido anunciados como o futuro do setor do plástico porque se degradam mais rapidamente e são, por norma, feitos a partir de materiais vegetais, como o amido de milho, amido de arroz ou açúcar.
Segundo os investigadores, este material, frequentemente usado em roupas de fast fashion, lenços humedecidos ou talheres, causa igualmente danos a diversos órgãos, alterações no metabolismo, e desequilíbrios na microbiota intestinal, que podem levar a doenças cardiovasculares e alterações nos níveis de glicose, entre outros problemas de saúde.
Os autores da investigação afirmam que este é o primeiro estudo a confirmar os “efeitos adversos da exposição prolongada” de bioplásticos em ratos utilizados para os testes.
“Os plásticos biodegradáveis, à base de amido, podem não ser tão seguros e benéficos à saúde como se presumia originalmente”, referiu Yongfeng Deng, coautor do estudo, enfatizando que “esta realidade é particularmente preocupante, dada a possibilidade de ingestão acidental”.
Os cientistas sublinham que o plástico é um material tóxico, podendo conter mais de 16.000 substâncias químicas, muitas das quais são conhecidas por serem perigosas à saúde humana ou ao meio ambiente, e embora os bioplásticos tenham sido promovidos como uma alternativa mais segura, estudos anteriores mostraram que não se degradam tão rapidamente quanto a indústria afirma.
Além disso, frisam os investigadores, há uma escassez de estudos sobre a toxicidade destes materiais. No entanto, a sua produção tem crescido nos últimos anos – quase 2,5 milhões de toneladas foram utilizadas no ano passado – com as previsões a apontarem para que este número deva mais do que duplicar nos próximos cinco anos, segundo estimativas de uma associação da indústria.
Assim, tal como os plásticos derivados do petróleo, os bioplásticos também se fragmentam e se transformam em microplásticos.
No novo estudo, os investigadores alimentaram durante três meses vários grupos de ratos com alimentos e água contaminados com níveis “ambientalmente relevantes” de bioplástico, enquanto outro grupo controlo não foi exposto.
Foram identificados muitos dos mesmos problemas de saúde tanto através do plástico biodegradável como pelo plástico à base de petróleo, com os produtos químicos a serem encontrados no fígado, ovários e intestinos dos ratos, tendo causado microlesões nestes órgãos.
Embora os autores reconheçam que são necessárias mais investigações sobre o tema, alertam para o facto destes resultados já despertarem preocupações sobre a segurança dos bioplásticos presentes no dia a dia.