Circularidade

Portugal está a desenvolver produtos a partir do amido nativo do milho

Portugal está a desenvolver produtos a partir do amido nativo do milho Direitos Reservados

Um grupo de investigadores e empresas nacionais está a desenvolver “uma nova geração de produtos” – frascos, embalagens e copos medidores – a partir do amido nativo do milho.

Desenvolvida por cinco entidades – CeNTI, COPAM – Companhia Portuguesa de Amidos, Plásticos Futura, Sirplaste e YES Shop Online – a investigação visa reduzir a quantidade de plástico virgem de origem fóssil e contribuir para uma diminuição da pegada ecológica de empresas e comunidade.

De acordo com o comunicado de imprensa, a iniciativa pretende ainda acelerar a transição da indústria dos plásticos para a economia circular e alavancar a competitividade do setor à escala internacional. O projeto envolve também a Agenda Mobilizadora para os Plásticos Sustentáveis, em Portugal, denominada Sustainable Plastics.

Segundo a comunicação, o uso do amido nativo – em alternativa ao já habitual amido termoplástico – é uma das principais novidades deste projeto. Assim, os investigadores estão também a trabalhar numa nova formulação deste material para que apresente propriedades mecânicas melhoradas. O objetivo é criar uma linha de produtos com, pelo menos, 30% de elementos derivados de produtos da biorrefinaria de milho e 70% de plásticos reciclados ou polímeros de origem biológica e/ou biodegradáveis.

“Pretendemos inovar e diferenciar ao nível da formulação ao incorporar principalmente amido nativo em vez do clássico amido termoplástico, bem como proceder à modificação do amido do milho e eventualmente combinar diferentes produtos de biorrefinaria do milho, de modo a criarmos um efeito sinérgico. Ao nível do produto, pretende-se, ainda, uma diferenciação em relação ao design”, relevaram os investigadores.

A nota de imprensa dá ainda conta que outro dos recursos que estará na base das novas peças são os plásticos reciclados, que podem ser provenientes tanto do pós-consumo (embalagens rígidas utilizadas e descartadas pelos consumidores finais) como de processos industriais.

Neste caso, em vez de serem descartados, os resíduos gerados durante o processo de fabricação de produtos plásticos são recolhidos e submetidos a processos de reciclagem para produção de plásticos reciclados. Além de reduzir o desperdício, esta metodologia permite, também, promover a sustentabilidade na cadeia produtiva deste setor, explica o comunicado.

O projeto conta ainda utilizar polímeros de natureza biológica e/ou biodegradáveis que, em condições de compostagem industrial, serão capazes de se decompor, por ação de micro-organismos, em componentes mais simples como água, dióxido de carbono e biomassa.

Que vantagens traz o projeto e como se processa?
De acordo com os investigadores, os futuros produtos vão beneficiar das vantagens associadas aos novos compostos, nomeadamente leveza, conforto no manuseio e transporte, bem como durabilidade. Além da decomposição ambientalmente amigável, conferida pelos seus constituintes, muitos destes artigos poderão ser reaproveitados, reutilizados ou reciclados no final da sua vida útil.

Num contexto de aplicação de tecnologias, a COPAM e a Sirplaste serão responsáveis pelo fornecimento das matérias-primas, nomeadamente os produtos da biorrefinaria do milho e plásticos recicláveis, respetivamente.

De acordo com a nota de imprensa, a Sirplaste será, ainda, a empresa com capacidade para produção dos compostos em escala industrial. À Plásticos Futura, caberá a receção dos compostos e a produção das peças finais. No âmbito da investigação, o CeNTI é o coordenador científico e está diretamente envolvido no desenvolvimento e otimização dos compostos, assegurando a realização das etapas laboratoriais e piloto (caracterização) para posterior transferência da tecnologia para a indústria.

 

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