Os bioplásticos feitos de plantas como o milho ou a cana-de-açúcar podem não ser uma alternativa sustentável aos plásticos com origem em combustíveis fósseis.
Um estudo da Universidade de Bonn, na Alemanha, recentemente publicado no jornal ‘Resources, Conservation & Recycling’, revela que a sustentabilidade de soluções à base de plantas depende essencialmente do pais de origem destas matérias-primas, das relações comerciais entre players e do tipo de processamento destas matérias.
Uma das razões para utilizar culturas na produção de plásticos tem a ver com o resgaste de carbono das plantas, que compensa o CO2 libertado na atmosfera quando os plásticos se degradam. Contudo, na prática esta ligação pode não ser tão sustentável quanto parece, uma vez que a procura crescente de matérias para a produção de bioplásticos está a colocar pressão sobre as áreas cultivadas, levando à desmatação e desflorestação de áreas naturais convertidas para produção agrícola destas culturas, com consequências desastrosas na libertação de carbono.
Os investigadores consideram que o mais importante nesta equação de sustentabilidade tem a ver com a origem das matérias-primas e tipos de processamento. O impacto da cadeia de abastecimento neste processo foi estudado no Brasil, China, Estados Unidos, mas também na União Europeia, ou seja, os países que estão a liderar a produção de bioplásticos. As conclusões apontaram para uma pegada carbónica dos bioplásticos disponíveis no mercado muito maior do que se estimava na literatura científica. As emissões de CO2 resultantes das mudanças na alteração do uso da terra superam os ganhos resultantes na degradação dos bioplásticos.
Os investigadores concluíram ainda que nenhuma região está bem posicionada para ser uma referência na produção de bioplásticos sustentáveis.
A maior pegada carbónica é apontada para a produção chinesa. Já a produção europeia (UE) tem a maior pegada de carbono média.
O estudo revela que os bioplásticos produzidos na União Europeia levam uma média de 232,5 anos para compensar as emissões globais de CO2, enquanto a produção de bioplásticos nos Estados Unidos gera maior expansão de terras agrícolas, desmatamento e emissões de carbono no resto do mundo. A produção de bioplásticos na Tailândia e no Brasil custa em grande parte a perda de áreas florestais, com impactos adicionais sobre a biodiversidade.