Energias renováveis

Comunidades de energia renovável vão sair do papel em 2021

Comunidades de energia renovável

Vários municípios estão a preparar o lançamento de projetos de comunidades de energia renovável em 2021. Mas que tipo de comunidades são estas? Descubra aqui.

O que são?

As comunidades de energia renovável (CER) utilizam energia renovável de fontes locais para satisfazer as necessidades da população das localidades. Desde pessoas singulares, a PME e até autoridades locais, como autarquias, todos podem dinamizar este tipo de comunidade. O objetivo é propiciar aos locais, domésticos e empresariais, “benefícios ambientais, económicos e sociais em vez de lucros financeiros”, como informa a Direção Geral de Energia e Geologia. Isso traduz-se na prática em usufruir de energia mais verde a custos reduzidos.

Como era antes?

Anteriormente, de acordo com o diretor geral da empresa dst solar, Raul Cunha, os sistemas existentes de autoconsumo funcionavam de forma isolada, com cada indústria e residência a produzirem para si próprios, vendendo à rede a energia excedentária. Em declarações ao Correio do Minho/Rádio Antena Minho, o engenheiro do ambiente afirma que “o conceito de comunidade de energia veio alterar isso. Num condomínio residencial ou industrial podem ser instaladas várias unidades de produção de energia solar e os diferentes produtores podem partilhar e armazenar energia entre si”.

O que isto significa na prática?

A CSIDE, empresa tecnológica de consultoria em eficiência energética e energias renováveis, informa que estes tipos de comunidades levam a uma poupança na fatura da eletricidade.

“Se considerarmos um consumidor residencial com uma despesa média de €50 mensal na fatura de eletricidade, estimamos uma poupança mensal entre 20% a 30% no valor pago ao comercializador de eletricidade”, afirma Francisco Gonçalves, ceo da CSide.

Já o diretor geral da empresa dst solar, afirma que agora é possível “fazer um contrato com o meu vizinho para lhe vender energia excedentária a um preço um pouco mais alto do que venderia à rede. O meu vizinho estará a pagar-me a um preço mais baixo do que pagaria a um comercializador”.

Com a possibilidade da criação das comunidades de energia, os municípios portugueses vão poder ter um papel mais ativo na transição energética do país, afirmou o secretário de Estado da Energia, João Galamba, no webinar “O papel dos municípios na descarbonização”,  noticia a revista Smart Cities. “O autoconsumo coletivo e as comunidades de energia são fundamentais para que municípios e autarquias, grupos de empresas, parques empresariais possam participar como agentes ativos na transição energética”, explicou.

O que está a ser feito?

Existem várias empresas no setor da energia que estão a anunciar apoios para a implementação deste tipo de comunidade. Uma delas é a CSIDE que anunciou que quer ajudar a que existam 60 CER em Portugal, nos próximos dois anos, investindo para tal mais de 32 milhões de euros.  Segundo um estudo desta empresa, que está atualmente a concluir quatro comunidades de energia próximo de Monção, as 60 CER permitirão que mais de 33.000 habitações, em todo o país, tenham acesso a energia limpa produzida localmente, com alto índice de poupança na fatura.

“Vários municípios estão a preparar o lançamento de projetos de comunidades de energia renovável em 2021, permitindo que os seus munícipes, domésticos e empresariais, usufruam de eletricidade a custos reduzidos”, em muitos casos com instalação de painéis solares em edifícios e infraestruturas municipais e sendo o usufruto partilhado com os membros da comunidade, revela a CSIDE.

A dinamização de CER permite também aos municípios, por exemplo, em bairros históricos ou em zonas residenciais onde seja complexa a instalação de painéis solares, disponibilizar aos moradores os benefícios da energia fotovoltaica.

No entanto, Filipe Pinto, diretor de serviços de energia elétrica da DGEG, afirma que “existem muitas ideias, mas não a concretização dos projetos”, em declarações ao portal ECO.  O diretor de serviços afirma que existem dificuldades de financiamento e de reorganização da instalação elétrica. “Nas CER temos sentido alguns desafios em termos de organização da própria entidade e como é que internamente se dividem as responsabilidades sobre a gestão de partilha de uma energia que é veiculada por diversas instalações”, acrescenta.

As CER são diferentes das “Comunidade de Cidadãos para a Energia” (CCE)?

Sim. As CCE são comunidades que apenas consideram eletricidade que seja tecnologicamente neutra e são comunidades que não possuem limitação. Já as CER funcionam na proximidade da geração de energia renovável e consideram todas as fontes renováveis, mesmo que não sejam elétricas.

As Comunidades de Energia Renovável inserem-se na estratégia do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC) 2030.  Em Portugal, de acordo com o PNEC 2030, o objetivo é reduzir a emissão de gases com efeito de estufa entre 45 e 55%, quando comparado com 2005 e aumentar o uso de energia renovável em 47%.

 

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