Um estudo, realizado pela Too Good To Go e pela ISIC (International Student Identity Card), revelou que 68% dos estudantes em Portugal, entre os 18 e os 25 anos, consideram essencial evitar o desperdício alimentar para fazer frente às alterações climáticas.
A análise, realizada a 1.600 estudantes portugueses, concluiu que 77% estão preocupados com o futuro do planeta e com a sustentabilidade, indicando o combate ao desperdício alimentar como uma questão decisiva nesta matéria, uma vez que 2 em cada 3 considerou fundamental enfrentar este desafio para garantir um futuro “mais verde”.
“Quando os alimentos são deitados fora, todos os recursos naturais utilizados para os produzir são desperdiçados. 24% da água utilizada para produzir alimentos é desperdiçada, enquanto 30% das terras cultivadas são ocupadas por produtos que nunca serão consumidos. Além disso, este problema é responsável por cerca de 10% de todas as emissões globais de gases com efeito de estufa”, lê-se no comunicado de imprensa enviado às redações.
De acordo com os dados do estudo, a inflação teve um impacto significativo nos orçamentos dos estudantes, com 76% a afirmarem não terem dinheiro para comer bem no final do mês.
Desta forma, a análise avança que os jovens estão a procurar alternativas para cobrir as suas necessidades básicas, com 94% a afirmarem ter alterado os seus hábitos de consumo alimentar e, destes, 20% considerou estar mais atento no que toca a evitar o desperdício alimentar.
Embora mais de 50% dos estudantes afirmem desperdiçar sempre uma parte da comida que compram, também indicam que se trata de uma quantidade pequena – menos de 5% dos alimentos.
28% dos estudantes referiram preparar uma lista de compras para quando vão ao supermercado, enquanto 23% dizem estabelecer um orçamento máximo que não ultrapassam e 22% planeiam as suas refeições.
O estudo também reflete a perceção que os jovens têm das ações dos intervenientes na cadeia alimentar ou das administrações públicas, tendo concluído que 59% dos estudantes acredita que a Europa pode resolver o problema das alterações climáticas e 57% considera que tal só será possível através de legislação e medidas ambiciosas.
Quanto às ações dos governos e das administrações públicas no domínio do desperdício alimentar, 62% considerou que “não estão a fazer a sua parte e que é necessária mais ação e empenho”. O mesmo não acontece quando a pergunta recai na perceção que têm das empresas do setor alimentar, pois mais de metade dos inquiridos considerou que as mesmas estão a fazer esforços, embora ainda haja muito a fazer.
“A realidade e os hábitos dos jovens são essenciais para compreendermos o problema do desperdício alimentar e para encontrarmos soluções para este flagelo mundial. É fundamental a colaboração entre todas as partes envolvidas na cadeia de valor, desde o produtor até ao consumidor, incluindo os distribuidores, o setor da restauração e até a administração pública. Esta é a chave para atingir os objetivos de redução do desperdício alimentar. Se encorajarmos a ação coletiva e unirmos forças, faremos progressos em direção a este objetivo de desperdício zero”, afirmou Maria Tolentino, diretora da Too Good to Go em Portugal.