A aposta na energia solar poderia fornecer 43,2% das necessidades elétricas da China em 2060, a um custo inferior ao do carvão, revelou um estudo das Universidades de Harvard (EUA), de Tsinghua (Pequim), de Nankai (Tianjin) e de Renmin da China (Pequim). O custo seria menor que 2,5 cêntimos americanos por kilowatt-hora, em comparação à variação do carvão que é de entre 3.6 e 6.5 cêntimos americanos por kilowatt-hora em 2019.
“As descobertas destacam um ponto crucial de transição energética, não só para a China, mas para outros países, em que os sistemas combinados de energia solar e armazenamento se tornam uma alternativa mais barata à eletricidade a carvão e uma opção mais compatível com a rede”, disse o coautor do estudo, Michael B. McElroy, citado em comunicado.
A equipa de investigação desenvolveu um modelo integrado para avaliar o potencial de energia solar na China e o seu custo entre 2020 e 2060. O modelo tem em conta fatores como o uso da terra em toda a China, possível inclinação e espaçamento de painéis solares, e condições meteorológicas como a radiação solar e a temperatura para estimar o potencial físico da energia solar em todo o espaço e tempo.
Posteriormente, os custos de investimento e a rapidez das mudanças tecnológicas para captar a evolução da competitividade dos custos da energia solar em relação à energia do carvão, agora e no futuro, foram integrados. Com base nesta fundação, o estudo desenvolveu um modelo de otimização por hora para avaliar os custos adicionais dos sistemas de armazenamento de energia necessários para suavizar as variações da produção solar para que possa ser integrado na rede para corresponder à procura de eletricidade.
Outros resultados
Os investigadores descobriram que o potencial físico do PV solar, que inclui quantos painéis solares podem ser instalados e a quantidade de energia solar que podem gerar, na China atingiu os 99,2 petawatt-hora em 2020. Tal é mais do dobro do consumo total de energia do país em todas as formas, incluindo não só a eletricidade, mas também os combustíveis consumidos diretamente por veículos, fábricas, aquecimento de edifícios e muito mais.
Depois, demonstraram então a sua competitividade em termos de custos, com 78,6% do potencial em 2020 igual ou inferior aos preços atuais da energia a carvão local.
“A nossa investigação mostra que se os custos continuarem a diminuir, especialmente para o armazenamento, poderá haver oportunidades para alimentar veículos, aquecer ou arrefecer edifícios, ou produzir produtos químicos industriais, todos através da energia solar. Isto alargaria os benefícios climáticos e ambientais da energia solar muito além do setor energético, como tradicionalmente concebido”, disse o primeiro co-autor do artigo, Shi Chen.
A investigação foi publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).