Descarbonização

Metas climáticas colocadas em causa por planos de produção de combustível fóssil

Governos mundiais planeiam produzir 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Os governos mundiais planeiam produzir cerca de 110% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C. A conclusão é do “Production Gap Report 2021”, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

Em comunicado, o PNUMA informa que os governos planeiam aumentar a produção global de petróleo e gás e diminuir modestamente a produção de carvão nas próximas duas décadas. O aumento na produção está previsto até, pelo menos, 2040.

Em termos concretos, em 2030, estar-se-ia a produzir cerca de 240% mais carvão, 57% mais petróleo e 71% mais gás do que aquilo que é necessário para limitar o aumento das temperaturas.

Outra das conclusões é que, desde o início da pandemia da covid-19, os países direcionaram mais de 300 mil milhões de dólares em novos fundos para os combustíveis fósseis – mais do que eles têm direcionado para energia limpa.

“Os impactos devastadores da crise climática estão aqui para todos verem. Ainda há tempo para limitar o aquecimento a longo prazo a 1,5°C, mas esta janela de oportunidade está a se fechar rapidamente”, disse a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen.

Já o secretário-geral da ONU, António Guterre, declarou: “Os recentes anúncios das maiores economias do mundo para acabar com o financiamento internacional de carvão são um passo necessário para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.  Mas, como este relatório mostra claramente, ainda há um longo caminho a ser percorrido para um futuro de energias limpas. É urgente que todos os demais financiadores públicos e privados, incluindo bancos e gestores de ativos, transfiram o financiamento de carvão para o de energias renováveis a fim de promover a descarbonização total do setor energético e o acesso à energia renovável para todos.”

Na análise constam o perfil de 15 grandes países produtores: Austrália, Brasil, Canadá, China, Alemanha, Índia, Indonésia, México, Noruega, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos da América.

O relatório é produzido pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), Instituto de Desenvolvimento Internacional (ODI, em inglês), E3G, e o PNUMA.

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