O impacto socioeconómico do desenvolvimento da energia eólica flutuante nas próximas duas décadas, na Península Ibérica, será significativo. Ainda assim, segundo o estudo “A Península Ibérica como polo de desenvolvimento tecnológico e liderança industrial na área da energia eólica offshore flutuante”, realizado pela consultora Enzen, esta indústria tem o potencial de criação de até 50 000 empregos altamente qualificados (60% diretos e 40% indiretos) e um volume de negócios que poderá atingir os 5 000 milhões de euros em 2030, com mais de um terço das receitas a serem provenientes de exportações.
As previsões dos maiores especialistas internacionais do setor de energia sugerem que, durante esta década, haverá um rápido crescimento global da indústria da energia eólica offshore flutuante. “É um setor com um grande potencial e no qual os primeiros a posicionarem-se terão enormes vantagens competitivas e possibilidade de liderança do mercado”, lê-se em comunicado. Atualmente, as regiões mais relevantes são a Europa, América do Norte e Ásia (China, Japão e Coreia).
“Os dados do estudo são muito reveladores e, por isso, já os transferimos para as instituições espanholas e portuguesas que partilham o nosso interesse no desenvolvimento deste promissor setor na Península”, afirma Mikel Lasa, CEO da EIT InnoEnergy Iberia. “Numa época tão complicada como a atual, a aposta na energia eólica offshore flutuante é uma oportunidade única para dinamizar a economia e ajudar a tão necessária reconversão industrial de Espanha e Portugal no âmbito da transformação energética”, acrescenta o responsável.
De acordo com o estudo, a Península Ibérica está no caminho certo para se tornar um hub nesta área, tendo em conta as vantagens competitivas que detém e que não são facilmente replicáveis noutras áreas. Por exemplo, a possibilidade de desenvolver um mercado interno em fases iniciais, especialmente em áreas insulares. “Nas ilhas é possível testar e desenvolver tecnologias e modelos de negócio para estabelecer rapidamente uma indústria ibérica competitiva no mercado externo”, indica o estudo.
Estima-se que, no cenário mais ambicioso, a Península Ibérica poderá ter 3GW de potência instalada em 2030 e 22 GW em 2050. Além disso, existe disponibilidade de infraestruturas portuárias, estaleiros e capacidade fabril absolutamente essenciais para o rápido desenvolvimento do setor.
A localização geográfica privilegiada, que permite o acesso aos mercados europeus e da costa leste do continente americano, assim como a existência de sólidas capacidades industriais e talentos no setor eólico onshore, na construção naval e em sistemas elétricos que hoje são fundamentais para o desenvolvimento desta nova indústria, são também vantagens para a região.
Por fim, a tecnologia própria e empreendedores com projetos já em andamento que são líderes internacionais são outra mais valia para a indústria em Portugal e Espanha.
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