Cerca de 17% dos colaboradores portugueses de grandes empresas admite ter conhecimento de indícios de fraude ou suborno por parte das empresas com as quais colaboram. A conclusão é do “Fraud Survey, Fraud and corruption – the easy option for growth?”, da EY, que indica que a manipulação da performance financeira é uma das fraudes mais apontadas pelos inquiridos nacionais.
61% dos entrevistados portugueses acredita que as empresas reportam resultados financeiros acima da realidade. No entanto, em Portugal, só 10% das empresas acredita que as políticas anticorrupção podem torná-las menos competitivas, um valor abaixo da média global de 20% nos 38 países analisados neste estudo.
Segundo a EY, 82% dos portugueses inquiridos neste estudo consideram que as práticas de corrupção estão disseminadas nas empresas do mercado nacional, o quinto país onde este valor é mais elevado, logo a seguir à Croácia, ao Quénia, à Eslovénia e à Servia.
O relatório revela ainda que um em cada três portugueses acreditam que é “justificável” a oferta de presentes pessoais se isso significar a sobrevivência do negócio e que apenas 17% “indicam que a pressão regulatória do sector de atividade onde operam tem impacto positivo nos padrões éticos das suas empresas.”
Pedro Cunha, responsável em Portugal pela linha de serviço da EY– Fraud Investigation & Dispute Services (FIDS), refere que “as práticas compliance, anticorrupção e suborno em Portugal não são ainda uma prioridade para as empresas. A nossa pesquisa mostra que a perceção sobre a mais-valia da pressão regulatória nos padrões éticos e no crescimento das empresas é, ainda, reduzida, traduzindo-se na disseminação de práticas de corrupção no mercado. O entendimento do mercado tem que acompanhar os avanços da legislação e regulação portuguesa nestas matérias, não só replicando as obrigações legais mas integrando integralmente as políticas de ética e conformidade na rotina diária das empresas.”