A primeira edição do estudo “Climate & Public Transport Tickets in Europe”, promovido pela ONG Greenpeace, destacou que o bilhete climático (medida que permite a utilização dos transportes públicos a um baixo preço) ideal ainda não existe na Europa, mas que já existem iniciativas interessantes que podem ser melhoradas, ampliadas e alargadas.
A nível europeu, os lugares cimeiros são do Luxemburgo e Malta (que contam com um sistema doméstico de viagens gratuito), seguidos pela Áustria e Alemanha (que introduziram bilhetes nacionais com um custo inferior a três euros por dia. Além destes últimos dois países, apenas a Hungria conta com um bilhete nacional com um custo inferior a três euros por dia, mas devido a outros fatores, não se encontra nos principais lugares.
Já nas capitais, Tallin (Estónia), Luxemburgo (Luxemburgo) e Valletta (Malta) partilham o primeiro lugar, uma vez que o transporte público é gratuito. Nos lugares seguintes estão cidades como Praga, Batrislava, Roma, Viena e Madrid (até 30 de junho), por contarem com os bilhetes anuais e mensais mais baratos (custam 0,85 euros ou menos por dia).
No caso português, Portugal está na 17º posição, lugar que partilha com a Suécia. Em 100 pontos, Portugal recebeu apenas nove, devido aos IVA baixo nos transportes (6%). O relatório nota que não existe nenhum sistema de bilhética unificado e que os grupos não privilegiados não conseguem ter acesso a uma rede de bilhetes acessíveis. Numa nota positiva, é destacado que as bicicletas e os animais de estimação não pagam taxa.
Lisboa recebe uma melhor pontuação, com 79,7 pontos em 100, colocando a cidade em 15º lugar. A cidade foi a única analisada na qual os estudantes até 23 anos podem viajar gratuitamente, apesar de ser limitado aos residentes. São destacados ainda os descontos para os estudantes não residentes, os seniores, e o passe social. Do lado negativo, está o facto de não existirem reduções para pessoas com mobilidade reduzida.
De uma forma geral, a Greenpeace destaca que o transporte público é ainda demasiado caro na maioria dos países europeus. Bulgária, Croácia, Grécia e Noruega foram considerados os piores países no ranking. Já Dublin, Londres, Paris e Amesterdão as piores nas capitais (bilhetes custam mais de 2,25 euros por dia). As capitais obtiveram melhores pontuações que os países, com uma média de 76 e 29 pontos em 100, respetivamente.
Ao nível do IVA, os bilhetes de transporte são taxados a uma média de 11%, maior que outros serviços básicos. Em seis países são taxados tanto como as joias e os relógios de luxo (Roménia, Bulgária, Estónia, Eslováquia, Croácia, Hungria). O relatório destaca ainda que cerca de dois terços dos países analisados não contam com passes de viagem nacionais a longo prazo.
A análise teve como base 30 países europeus (os 27 da UE, Noruega, Suíça e Reino Unido) e as suas capitais. Os pontos foram atribuídos com base em quatro critérios: simplicidade do sistema de bilhética, preço total dos bilhetes a longo prazo, descontos para grupos socialmente desfavorecidas, e a taxa de IVA.