Entrevista: Chronopost Portugal quer crescer no B2C

Entrevista: Chronopost Portugal quer crescer no B2C

Após chegar à liderança do segmento B2B, a Chronopost Portugal está desde há um ano e meio a apostar no B2C. O segmento de entregas a particulares e os serviços internacionais por modo rodoviário são as duas apostas de expansão da empresa em Portugal. O administrador-delegado, Olivier Establet, apresenta à LOGÍSTICA & TRANSPORTES HOJE o balanço dos 25 anos da Chronopost em Portugal.

A Chronopost tem atuado quase exclusivamente no segmento B2B. É a vossa área de atividade mais forte, mas face à situação económica, o B2B não está a crescer em Portugal. Como vai evoluir a vossa atuação nesta área?

Até há um ano e meio atrás, quando lançámos uma oferta de B2C, o B2B representava a totalidade da nossa atividade. Hoje continua a ter um peso de 90%, quer em volume de encomendas quer em faturação. Neste momento, a nossa quota de mercado é de 32% do total de encomendas desta atividade em Portugal, de acordo com os dados da ANACOM, a Autoridade Reguladora das Comunicações Postais e das Comunicações Eletrónicas.

Em termos de faturação, o valor é inferior a 32% do mercado, porque estamos mais vocacionados para a atividade doméstica, onde o preço por envio é mais baixo. 

No B2B, cerca de 85% da atividade da Chronopost é feita no mercado doméstico, incluindo as ilhas. Os restantes 15% são atividade internacional (5% exportação e 10% importação). No mercado doméstico, os nossos principais clientes pertencem à área de telecomunicações, tecnologia de informação, têxtil e farmacêutica. Cada um destes setores representa 10% a 15% no nosso volume de faturação. Em Portugal, o negócio de B2B já atingiu o estádio de maturidade e está a sofrer os efeitos da contração económica. Diz-se que este mercado cresce uma vez e meia ao ritmo do PIB – Produto Interno Bruto, e é afetado da mesma forma pela retração económica. Por isso, neste segmento, o objetivo é consolidar a nossa posição de liderança, que atingimos no final do ano passado, e manter a quota de mercado.

Os dois segmentos onde ainda vemos potencial de crescimento são o B2C, ou seja, as entregas a particulares, e os serviços internacionais.

 

No ano passado o B2C representou quase 10% das transações de encomendas da Chronopost. Quais são as expectativas de crescimento neste segmento?

Em 2011, o B2C representou cerca de 1 milhão dos 9,5 milhões de encomendas movimentadas pela empresa. No final de 2012 poderá representar 15%, com 1,4 milhões de encomendas.

O B2C também é parte do consumo mas as vendas online ainda são uma parte marginal do consumo geral em Portugal. Assim, ainda que o consumo em geral esteja a cair 7% a 8% este ano, o e-commerce continua a crescer a dois dígitos todos os anos e é de esperar que esta tendência se mantenha nos próximos tempos. Há um interesse dos consumidores nas vendas online, pois perceberam que podem encontrar os mesmos produtos, às vezes mais baratos, ao mesmo tempo que ganharam confiança no ato de compra pela internet. A maior sensibilidade do consumidor ao preço pode favorecer o crescimento deste segmento. Do lado do retalho, quem apostou no e-commerce vê as suas vendas neste canal crescerem a dois dígitos, e quem ainda não tinha apostado tende a fazê-lo pois precisa diversificar os seus canais de vendas.

 

Quais as vantagens que a rede Pick Me apresenta em relação às restantes modalidades de entrega no B2C?

A rede Pick Me resulta da aquisição pela Chronopost da única rede de proximidade que existia em Portugal, que pertencia à La Redoute. Aumentámo-la em mais 100 lojas, informatizámo-la com o tracing das encomendas e diversificámos os modos de pagamento, incluindo multibanco, o que implicou instalar TPA nas 400 lojas. Ainda que a La Redoute continue a ser o maior cliente desta rede, agora já não é uma rede exclusiva e serve múltiplos produtos e dezenas de clientes, que progressivamente estão a aderir. É uma rede interessante para negócios muito diferentes, como por exemplo os livros e edições. Na rede Pick Me temos uma taxa de 1% de encomendas não levantadas, enquanto na rede domiciliária pode ser dez vezes superior. Esta é uma das vantagens que atraem os nossos clientes retalhistas. Embora haja outros que ainda sentem que não fazer a entrega domiciliária é dar menos serviço ao seu cliente. No fundo, a adesão à rede Pick Me é uma questão de tempo, até porque esta é a única rede com estas características em Portugal. A taxa de fidelização é de 100%, ou seja, nenhum dos nossos clientes desistiu, pelo contrário temos índices de crescimento.

 

Afirmam que a rede Pick Me compete diretamente com a rede dos CTT, apresentando preços cerca de metade dos praticados pelos CTT para os mesmos serviços e com maior conveniência devido a localização e horários mais alargados. A que se referem?

Diz respeito a um novo serviço que criámos para fomentar sinergias, em que além do levantamento das encomendas é possível usar a rede para fazer a expedição de encomendas, usando os serviços da Chronopost. Com preços 50% mais vantajosos que os dos CTT. Este serviço é ainda muito recente pelo que não temos ainda dados, mas tem havido uma boa adesão.

 

A Chronopost afirma querer conquistar a liderança no negócio do e-commerce. Quando isto poderá acontecer?

Há dez anos afirmámos que queríamos conquistar a liderança do mercado B2B, este ano conseguimo-lo. Atualmente temos entre 10% a 20% do mercado B2C, movimentamos cerca de 1 milhão de encomendas/ano e acreditamos que podemos chegar aos 10 milhões de encomendas. Temos boas perspetivas de concretizar a curto prazo alguns negócios de grande dimensão, o que nos permitirá ganhar alguns pontos de quota de mercado. Temos uma força de vendas muito dinâmica, a rede Pick Me já deu provas de que funciona e os clientes estão satisfeitos.

 

Está à frente da Chronopost Portugal há 19 anos. Que balanço faz dos 25 anos da empresa em Portugal?

O acionista está sempre a apontar Portugal como um exemplo a seguir para os países mais recentes, na Europa de Leste por exemplo. É um país onde a Chronopost tem conseguido combater com os concorrentes instalados e mesmo com o operador postal, conseguindo atingir a liderança com muito empenho, visão de mercado e inovação. Temos uma imagem de empresa inovadora. Neste sentido, a experiência é muito positiva, apesar de ser frustrante ver a situação da economia neste momento. Mas temos de saber ir ao essencial e centrarmo-nos no que cria valor.

 

Leia a entrevista na íntegra na próxima edição da Logística & Transportes Hoje (nº99- Julho/Agosto)

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