O setor dos transportes foi responsável por 20,2% das emissões de dióxido de carbono em 2021, com base em dados da Statista. No caminho para a descarbonização, os veículos elétricos têm sido uma das principais apostas do setor, com as vendas a aumentar globalmente 80% em 2021. No entanto, não são o único caminho, com conceitos como a minimobility e a Mobility as a Service (MaaS) em crescimento, como explicam a IEEE Standards Association , a plataforma Joyride e a empresa de consultoria McKinsey. O que esperar de 2023?
Preocupação com as baterias
Com a procura por veículos elétricos em pompa, as preocupações sobre o fabrico e capacidade das baterias elétricas também aumentam. Em resposta o setor tem apostado as suas fichas no desenvolvimento de nova tecnologia para melhorar as baterias. Neste ano, poderemos começar a ver cada vez mais novas soluções a emergirem.
Também na micromobilidade, o assunto torna-se uma maior preocupação, com a aposta em baterias mais eficientes e novos materiais como baterias de iões de sódio ou grafeno.
Mobilidade partilhada
Desde 2010 que mais de 100 mil milhões de euros tem sido investidos diretamente em empresas de mobilidade partilhada. Com o aumento da adoção destes serviços e o surgimento de novos subsegmentos, espera-se que esta aposta continue. O gasto dos consumidores neste tipo de serviços deverá atingir valores entre 465 mil milhões e os 930 mil milhões em 2030, de acordo com a McKinsey. Tal significa um crescimento entre 14 e 19% ao ano, tendo como ponto de início 2019.
Três tendências vão estar no cerne no crescimento deste tipo de mobilidade. A primeira é uma possível transição do uso individual para o uso coletivo de veículos. A segunda tendência é uma possível mudança de modos de mobilidade em que os consumidores deixam de conduzir e passam a ser conduzidos, por exemplo, através de veículos autónomos. Finalmente, a mudança de veículos maiores para menores, isto é, a micromobilidade e a minimobility, que explicamos mais à frente.
Mobility as a Service (MaaS)
O Mobility as a Service (MaaS) deverá gerar 92 mil milhões de dólares de receita global até 2027, de acordo com um estudo da Juniper Research. O modelo de negócio é geralmente visto como possibilitando a redução das emissões, da congestão do tráfico, da poluição do ar e da exclusão social. Ao mesmo tempo que permite libertar espaço de estacionamento e garagens para outras utilizações. Para vingar, o MaaS enfrenta uma série de desafios: desde a integração dos transportes públicos, a segurança dos dados, um modelo de negócios claro, a adoção dos utilizadores e o financiamento.
Mobilidade sem carros
Em 2015, quando Paris decidiu implementar um teste de “um dia sem carros” os níveis de dióxido de nitrogénio diminuíram 40% em algumas partes da cidade e a poluição sonora diminui em metade no centro da cidade. Com a pandemia, esta imagem de ‘calma’ nas cidades espalhou-se um pouco por toda a Europa e mundo. Desde aí que a pressão para retirar os carros dos centros da cidade é cada vez maior. Abre-se assim uma porta a uma mobilidade sem carros. Um desses caminhos é a aposta na micromobilidade, vincada por dados como em França onde a propriedade privada de trotinetes aumentou 42% entre 2020 e 2021.
A plataforma Joyride antecipa que “que sejam gastos mais dinheiro municipal e a criação de programas governamentais dedicados ao crescimento das opções de transporte público movidos a energia renovável e mais centros de carregamento elétricos para veículos mais pequenos. Mais ciclovias e testes de modalidades de partilha de scooters continuarão a surgir em 2023”.
O crescimento da minimobility
Com a micromobilidade em voga, a minimobility começa a fazer caminho. Este novo segmento pretende surgir no fosso entre carros e bicicletas, sendo veículos elétricos com três ou quatro rodas, desenhados para viagens até cerca de 16 quilómetros e para o transporte de uma ou duas pessoas. A Mckinsey nota, por exemplo, que entre as vantagens deste tipo de veículos estão requererem menos recursos e energia durante a produção, necessitarem de menor energia e aumentarem a segurança por andarem mais devagar que os carros. Antecipa-se que o mercado chegue aos quase 21 mil milhões de euros em 2029, com um crescimento anual de 12,7%.
Consolidação do mercado
Os exemplos de aquisições de empresas no setor da mobilidade são cada vez mais comuns, como por exemplo, a aquisição da ShareNow pela Free2move.
“As principais empresas multinacionais de partilha de micromobilidade que sobrevivem continuarão a emparelhar-se. Alguns vão comprar empresas que ficaram sem dinheiro, outros estarão focados na aquisição de players de média dimensão, e alguns procurarão diversificar o seu portfólio modal e/ou oferta de serviços”, antecipa a Joyride. Com a aposta no MaaS espera-se que a tendência se acentue cada vez mais.
As próprias empresas no setor estão também a aumentar o seu espetro. Basta ver os exemplos da Uber e da Bolt, que se iniciaram nos TVDE’s mas já possuem trotinetes, bicicletas, serviços de entrega, entre outros.