A mobilidade como a conhecemos está a mudar e muita da tecnologia que hoje parece disruptiva, como a condução autónoma, está a dar passos acelerados para a sua massificação. Para se ter uma ideia concreta, num relatório recentemente elaborado pela McKinsey, estima-se que o segmento, por si só, gere, em 2035, entre 250 e 350 mil milhões de euros anualmente.
Com o mercado ainda a arranjar fórmulas de regulação que permitam a sua adoção pelas massas, o relatório acima citado explica que o impacto na mobilidade poderá perpassar várias áreas, desde a forma como nos fazemos transportar, como é claro, mas também os nossos comportamentos de consumo ou a forma como nos organizamos em sociedade.
Um dos principais pontos onde poderá ter impacto imediato está relacionado com a capacidade de reduzir drasticamente a sinistralidade. Segundo o explicado, ao termos opções autónomas de mobilidade, a segurança aumentará gradualmente, estimando-se que sistemas avançados de assistência à condução (advanced direver-assistance systems, em inglês), possam, por exemplo, reduzir o número de acidentes em 15% até 2030.
Mas há mais. Se combinamos os sistemas de assistência ao condutor com sistemas completamente autónomos, as receitas poderão chegar aos 400 mil milhões de dólares em 2035, sendo que se estima que o progresso destes sistemas, baseados em quatro níveis, vão aumentando gradualmente a sua ‘rentabilidade’.
Os sistemas mais básicos (nível 1 e 2), como se pode ver na figura em baixo, já geraram, em 2022, aproximadamente 55 mil milhões de dólares em receitas, sendo que um sistema de condução completamente autónoma tem o potencial de gerar, isoladamente, 230 mil milhões de dólares de receitas.
E os consumidores, estão preparados para a disrupção?
No seu relatório de 2021 da McKinsey, que inquiriu 25 mil consumidores a nível mundial sobre questões como condução autónoma, conectividade, eletrificação e mobilidade partilhada, cerca de um quarto dos inquiridos mostrou-se já recetivo a optar por sistemas avançados de condução autónoma na compra do seu próximo veículo.
Mais se percebe ainda quando dois terços dos inquiridos que responderam afirmativamente à questão anterior dizem que pagariam até 10 mil dólares, numa ‘fee’ única’, para uma subscrição que lhes permitisse testar o sistema de nível 4 (completamente autónomos) de condução.
Mas em que se traduz concretamente a condução autónoma em termos de ganhos pessoais? A McKinsey dá um exemplo concreto. Um responsável de vendas que perfaça 30.000 quilómetros por ano em deslocações profissionais que atualizasse o seu veículo para um com estas capacidades, poderia, por exemplo, usar todo o tempo gasto a conduzir para entrar em contato com novos leads ou criar estratégias de vendas aprofundadas com a sua equipa.
Automação gerará empregos altamente qualificados
Para desenvolver opções de condução autónoma, baseada em sistemas computacionais avançados, será necessário que as organizações consigam atrair talentos como programadores os especialistas em desenvolvimento de software.
Se dentro das organizações as equipas de desenvolvimento deste tipo de soluções podem ser relativamente ‘curtas’, os fornecedores de hardware terão também de estar atentos à escassez de chips, por exemplo, atraindo os parceiros-chave para fazer um caminho sem sobressaltos neste âmbito. Mas não é só.
“O valor total do mercado de componentes para condução autónoma para automóveis de passageiros pode atingir entre os 55 mil milhões a 80 mil milhões até 2030, com base numa análise detalhada que assume um cenário médio de adoção de soluções de condução autónoma”, explica a McKisney.
“Para soluções condução autónoma de última geração, as empresas precisam de ter acesso a grandes quantidades de dados de frotas para treinar algoritmos para atingir taxas de falha suficientemente baixas. Enquanto os produtores de carros têm acesso à frota e só precisam encontrar a tecnologia adequada para extrair dados das frotas de seus clientes, os fornecedores de soluções devem depender de parceiros ou clientes importantes para obter acesso aos dados de que necessitam”, e, consequentemente, trabalhá-los, explica a McKinsey.