Mais de metade (51%) dos europeus estão interessados num orçamento de mobilidade a disponibilizar pela entidade empregadora. Em Portugal, o valor sobe para 53%. Mas é em Itália onde a percentagem é maior, com 59%. As conclusões são do primeiro barómetro de mobilidade da Europ Assistance, que analisou Portugal, França, Itália, Alemanha, Bélgica e Espanha.
Os resultados estão a par com o relevado por um estudo da Kantar para a Free Now, que assinalou que 57% dos portugueses abdicariam do seu carro da empresa e substituiriam esta opção por um Orçamento de Mobilidade. O mesmo estudo revelada que 78% exigiam que a sua empresa promovesse alternativas de mobilidade mais ecológicas.
Portugal em breve poderá ter uma comparticipação a este nível. Numa audição parlamentar, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, avançou que o Governo quer criar um cartão de mobilidade, “uma solução semelhante à que existe, por exemplo no cartão de refeição”.
Este cartão seria “pré-carregado e utilizado apenas na aquisição de soluções de mobilidade sustentável, como passes ou títulos de transporte público, incluindo viagens ocasionais de longo curso, sistema de car e bike sharing [sistemas de partilha de carro e bicicleta] e talvez aquisição de velocípedes e carregamento de veículos elétricos”.
Um exemplo na adoção de alternativas para viagens para o trabalho é a Bélgica, onde aumentou a utilização de bicicletas neste tipo de viagens. Segundo a empresa Acerta, o leasing de bicicletas para fins corporativos aumentou 127% desde 2019. Na primeira metade de 2022, 1,3% de todos os colaboradores já davam uso a este serviço para ir para o trabalho. No entanto, apenas 20% destes recebiam um orçamento dos empregadores a este nível. Durante o mesmo período, 2,8% dos belgas preferiram um orçamento de mobilidade em vez de um carro da empresa, um valor cinco vezes superior ao do ano anterior.
Portugueses gastam 150 euros do orçamento mensal em mobilidade
Portugal lidera a lista de países com maior gasto mensal em mobilidade, entre os seis países analisados no barómetro de mobilidade da Europ Assistance.
O valor é de 150 euros por mês, que resulta da média de gastos em combustível, portagens, estacionamento, bicicletas, trotinetes e TVDE, excluindo o seguro automóvel. A nível europeu, a média é de 133 euros. Espanha é o que regista o menor valor com 109 euros.
As viaturas pessoais (37%) mantêm-se o meio de transporte mais utilizado durante a semana, seguido por andar a pé (32%). Os transportes públicos surgem em terceiro, com 15%. No País, 58% das deslocações entre casa e trabalho têm menos de 10 quilómetros.
Ao fim de semana, acentua-se a mobilidade com viatura pessoal (40%) e cai a utilização de transportes públicos (8%).
Quase nove em cada dez europeus possuem um carro próprio. As viaturas de empresa, representam apenas 10% das viaturas pessoais. A maioria das viaturas são a gasolina e gasóleo (em Portugal representam 53% do total de veículos). Os carros híbridos ficam pelos 4%.
Portugal é o país onde os cidadãos mostram maiores intenções de vir a comprar um veículo elétrico (42%), contra uma média europeia de 31%. A nível europeu, o custo representa a primeira barreira à compra, à frente de questões relacionadas com os postos de carregamento e a autonomia nas viagens de longa distância.