Nos primeiros sete meses deste ano, o segmento dos Contentores registou um volume total de 1,55 milhões de TEU nos portos de Portugal Continentel, uma redução de -6,4%, correspondente a -106,7 mil TEU, indicam os dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT). A AMT refere, igualmente, que esta redução surge na sequência de um acréscimo global de +0,9% ocorrido no mês de julho, após registo negativo nos dois meses imediatamente anteriores.
A maioria dos portos registou variações negativas, com exceção para Setúbal que fechou o mês de julho com um total acumulado superior a +12,5% ao volume registado no mesmo período de 2019. Lisboa é o porto que regista o volume de TEU inferior ao do ano de 2019 com maior expressão, ao movimentar um total de -111,5 mil TEU (-41%). O porto de Leixões apresenta em julho o terceiro registo mensal consecutivo negativo, refletindo, no entanto, um ligeiro abrandamento desse ciclo negativo.
Tendo em conta o peso que representa no mercado de contentores do porto de Sines, importa sublinhar que o tráfego de transhipment representou 67,7% do volume movimentado neste porto e recuou 2,8%, sendo que o tráfego com o hinterland aumentou 6%.
No entanto, as operações de transhipment não se esgotam em Sines. Em Leixões representou 7,7% do total e registou um acréscimo de 7,7% no período janeiro-julho de 2020, sendo que em Lisboa representou cerca de 1,5% do total, após um decréscimo no volume de TEU superior a -70%.
Ainda no mercado de Contentores, refere-se que o porto de Sines mantém a liderança com uma quota maioritária absoluta de 56,4%, seguindo-se Leixões, com 26,5%, Lisboa, com 10,4%, Setúbal, com 6,1%, e Figueira da Foz, com 0,6%.
Relativamente ao número de escalas de navios, nas diversas tipologias, o conjunto dos portos registou nos primeiros sete meses deste ano um total de 5479 escalas, um recuo de 12% (-748 escalas no total) face ao período homólogo de 2019, correspondente a uma arqueação bruta de cerca 98,8 milhões, menos 15,3% face a igual período do ano anterior.
Este comportamento global resulta de diminuições do número de escalas observadas na maioria dos portos, excetuando-se apenas a Figueira da Foz e Faro, que registam +9 (+3,4%) e +6 escalas (+33,3%), respetivamente. Dos portos com variações negativas, merece particular destaque o porto de Lisboa, que regista -480 escalas, Leixões, com -98, Sines, com -86, Aveiro, com -38, e Portimão, com -35.
A quota mais elevada do número de escalas no período total dos sete meses é detida pelos portos de Douro e Leixões, com 26,1% do total, seguidos de Sines (com 21,2%), Lisboa (17,9%), Setúbal (16,7%), Aveiro (10,4%), Figueira da Foz (5%) e Viana do Castelo (2,1%).
A variação global negativa do volume de carga movimentada no período janeiro-julho de 2020 face ao mesmo período de 2019, resulta da conjugação de comportamentos negativos registados nas operações de embarque e nas operações de desembarque, incluindo transhipment, que observam quebras respetivas de -8,1% e de -13,6%.
O comportamento do fluxo de embarque, que inclui a carga de exportação, é caracterizado pelo comportamento positivo de 14 dos 45 mercados, movimentando um volume superior ao homólogo de 2019 em +572,1 mt, tendo os restantes 31 registado comportamento negativo, com um decréscimo total de quase -1,7 milhões de toneladas.
Este segmento é fortemente influenciado pelos mercados da Carga Contentorizada de Lisboa e dos Produtos Petrolíferos de Sines, que refletem diminuições respetivas de -845,26 e -508,71 mil toneladas, correspondentes a quebras de -45,7% e de -39,7%, e que representam 59,5% do total das variações negativas registadas nos diversos mercados. Também os Outros Granéis Sólidos em Aveiro, Setúbal e Figueira da Foz exercem influência negativa, ao registarem diminuições de -91,6 mt (-22,3%), -91,1 mt (12,5%) e de -86,1 mt (-27,1%), respetivamente.
De forma positiva a influência mais significativa é exercida pelos mercados de Carga Contentorizada de Sines, com +188,7 mt (+3,3%), Carga Fracionada da Figueira da Foz, com +75,5 mt (+19,9%) e a Carga Contentorizada de Leixões, com +68,7 mt (+3,2%).
No segmento das operações de desembarque, do total dos 48 mercados, 18 registaram comportamento positivo com acréscimos superiores a +805,2 mt e 30 tiveram comportamento negativo com um decréscimo de 4,25 milhões de toneladas.
A condicionar fortemente este segmento surge o Carvão de Sines, responsável pela diminuição de 1,87 milhões de toneladas (-96,2% do que no período janeiro-julho de 2019), representando 37% do volume total das variações negativas. Os Produtos Petrolíferos de Sines e do Petróleo Bruto de Leixões são também responsáveis pelo comportamento negativo deste segmento, ao registar, respetivamente, diminuições de 803 mt (-18,8%) e de 773,6 mt (-32,7%), assim como a Carga Contentorizada e os Produtos Petrolíferos de Lisboa, com volumes inferiores aos de 2019 em -361,2 mt (-39,2%) e de -215,1 mt (-31,2%). As quebras registadas nestes cinco mercados representam 79,6% do total das variações negativas.
A registar influência positiva, está a Carga Contentorizada de Sines, que apresenta um acréscimo de +242,5 mt (+5,1%), representando 30,1% do volume total de acréscimos apurados.
Os portos que apresentam um perfil de porto “exportador”, registando um volume de carga embarcada superior ao da carga desembarcada, entre janeiro e julho de 2020, são Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro, que apresentam um quociente entre carga embarcada e total movimentado com valores respetivos de 72,4%, 65,2%, 52,8% e 100%. A estes portos confere uma quota de 15,5% do total de carga embarcada no sistema portuário do Continente, sendo que 10,3 p.p. desta quota pertencem a Setúbal.