Nos últimos anos, o debate em torno da automatização tem se destacado entre o leque de assuntos que rodeiam as indústrias de negócio a nível global. As empresas de fornecimento não são exceção. É notório o aumento da procura por este tipo de soluções. Segundo o Annual Industry Report de 2019, a taxa de adoção de máquinas automatizadas aumentou mais do que qualquer outra tecnologia, com 39% das empresas a implementar este tipo de recursos tecnológicos.
A pandemia da covid-19 veio acelerar a tendência de automatização das empresas que, desta forma, deixa de se justificar apenas pela vontade de renovar os setores, passando agora pela necessidade de, cumprindo as medidas de segurança, reduzir o contacto humano em duração e frequência. As tecnologias IoT (Internet of Things) serão cruciais no processo de “empoderar” dispositivos tecnológicos. Existe, contudo, um conjunto de desafios com os quais as empresas terão de lidar, de modo a implementar estas tecnologias com sucesso – um deles é, por exemplo, a gestão dos dados massivamente criados pelos recursos IoT. A solução para estas questões passará pela introdução de outras tecnologias, como a de edge computing.
Uma necessidade acelerada de automatização
A pandemia coronavírus veio reforçar significativamente a importância dos meios digitais e das soluções e capacidades de que são dotados. A automatização e robótica tornar-se-ão, através da implementação de IoT, componentes essenciais a vários setores no futuro. O fabrico e a logística, enquanto setores que trabalham com linhas de produção e entrega, são exemplos incontornáveis desta tendência, com as empresas a procurar expandir o uso de tecnologias IoT de forma a garantir a segurança no trabalho, através da redução da potencial contaminação.
Por exemplo, no que respeita a logística, sensores IoT poderão ser integrados em remessas de produtos de forma a assegurar atualizações regulares nos pacotes e, assim, garantir que em cada entrega são cumpridos os mais altos padrões de segurança. Mesmo nas fases anteriores à expedição – no contexto da própria produção – é possível, com ajuda do potencial robótico, transportar produtos entre armazéns e estações de embalamento diminuindo a interação entre colaboradores. Estas inovações são cada vez mais importantes, especialmente se tivermos em conta a crescente transição para o e-commerce no contexto atual, com as compras online a registar um crescimento de 49%, devido à pandemia e às restrições que esta impôs ao comércio tradicional. Isto criou pressão adicional às indústrias de fornecimento, que agora se vêm a braços com a necessidade de satisfazer a procura online, assegurando, em simultâneo, a segurança dos trabalhadores.
Ultrapassar desafios de implementação na era pós-covid
Quaisquer processos de automatização e robótica conduzidos pela covid-19 trarão consigo vários desafios que precisam de ser tidos em conta, especialmente assim que as operações comerciais começarem a normalizar. Em primeiro lugar, é importante que os negócios possam gerir eficazmente as quantidades enormes de dados inerentes às tecnologias IoT, ao mesmo tempo que consigam retirar destes conclusões úteis ao ajuste de futuras operações. Com muitas empresas do setor de fornecimento ainda dependentes de infraestruturas antigas e desatualizadas, é necessário não só considerar se a tecnologia já existente é conciliável com os novos recursos de gestão de dados, como – no caso de ser necessária uma atualização – perceber se existe capacidade para suportar o investimento de tempo e dinheiro que a renovação necessitará.
Assim, substituir infraestruturas tradicionais por conceitos inovadores, como edge computing, desempenhará um papel importantíssimo no ecossistema IT das indústrias de fornecimento. Atente no seguinte cenário. Um trabalhador de armazém utiliza tecnologia de realidade aumentada (AR), smart glasses, para recorrer à funcionalidade pick-by-vision, opção inteligente que automatiza processos tipicamente realizados manualmente, como a seleção, classificação e a gestão de stock e de mercadorias. A eventualidade de se verificar um atraso das informações providenciadas pelo dispositivo, que afetaria a produtividade do trabalhador, causando um maior número de erros, seria compensada por tecnologias de edge computing. Os dados seriam processados de forma mais próxima do dispositivo que se encontre na extremidade da rede, eliminando, dessa forma, a latência e, portanto, reduzindo as incidências de falhas relacionadas com o atraso da rede. Ao mesmo tempo, criar-se-iam métodos de reunir, analisar e redistribuir dados.
Em suma, a automatização tem um papel essencial a desempenhar tanto no presente como no futuro da cadeia de fornecimento, em muito potenciado pela pandemia da covid-19 e a crescente procura que motivou. Contudo, antes de se poder implementar o uso generalizado de dispositivos automatizados, as organizações precisam de estar confiantes de que têm os recursos para suportar e maximizar estas tecnologias. Uma das vantagens do edge computing é a possibilidade que oferece às empresas de beneficiar dos dispositivos já mencionados, mas em maior escala e visando as mínimas alterações e o menor impacto nos sistemas atuais.
Luís Polo, responsável Comercial da Dynabook para o mercado português.