O ‘boom’ da Inteligência Artificial (IA) tem levado as grandes empresas tecnológicas a aumentarem o seu consumo de energia e, consequentemente, as suas emissões de CO2, colocando em risco metas de sustentabilidade.
De acordo com um artigo no site The conversation, o sucesso do ChatGPT tem ajudado a alimentar este crescimento do uso de energia, uma vez que, com 2,9 watts/hora por solicitação ao ChatGPT, as pesquisas com IA exigem cerca de 10 vezes mais energia do que as ‘pesquisas tradicionais’ no Google. O artigo refere ainda que os recursos emergentes de IA, como a criação de áudio e vídeo, podem vir a aumentar ainda mais este consumo de energia.
“Os data centers têm tido um crescimento contínuo há décadas, mas a magnitude do crescimento na era, ainda jovem, dos grandes modelos de linguagem tem sido excecional. A IA exige muito mais recursos computacionais e armazenamento de dados do que a taxa de crescimento dos datas centers anterior à IA poderia oferecer”, lê-se no artigo.
Desta forma, devido à IA, a rede elétrica está sobre uma enorme pressão, existindo também “desfasamento substancial” entre o crescimento da capacidade de computação e o crescimento da rede. O artigo explica que os data centers levam entre um a dois anos para serem construídos, enquanto o acrescento de nova energia à rede requer mais de quatro anos.
De acordo com o relatório do Electric Power Research Institute (EPRI), cerca de 15 estados dos Estados Unidos da América (EUA) abrigam 80% dos data centers do país, em alguns desses estados, como na Virgínia, a chamada “alameda dos data centers” é responsável por mais de 25% do seu consumo total de eletricidade. De acordo com o artigo, há uma tendência semelhante de crescimento de data centers agrupados num determinado local em outras partes do mundo, nomeadamente na Irlanda.
Além do consumo de energia para sustentar o crescimento dos data centers, existem ainda metas de descarbonização que precisam de ser cumpridas, o que significa que as empresas têm de começar a integrar cada vez mais energia renovável na sua rede.
“As energias renováveis, como a eólica e a solar, são intermitentes: o vento nem sempre sopra, e o Sol nem sempre brilha. A escassez de opções de armazenamento de energia baratas, ecológicas e escaláveis significa que a rede elétrica enfrenta um problema ainda maior para dar resposta à procura”, explica o artigo.
Outro dos desafios ambientais no crescimento dos data centers inclui ainda o aumento do uso de água para refrigeração, sobretudo quando provém de fontes limitadas de água doce, isto leva a que as comunidades estejam a rejeitar receber novos investimentos em data centers nas suas regiões.
Neste sentido, o artigo refere que os operadores de data centers podem trabalhar através de uma regulação da sua energia dependendo das necessidades da rede elétrica, programando determinadas tarefas para horários fora dos picos da rede.
A implementação desta flexibilidade mais ampla e em maior escala exige inovação em hardware, software e coordenação entre a rede elétrica e os data centers, explica o artigo do The Conversation.