Descarbonização

Portugal aumentou em 8% capacidade instalada de energias renováveis em 2024

Portugal aumentou em 8% capacidade instalada de energias renováveis em 2024 iStock

Em 2024, a capacidade instalada de energias renováveis em Portugal aumentou 8% comparativamente ao total instalado no ano anterior, de acordo com os dados divulgados pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN).

De acordo com a entidade, este crescimento é explicado devido ao incremento da entrada em funcionamento de novas centrais solares fotovoltaicas que representaram 86% do total do aumento.

A comunicação da APREN dá ainda conta de que a totalidade dos centros electroprodutores a operar em Portugal Continental produziram, no ano passado, um total de 45 637 GWh de eletricidade, proveniente em 80,4% de fonte renovável, com a produção renovável a crescer 10,8 pontos percentuais (p.p.) face a 2023, “confirmando um novo recorde de geração elétrica renovável nacional”.

No que respeita ao abastecimento do consumo, a componente renovável contribuiu com 71,5%, confirmando-se o progresso relativo à meta de 93% do PNEC 2030.

Segundo a nota de imprensa, este total foi maioritariamente suportado por três tecnologias: a hídrica, cujo contributo somou 31,9%, sendo esta percentagem correspondente a um novo máximo absoluto nos últimos cinco anos (14 542 GWh); a eólica, que adicionou 31,0% ao total de produção renovável; e pelo solar fotovoltaico, cujo contributo totalizou 10,7% do total produzido, também um recorde (4 898 GWh).

Já a produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis apresentou uma redução de 49% face ao total de eletricidade em 2023, devido ao aumento significativo na produção hídrica, de 5,2 p.p., mas também do eólico e do solar (com incrementos de 1,7% e 2,5%, respetivamente).

No que toca às trocas internacionais, comparativamente a 2023, registou-se uma estagnação do saldo importador, com uma variação de 2%, de 10 218 GWh em 2023 para 10 442 GWh.

No entanto, a produtibilidade elétrica renovável foi “bastante elevada”, tendo-se registado 1 867 horas não consecutivas, nas quais o consumo foi totalmente suprido por centros electroprodutores renováveis. “Este facto resultou de uma acentuada produtibilidade hidroelétrica, eólica e solar, demonstrando-se, assim, qualidade do efeito de portfolio de tecnologias em Portugal, e a elevada resiliência do sistema elétrico nacional face a elevados níveis de integração renovável”, explicou a entidade.

Relativamente às emissões de gases de efeito de estufa (GEE) do sistema electroprodutor, a APREN estimou uma redução de aproximadamente 50% face a 2023. Em termos absolutos, esta redução traduz-se num decréscimo de 3,6 milhões de toneladas de CO2 em 2023, para 1,82 milhões de toneladas em 2024.

Também a contribuir para esta “significativa redução” de emissões do sistema electroprodutor nacional destaca-se, por um lado, o incremento de 18,8 p.p. de incorporação renovável (de 69,6% em 2023, para 80,4% em 2024) e, consequentemente, a redução em 11,5 p.p. da incorporação de eletricidade produzida a partir de combustíveis fósseis (de 22,7% em 2023, para 11,2% em 2024).

De acordo com os dados da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, estes resultados contribuíram para uma poupança em importações de combustíveis fósseis no valor de 2.055 milhões de euros e de 289 milhões de euros em importações de eletricidade.

A entidade também sublinhou que o setor energético renovável europeu alcançou “progressos significativos”. No entanto, também se confrontou com “sérios constrangimentos”, sendo um destes uma volatilidade de amplitude significativa dos preços da eletricidade, tendo também afetado o mercado ibérico.

“A transição para fontes de energia renovável, que ainda carece de uma adequação do desenho de mercado prevista na revisão da diretiva, tem demonstrado as fragilidades do desenho de mercado diário e intradiário de energia, com cada vez mais exposição a preços nulos e negativos e, enquanto noutras horas verificam-se picos de preço acentuados, principalmente nas horas que o mercado fecha com as centrais de ciclo combinado a gás natural”, lê-se na nota de imprensa.

Neste sentido, a APREN defende também que “sem uma rápida resposta regulatória e perspetivando o crescimento do setor em geral, antevê-se um agravamento desta situação em 2025”.

No que toca ao mercado ibérico, a entidade refere que tem sido palco de procura por parte da ‘indústria verde’, atraída pelos preços baixos de eletricidade, elevada conectividade de fibra e terrenos disponíveis, assistindo a uma “elevada procura de indústria verde de capacidade operacional, prevendo-se um potencial de aumento de procura significativo, espelhado no PNEC 2030 nacional”.

 

Não perca informação: Subscreva as nossas Newsletters

Subscrever