Reciclagem

Zero propõe medidas para desviar um milhão de toneladas de lixo urbano dos aterros

Zero propõe medidas para desviar um milhão de toneladas de lixo urbano dos aterros iStock

A associação ambientalista Zero enviou ao Governo dois conjuntos de propostas para desviar um milhão de toneladas de Resíduos Urbanos (RU) destinados a aterro em três anos através do Tratamento Mecânico e Biológico (TMB), assim como aumentar a reciclagem para o dobro, através da implementação alargada de recolha seletiva com modelos de alta eficiência num prazo de cinco anos.

No final do ano passado, o Governo anunciou a criação de um grupo de trabalho para encontrar soluções para fazer face ao elevado grau de enchimento dos aterros para resíduos. Este grupo de trabalho vai apresentar um relatório de avaliação com propostas até 31 de janeiro.

Neste sentido, a Zero enviou à Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, propostas que garante que “produzirão resultados mais rapidamente e são muito menos onerosas do que a incineração”.

1. Desvio de resíduos urbanos de aterro

Segundo a Zero, é necessária a requalificação das unidades de TMB existentes, de forma a atingirem uma taxa de desvio de resíduos de aterro de, no mínimo, 50% e a instalação de novas unidades de TMB em Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos que ainda não têm este tipo de unidades.

A Associação acredita que, através destas medidas, seria possível reduzir anualmente a colocação de um milhão de toneladas de RU em aterro no curto-prazo (máximo três anos), constituídas por 700.000 toneladas de resíduos urbanos que atualmente estão a ser descarregados diretamente nos aterros e cerca de 300.000 toneladas dos atuais rejeitados dos TMB que apresentam baixa eficiência.

A nota de imprensa enviada às redações refere que Portugal possui várias unidades de TMB, através das quais, em 2023, foram desviadas de aterro quase meio milhão de toneladas de RU.

“Sendo esta tecnologia um excelente processo para reduzir a colocação dos RU indiferenciados em aterro, o problema atual é que o desempenho dos TMB difere muito entre si, em função dos equipamentos que foram ou não instalados nestas unidades. Com efeito, existem TMB com taxas de redução dos RU enviados para aterros superiores a 50%, e TMB com taxas inferiores a 20%, os quais necessitam claramente, de algum (pouco) investimento para otimização dos seus processos industriais e aumentar assim a capacidade de captura de recicláveis”, lê-se na nota de agenda.

Neste sentido, a Zero defende que o desenvolvimento de uma estratégia para o desvio urgente de RU de aterro baseada nos TMB permitiria, ao fim de 2 anos, através da requalificação dos TMB existentes, estar a desviar 329.805 toneladas de aterro e ao fim de mais um ano desviar mais 718.44 toneladas, através da instalação de novos TMB, num total de mais de 1 milhão de toneladas anuais ao fim de 3 anos.

2. Aumento da reciclagem

Para a Associação, é essencial a implementação alargada da recolha seletiva com modelos de alta eficiência, tais como o modelo porta-a-porta e/ou contentores de proximidade com acesso condicionado, que facilitariam a implementação de tarifários justos (PAYT), para além da necessidade de atualização dos regulamentos municipais e de implementação do Sistema de Depósito com Retorno para embalagens de bebidas.

“Através destas medidas será possível alcançar o equilíbrio financeiro dos sistemas e no mínimo duplicar a taxa de reciclagem de resíduos urbanos no espaço máximo de 5 anos, seguindo exemplos de diferentes contextos geográficos e culturais (Milão, Treviso, Catalunha, Tentudia) e aplicando boas práticas ao nível nacional (Maia, Guimarães, São João da Madeira)”, defende a Zero.

Segundo o comunicado, a implementação de modelos de recolha porta-a-porta ou com contentores na via pública com acesso condicionado, assim como outras medidas complementares devem ser encaradas pelas entidades gestoras (municípios, SGRU) como “um passo necessário para alterar o paradigma atual da gestão dos resíduos, alavancando o uso das verbas disponíveis com eficácia e promovendo a mudança num sistema que além de estar estagnado num desempenho insuficiente, está a atingir os seus limites”.

 

 

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