Entre janeiro e maio, Portugal registou uma incorporação de 81% de energias renováveis na produção de eletricidade, posicionando-se como o terceiro país europeu com maior peso de fontes ‘limpas’ entre os mercados analisados — apenas atrás da Noruega (97,4%) e da Dinamarca (85,2%).
De acordo com o Boletim Eletricidade Renovável elaborado pela Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), a nível europeu, a hidroelétrica foi a tecnologia renovável mais expressiva, seguida da eólica onshore e da solar, que continua a ganhar relevância.
O relatório da APREN também avançou que durante os primeiros cinco meses do ano, a produção renovável evitou a emissão de 4,9 MtCO₂eq. O setor eletroprodutor emitiu um total de 0,99 MtCO₂eq, com um valor médio de 43,9 gCO₂-eq/kWh. O preço médio do CO₂ no Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) fixou-se nos 70,9 €/tCO₂, um acréscimo de 12,9% face ao ano anterior.
Ao nível de preços, entre janeiro e maio, o preço médio horário registado no MIBEL em Portugal foi de 61,12 €/MWh. Foram contabilizadas 1.171 horas não consecutivas em que a geração renovável foi suficiente para satisfazer integralmente o consumo de eletricidade em Portugal Continental, com um preço médio de 57,8 €/MWh nessas horas.
Até ao final de maio, Portugal registou um saldo importador de eletricidade de 1 437 GWh, resultante de 4 006 GWh importados e 2 569 GWh exportados. No mês em análise, o valor das importações correspondeu a 6,6% do consumo elétrico nacional.
Já durante o mês de maio, 75,8% da eletricidade produzida em Portugal Continental teve origem em fontes renováveis, num total de 3.179 GWh. O mês seguinte ao apagão ibérico de 28 de abril registou um aumento de 20,6% na produção nacional face ao mesmo período do ano anterior. Em destaque estiveram a produção hídrica (36,3%), a eólica (17,5%) e a solar (16,6%).
Entre 1 de janeiro e 31 de maio de 2025, a produção em regime especial (PRE) — composta maioritariamente por fontes renováveis — gerou uma poupança acumulada de 3.951 milhões de euros, graças ao seu impacto na ordem de mérito do mercado grossista de eletricidade.
Pedro Amaral Jorge, CEO da APREN, “os dados mostram de forma clara como as renováveis são essenciais não apenas para cortar emissões, mas também para tornar a nossa economia mais competitiva. Com o reforço dos investimentos em redes, armazenamento e flexibilidade, Portugal tem tudo para assumir uma posição ainda mais destacada na transição energética a nível europeu”.
Desde 2015, a capacidade instalada de energia renovável em Portugal aumentou 8.807 MW, o que representa um crescimento de 71,7%. Entre dezembro de 2024 e abril de 2025, o reforço foi de 323 MW, com destaque para a energia solar fotovoltaica: 186 MW na vertente centralizada e 198 MW na descentralizada. Em abril, as fontes renováveis correspondiam a 78,3% da capacidade total instalada no país.
Em comunicado, a APREN reforçou também a urgência de criar condições de mercado que reconheçam o valor estratégico das energias renováveis e que permitam acelerar a transição energética, assegurando simultaneamente a segurança, independência e sustentabilidade do sistema elétrico nacional.

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