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Acidificação dos oceanos ultrapassa limite e ameaça ecossistemas marinhos, alertam cientistas

Acidificação dos oceanos ultrapassa limite e ameaça ecossistemas marinhos, alertam cientistas iStock

Um novo estudo internacional revelou que os oceanos estão em pior estado do que se antecipava, alertando para o facto de a acidificação ter ultrapassado o seu limite seguro há cerca de cinco anos. O trabalho, publicado esta semana, resulta de uma colaboração entre o Plymouth Marine Laboratory (PML), no Reino Unido, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos da América (EUA) e o Instituto Cooperativo da Universidade Estatal do Oregon.

A acidificação dos oceanos ocorre quando o dióxido de carbono (CO₂) é absorvido pelos oceanos e reage com a água, provocando a diminuição do pH. Este fenómeno prejudica corais, moluscos e outras formas de vida marinha, comprometendo a estrutura dos ecossistemas subaquáticos.

Segundo os investigadores, 60% das águas a 200 metros de profundidade já excedem os níveis considerados seguros, sendo que, à superfície, muitas regiões também se encontram além do limite definido, ou seja, o ponto em que a concentração de carbonato de cálcio é mais de 20% inferior aos níveis pré-industriais.

“A acidificação dos oceanos não é apenas uma crise ambiental — é uma bomba-relógio para os ecossistemas marinhos e para as economias costeiras”, afirmou Steve Widdicombe, professor no PML e co-presidente da Rede Global de Observação da Acidificação dos Oceanos.

O estudo baseia-se em dados recolhidos ao longo dos últimos 150 anos, incluindo medições físicas e químicas, análises de núcleos de gelo, modelação computacional e observações sobre a saúde da vida marinha. Os resultados revelaram que os efeitos da acidificação são mais graves do que se estimava até agora, em especial nas águas profundas, onde vive uma grande diversidade de espécies.

“As águas subterrâneas abrigam muitos tipos diferentes de plantas e animais. Como essas águas mais profundas estão a mudar tanto, os impactos da acidificação dos oceanos podem ser muito piores do que pensávamos”, afirmou Helen Findlay, também professora do PML.

A acidificação afeta diretamente espécies como corais, ostras, mexilhões e pequenos moluscos, dificultando a formação das suas estruturas protetoras. Isso traduz-se em conchas mais frágeis, crescimento mais lento e menor capacidade de reprodução, pondo em risco cadeias alimentares inteiras.

Os autores do estudo sublinham que a única solução a longo prazo passa pela redução urgente das emissões de CO₂, mas destacaram também a necessidade de ações locais de conservação, especialmente em zonas e em espécies mais vulneráveis.

 

 

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