Alterações Climáticas

TCE diz que Europa pode ficar para trás na corrida à adaptação às alterações climáticas

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O risco da política de adaptação da União Europeia (UE) não acompanhar o ritmo das alterações climáticas é bastante real, alertou o Tribunal Europeu de Contas (TCE) num relatório publicado no dia 16 de outubro.

De acordo com o relatório, os fenómenos climáticos extremos, como ondas de calor, secas e cheias, são cada vez mais e piores, pesando bastante na economia.

Apesar de o TCE considerar que a UE tem um “quadro sólido” para dar resposta aos efeitos das alterações climáticas, salienta que as políticas de adaptação enfrentam problemas quando aplicadas na vida real.

Segundo o estudo, nos últimos 20 anos, o número de catástrofes climáticas na UE e o nível de danos provocados disparou. No conjunto dos países da União, os prejuízos económicos causados por fenómenos extremos ligados ao clima foram, em média, de 26 mil milhões de euros por ano.

Na ótica do TCE, “não fazer nada também tem custos”, avançando que, se a atual economia da EU fosse exposta a um aquecimento global de 1,5 °C a 3 °C, acima dos níveis pré-industriais (uma estimativa por baixo), sofreria perdas económicas anuais de entre 42 e 175 mil milhões de euros.

“Analisámos a resposta que a UE está a dar à urgência da adaptação a condições climáticas extremas e repetidas”, afirmou Klaus-Heiner Lehne, Membro do TCE responsável pela auditoria.

E continua: “descobrimos problemas na forma como as políticas são postas em prática. Se as medidas não forem mais bem aplicadas, há o risco de as ambições da UE para a adaptação não acompanharem o ritmo das alterações climáticas”.

De acordo com o relatório, em geral, o quadro da Europa para se tornar resistente às alterações climáticas é bom. Porém, o TCE diz ter detetado casos de dados científicos desatualizados em estratégias de adaptação nacionais e outros em que se calculava por baixo ou não se revelava o custo das medidas a aplicar.

“A transferência das políticas de adaptação de Bruxelas e dos países para regras locais é um processo complicado. A União considera que é ao nível local que está a base da adaptação às alterações climáticas. Contudo, o TCE fez um inquérito a 400 municípios e descobriu que, geralmente, não tinham conhecimento das estratégias e dos planos de adaptação nesta área nem utilizavam os instrumentos de adaptação da UE”, lê-se na investigação.

A análise concluiu que, mais de metade dos projetos auditados, visava bem os riscos climáticos, tendo sido assinaladas algumas boas práticas. No entanto, o TCE diz ter descoberto casos de conflito de prioridades, em que os objetivos de adaptação às alterações climáticas tinham de coexistir com outros, como a competitividade ou o desenvolvimento regional.

Segundo o Tribunal, as verbas da UE para a adaptação às alterações climáticas vêm de diferentes fontes, como a agricultura, a coesão e a investigação, o que torna o controlo do financiamento um desafio.

Neste sentido, a comunicação de informações sobre a adaptação às alterações climáticas também tem de melhorar. Segundo o TCE, atualmente os dados não permitem avaliar os avanços nesta área nos países, pois são apenas descrições, sem apresentar números.

 

 

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