Um relatório da BloombergNEF e da Bloomberg Philanthropies revelou que os países do G20 pagaram mais de 3,3 biliões de dólares (2,8 biliões de euros) em subsídios ao setor dos combustíveis fósseis desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, avança o The Guardian.
Os autores do relatório consideram que este apoio ao carvão, ao petróleo e ao gás é “imprudente” e que são necessárias medidas urgentes para eliminar gradualmente o apoio. O relatório refere ainda que o valor em causa é equivalente ao custo da construção de centrais solares equivalentes a três vezes a rede elétrica dos Estados Unidos da América.
Globalmente, os subsídios caíram 2% por ano desde 2015 até 2019 (10% no total do período), atingindo os 636 mil milhões de dólares (cerca de 539 mil milhões de euros) em 2019. Oito países (Argentina, Alemanha, Itália, Arábia Saudita, Àfrica do Sul, Coreia do Sul, Turquia e Reino Unido) reduziram as ajudas em, pelo menos 10%, durante o período em análise. No entanto, a Austrália (+40%), o Canadá (+40%) e os EUA (37%) foram os países que mais aumentaram os subsídios.
Os maiores apoios vieram da China, Arábia Saudita, Rússia e Índia, que juntos representavam cerca de metade do montante global das ajudas. O relatório constatou que 60% dos subsídios aos combustíveis fósseis foram para as empresas produtoras de combustíveis fósseis e 40% para a redução dos preços dos consumidores de energia.
Comentário da Bloomberg Philanthropies
“No papel, líderes e governos globais estão reconhecendo a urgência do desafio climático e os países do G20 assumiram compromissos ambiciosos para reduzir o desenvolvimento de combustíveis fósseis e a transição para uma economia de baixo carbono”, disse Antha Williams, líder ambiental da Bloomberg Philanthropies. “Mas, na realidade, a ação tomada por estes países até este momento está muito longe do que é necessário”, alertou.
A investigação centrou-se em três áreas onde considera serem necessárias medidas: subsídios aos combustíveis fósseis, preço nas emissões de carbono e os riscos colocados pelas alterações climáticas às empresas.
Recentemente, um relatório do Instituto Internacional de Desenvolvimento Sustentável concluiu que a reforma dos subsídios aos combustíveis fósseis destinados aos consumidores em 32 países poderia reduzir as emissões de CO2 em 5,5 mil milhões de toneladas até 2030, o equivalente às emissões anuais de cerca de 1.000 centrais a carvão.