O novo estudo “Preserving the fabric of life: Why biodiversity loss is as urgent as climate change”, promovido pelo Research Institute da Capgemini, revela que 77% dos quadros superiores de nível C considera a perda de biodiversidade como um risco de médio prazo (até 2030) ou de longo prazo (até 2050).
Quase metade (47%) vê como um risco de médio prazo (até 2030) para os seus negócios e 30% como de longo prazo (até 2050). Só 17% a encara como um risco atual – com diferenças significativas entre as regiões.
Os empresários no Japão ou em França consideram que já estão afetados pela degradação da biodiversidade ou serão afetados pela degradação da biodiversidade até 2025 (30% e 32%, respetivamente), enquanto em muitas outras regiões, como o Canadá, a Alemanha ou a Austrália, mais de 90% consideram este risco como médio ou de longo prazo.
O relatório revela ainda que apenas 24% das empresas adotaram uma estratégia de conservação da biodiversidade.
Apesar de cerca de nove em cada dez quadros superiores reconhecerem que a biodiversidade é fundamental para o planeta, apenas 16% das empresas já procederam à avaliação do impacto da sua cadeia de abastecimento na biodiversidade e apenas 20% aferiram o das suas atividades.
Mais de metade destes responsáveis em todo o mundo considera que não é função das empresas privadas ocuparem-se dos problemas da biodiversidade e que as suas organizações devem somente cumprir a legislação nesta área. Este número chega aos 78% em Itália e aos 75% no Japão.
O estudo estima ainda que o investimento das empresas na conservação da biodiversidade é inferior a 5% do valor que deveria ser investido por todas as partes interessadas (públicas e privadas) na próxima década para reverter os danos causados.
59% dos quadros superiores das empresas acreditam que as complexidades inerentes a esta questão são um obstáculo, nomeadamente a falta de parâmetros de referência normalizados a nível mundial para medir e monitorizar os impactos na biodiversidade, as ambiguidades inerentes à definição das metas e a falta de conhecimentos especializados em biodiversidade disponíveis no mercado.
Outros destaques:
- 58% dos quadros superiores inquiridos no âmbito do estudo, afirmaram que as suas empresas atualizaram o código de conduta dos fornecedores para incluir considerações sobre a biodiversidade;
- Quase metade referiu que a sua empresa está a investir em cadeias de abastecimento constituídas por fornecedores que não tenham práticas de desflorestação e que possuam práticas sustentáveis de gestão das florestas,
- O setor dos bens de consumo é aquele onde existe um maior número (26%) de empresas que já avaliaram o impacto das suas operações na biodiversidade, enquanto o setor público apresenta a taxa mais baixa (14%). Em termos de cadeias de abastecimento, o setor da distribuição tem a taxa mais elevada (26%) no que diz respeito à avaliação do impacto, enquanto os setores agrícola e florestal têm a taxa mais baixa (10%).
- Dois terços dos inquiridos afirmaram que a sua empresa implementou medidas como a reutilização e a reciclagem, e mais de metade das empresas revelou que já está a trabalhar no sentido de limitar os impactos negativos que produz quer no solo, quer na água.
- Quase três quartos dos gestores inquiridos concordam que as tecnologias digitais desempenharão um papel fundamental nas iniciativas de biodiversidade das suas empresas. Para tal, as empresas estão a investir particularmente em IA e em aprendizagem automática (31%), em impressão 3D (30%) e em robótica (28%).
Metodologia
No âmbito deste estudo, o Research Institute da Capgemini inquiriu 1 812 quadros superiores de nível C de empresas com receitas anuais superiores a mil milhões de dólares em 15 setores de atividade distintos, em 12 países das regiões da América do Norte, da Europa e da Ásia-Pacífico. Nomeadamente: Austrália, Canadá, Alemanha, França, Índia, Itália, Japão, Holanda, Espanha, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos.
A amostra global, mostra que 1 643 gestores (66%) pertencem a empresas que possuem estratégias ou iniciativas de conservação da biodiversidade. O estudo foi realizado em todo o mundo entre maio e junho de 2023. Foram também realizadas 15 entrevistas qualitativas de aprofundamento, com 15 líderes e especialistas nas áreas da biodiversidade e da sustentabilidade.